Origem
"Nunca conheci minha verdadeira origem, mas o primeiro lar que me recordo se chamava Lemúria, era um lugar encantador. Diferente de como o mundo é hoje. Lá eu descobri que era uma fada pois havia alguns como eu, mas também conheci outros seres que conviviam harmoniosamente com os humanos. Sim, os humanos nos viam, conversavam conosco, tudo era natural. Os corpos físicos eram mais fluidos, menos densos, as pessoas se comunicavam por palavras, pensamentos e até sentimentos. A vida era simples, eu sempre vivi cercada de plantas, tinha meu herbário, na verdade ainda hoje tenho um herbário, mas aprendia o uso das ervas e usava sempre que alguém estava enfermo. Também sempre tive minhas pedras, elas erm usadas para tantos fins que é difícil explicar tudo.
Enfim, a vida parecia perfeita, tudo em seu lugar, todos sendo cordiais, mas como dizem a perfeição não existe e a vida de todos nós estava para ser abalada sem que percebessemos.
Um dia o sol já brilhava logo cedo mas o céu mostrava algo que nunca havíamos visto, uma mancha escura, como se estivesse sendo rasgado. Foram feitas reuniões entre os sábios para que alguém explicasse o que era aquele buraco no céu, dias se passavam e ninguém entendia o que era aquilo, mas a cada manhã a mancha acinzentada no céu aumentava. Tentávamos continuar nossas vidas mas em todos nós, havia uma ansiedade pelo desconhecido, curiosidade misturada ao medo.
Acordei em mais uma manhã ensolarada, tomei meu banho no lago, a água era refrescante e eu estava completamente distraída quando ouvi vozes que eu desconhecia, mergulhei para me esconder, ouvia o que diziam mas não compreendia uma palavra, o idioma deles era diferente, estava claro que eles não eram lemurianos, esperei que as vozes se afastassem e saí da água, eu ainda os vi ao longe entrando pela floresta, mas eles eram diferentes, eram altos demais, verdadeiros gigantes. Eu os segui mas eles nada fizeram, pareciam somente estar conhecendo o lugar. Saí dali e fui para a aldeia, conversei com os anciãos, conyei tudo o que vi, falava de forma apressada, em determinado momento eles acharam melhor nos comunicamos por pensamento para que pudessem saber melhor o que eu tinha visto. Nada falaram para o povo, não podiar deixar todos alarmados, mas ao final do dia os gigantes chegaram na aldeia, todos corriam, ninguém entendia, mas eles ouviam tudo o que falávamos, e logo tentaram se comunicar usando o nosso idioma, era incrível como eles aprendiam rápido e logo nos explicaram que eram pacíficos, tinham fugido de uma guerra em seu mundo e nos pediram hospitalidade.
Os anciãos ficaram desconfiados mas concordaram em ajudar, assim, o povo foi chegando aos poucos, e a vida foi voltando ao que era comum, mas agora tínhamos os gigantes entre nós, algum tempo depois uma outra raça de gigantes chegou e também foi recebida em Lemúria com a mesma cortesia, tudo parecia correr muito bem até que a terceira raça chegou, eles foram recebidos mas não eram como os outros, não participavam da vida na aldeia, falavam sempre entre eles, ficavam distantes nos observando, havia uma energia sombria neles e na aldeia, aos poucos nossas vidas foram mudando, ocorriam brigas, as pessoas começaram a agir com falsidade, eram grosseiras, egoístas. Aos poucos os corpos dos humanos se tornaram mais densos, a comunicação mental deixou de existir, os humanos aos poucos deixaram de nos ver, e eu fiquei reclusa na floresta, quando ia para a aldeia ninguém mais me via ou aos outros seres. Mas vi os gigantes, essa última raça que chegou promovia o caos, eles sugestionavam a mente dos lemurianos, faziam com que todos fossem egoístas, e a união do povo se perdeu.
Depois de algum tempo, quando o povo já não se entendia, os gigantes agiram, atacaram a Lemúria sem nenhuma piedade, eu como estava em minha reclusão consegui sobreviver, mas muitos que eu amava morreram com esse ataque, a Lemúria foi destruída, e eu passei a vagar sem destino, ainda tenho saudade do meu primeiro lar, mas hoje vivo sem usar minha forma feérica entre os humanos, ajudo quando posso e me protejo sempre."