Banho de tia
Tava eu com meus 3 ou 4 anos. Não acredito que já pudessem ser cinco. E numa dessas travessuras da vida - contra minha vontade, vai ver - foi-me banhar tia R, então quarentona solteirona. Numa bacia, daquelas antigas, estanhadas. Sei que a porta do quarto estava fechada, ou cerrada, e a fímbria de luz vinha pela vidraça da janela.
Sei que, já banhado, e vai ver que não vestido, saí do quarto protestando a plenos pulmões que havia visto a perereca da tia, enquanto ela se agachara para me banhar, e que ela era assim - fazendo o gesto de juntar com as mãos em preguinhas as gordurinhas de minha barriguinha, bem em torno do umbigo.
Sei que se me acreditei, fui solenemente ignorado, embora ninguém me tenha mandado mais que calar a boca porca, se muito.
E nunca mais tia R me banhou.