O mar desolado

Navegue, navegue pra longe, em seu barquinho azul. Escute o som do mar. Você ouve? Eu também grito com a sua dor. Eu sei reconhecer um coração despedaçado. Relembro de todas as lágrimas que aqui caíram.

Não chore, garota, não vale a pena chorar por quem a deixou escapar. Sei, querida, sei que dói tudo, mas, olhe para o mar, me olhe, veja seu reflexo. Você merece mais do que qualquer pessoa pode dar. Oh, querida, é tão ruim ouvir o som de seus lamentos. Você não é estúpida, ninguém que ama é. Só acreditou demais naquele garoto que apenas lhe dava desprezo. Se eu pudesse, seria aquele que lhe abraçaria nesse momento. Você merece tanto! Merece um longo abraço, um ouvinte, um consolo para o coração desolado.

Olhe seu reflexo. O que vê? Uma menina linda, por dentro e por fora, com olhos vermelhos e tristes. Tudo vai melhorar. Me ouça.

Me ouça.

Não! Não! Não se jogue! Apenas veja o reflexo.

Por favor, desça daí, tudo ficará bem, eu sei disso.

Não, querida! Não faça isso, irá me acabar.

Me ouça! Me escute! Desça! Seu coração irá de reconstruir, irá encontrar um novo amor.

Querida, você não merece a morte.

Então, desça.

Ela não me ouve.

"Eu mereço dor", são suas últimas palavras. Menina tola, ninguém merece dor! Agora tem corpo pequeno dentro de mim, vazio, morto.

Não é fácil ser o mar.

Leticia Moura
Enviado por Leticia Moura em 01/02/2016
Código do texto: T5530493
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