Por cima do muro

É sempre assim, se possível, todo mundo olha, não tem ninguém que não tenha a famosa curiosidade.

Está em cada ser humano.

E não podia ser diferente.

O muro de nossa história é alto, coisa de três metros e meio de altura, parecendo mais uma fortaleza.

E devido o barulho que vem lá de dentro, algo muito grotesco, de arrepiar, alguns dizem que é um leão, mas na realidade dizem nunca ninguém viu e muito menos se atreveu a escalar tão grandioso muro.

Este muro circunda todo o lado e o fundo da casa, que é próximo a um terreno vazio, que a molecada do bairro bate uma bolinha. Juntam-se aproveitando a sombra do grande muro e ali após o horário da escola, é um dos pontos mais disputados do bairro.

Mas sabem que se a bola cair do outro lado, escutam um quase rugido, um urro muito forte e sobe uma poeira, parecendo um furacão.

E toda vez que a bola do jogo cai, todos esperam até cinco segundos tempo suficiente para verem a poeira subir. E ninguém se atreve a ir pedir de volta

Até urso acham que tem lá dentro, mas nunca viram.

O dono ninguém conhece, mas um dos empregados, que acham que é um dos caseiros, um senhor cego negro, de uns 65 anos, as crianças não falam com ele, é um senhor que quase não sai, de vez em quando, alguém o vê tirando o lixo e colocando na lixeira do lado de fora da casa, mas isso bem de madrugada, coisa de quatro e meia da manhã.

Até que no mês de agosto, bem próximo de uma sexta feira, muda para o bairro uma família muito sinistra, apelidados logo nas primeiras horas, de família Adams.

Um garoto com o nome de Joaquim, que logo nos primeiros dias, já começa a se enturmar com os de sua idade.

A escola ficava a oitocentos metros dali.

E do jogo todo dia após a aula, e Joaquim tem seu primeiro dia de fama.

E de repente em uma corrida alucinada para o gol, Joaquim foi barrado e o que é que isso.

Isso é pênalti.

Todos concordaram.

Ele mesmo prepara a bola e cobra.

E num forte chute, mas sem nenhuma direção a bola sobe por todo o muro e cai, bem dentro da grande casa.

5, 4, 3, 2,1 a poeira subiu.

E Joaquim mais que de pressa consegue convencer a turma a escalar tal alto muro.

E como muito esforço, chega ao topo.

E vê estarrecido a tal criatura

E com os olhos estatelados, olha pra seus colegas.

Como pode.

Tão pequeno e tão barulhento

Era um pintcher que tem um pequeno defeito em suas cordas vocais, como um cachorro tão pequeno tinha um urro assustador.

Ele Joaquim, sabia do único risco que corria se caísse pra dentro da casa, um jardim belíssimo, mas muito próximo do muro muitos cactos de todos os tamanhos, com espinhos suficientes para furar centenas de bolas, e sabia que se caísse seria um desastre,

Nem mesmo tão pequeno cachorro se atrevia a chegar perto tantos eram os espinhos.

E que ele ouvia a caída da bola, após seus latidos corria, para tentar pegá-la, mas saia escorregando suas patas para não ter seu pequeno corpete espetado por tantos espinhos.

Moral da história

Há muros muito altos em nossas vidas, obstáculo suficiente para darmos vazão a crendices e azares imaginários. Tenhamos o ímpeto do Joaquim de nossa história, para escalarmos esses muros, para assim sabermos que o cachorro que está do outro lado nem sempre é o monstro que pensamos ser, e sim um ser diferente, mas que teme como nós os espinhos dos cactos perto desse muro.

Roberto F Storti
Enviado por Roberto F Storti em 09/07/2007
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