"Um beija-flor"
Eu viajei nas asas de um beija-flor, recolhi do rio pequenas go-
tas de água e saciei minha sede, suguei o néctar de uma flor e des-
cansei num galho de uma Paineira. Recolhi gravetos do chão e cons-
trui meu ninho, fiz do beija-flor o meu único amigo.
Certo dia, acordei cantarolando e senti sua ausência. Já era
tarde e eu já deveria estar alimentando os humanos com o meu can-
to, feito de improviso. Olhei para os lados e não o vi, abaixei minha -
cabeça pequenina, e num galho abaixo, da mesma Paineira, eu o vi -
todo feliz, pulando de um lado para o outro e cantarolando sem parar.
Fiquei aliviada em perceber que estava tão próximo de mim,
mas ao voltar meus olhos para o outro lado, percebi o motivo aparen-
te de sua felicidade: um beija-flor fêmea!
Chorei durante horas, derramei todas as minhas lágrimas até
encharcar todo meu ninho. Durante o dia, nem água do rio eu fui be-
beber, não suguei o néctar da apetitosa flor e nem aos humanos eu -
alegrei, mas eu também era um humano...
Meus dias tornaram-se solitários, eu não voava mais, não can-
tava e nem sorria. Andava (e não mais flutuava) sempre de cabeça -
baixa, rastejando meus passos que se tornaram insólidos.
Certo dia, estava eu debaixo de uma roseira, cochilando como
morimbunda quando senti de leve o pousar do meu amigo beija-flor.
Olhou-me com tristeza e ainda jogou-me água no rosto,em minha
boca, o néctar da flor repousou e me fez ouvir o seu melodioso canta-
rolar. Levantei-me, estendi minhas pequenas mãozinhas e o confortei
com repouso. Ergui meu braço, proporcionando-lhe altura e neste exa-
to momento o meu amigo vôou.
Depois daquele dia, para casa retornei. Não no galho da Painei-
ra, que lá eu deixei. Aprendi com o beija-flor o valor maior que tenho:
minha liberdade, o meu vôo irei seguir... aqui ou alí, cantando aos qua-
tro ventos e repousando meu desalento. Na desordem deste mundo -
que a todo tempo se desconcerta, vou escrevendo minha história, em
tintas coloridas para mais beleza proporcionar, pois o canto da tristeza
eu jamais irei recordar.
Eu viajei nas asas de um beija-flor, recolhi do rio pequenas go-
tas de água e saciei minha sede, suguei o néctar de uma flor e des-
cansei num galho de uma Paineira. Recolhi gravetos do chão e cons-
trui meu ninho, fiz do beija-flor o meu único amigo.
Certo dia, acordei cantarolando e senti sua ausência. Já era
tarde e eu já deveria estar alimentando os humanos com o meu can-
to, feito de improviso. Olhei para os lados e não o vi, abaixei minha -
cabeça pequenina, e num galho abaixo, da mesma Paineira, eu o vi -
todo feliz, pulando de um lado para o outro e cantarolando sem parar.
Fiquei aliviada em perceber que estava tão próximo de mim,
mas ao voltar meus olhos para o outro lado, percebi o motivo aparen-
te de sua felicidade: um beija-flor fêmea!
Chorei durante horas, derramei todas as minhas lágrimas até
encharcar todo meu ninho. Durante o dia, nem água do rio eu fui be-
beber, não suguei o néctar da apetitosa flor e nem aos humanos eu -
alegrei, mas eu também era um humano...
Meus dias tornaram-se solitários, eu não voava mais, não can-
tava e nem sorria. Andava (e não mais flutuava) sempre de cabeça -
baixa, rastejando meus passos que se tornaram insólidos.
Certo dia, estava eu debaixo de uma roseira, cochilando como
morimbunda quando senti de leve o pousar do meu amigo beija-flor.
Olhou-me com tristeza e ainda jogou-me água no rosto,em minha
boca, o néctar da flor repousou e me fez ouvir o seu melodioso canta-
rolar. Levantei-me, estendi minhas pequenas mãozinhas e o confortei
com repouso. Ergui meu braço, proporcionando-lhe altura e neste exa-
to momento o meu amigo vôou.
Depois daquele dia, para casa retornei. Não no galho da Painei-
ra, que lá eu deixei. Aprendi com o beija-flor o valor maior que tenho:
minha liberdade, o meu vôo irei seguir... aqui ou alí, cantando aos qua-
tro ventos e repousando meu desalento. Na desordem deste mundo -
que a todo tempo se desconcerta, vou escrevendo minha história, em
tintas coloridas para mais beleza proporcionar, pois o canto da tristeza
eu jamais irei recordar.