No coreto da praça- 2.
No coreto da praça
Capítulo 2
Acordei no dia seguinte, sentindo muito enjoou, corri para o banheiro e vomitei ate o que não tinha comido, fui até a cozinha ver de onde vinha aquele cheiro que me causou aquela reação, e vi que a Iris tinha feito café da manhã, depois da chateação inicial por ela ter mexido na minha casa sem permissão, até gostei, pois a mesa estava linda, com torradas, café, suco de laranja, ovos fritos, se não fosse o enjoou eu até comeria. Conversamos por um tempo, e ela disse que durante a noite ouviu um barulho pela casa, fiquei assustada, mas tive uma ideia do que poderia ser, fui ate meu quarto, olhei no guarda roupa e algumas roupas do Carlos não estavam mais lá, fiquei indignada ao ver o que ele tinha feito, ele veio durante a noite e pegou algumas roupas, nem teve a decência de conversar sobre isso. Senti uma vontade tão grande de chorar e de nunca mais sair de casa, e não consegui esconder isso da Iris, acabei desabafando com ela.
Contei tudo o que estava acontecendo, que meu marido estava distante de mim, estava me evitando, e quando conversávamos sempre terminava em discussão, comecei a pensar que ele estava me traindo, mas não tive provas, se ele estivesse fazendo isso, estava sendo muito cuidadoso. Tentei evitar tocar no assunto do colar, mas não pude resistir, perguntei a Iris onde ela o tinha conseguido, ela me disse que tinha ganhado ele da mãe, e que atrás do pingente tinha as iniciais do nome da mãe, era como uma lembrança e ela nunca o tinha usado ate fugir de casa.
Após o café da manhã tentei se me segurar ao máximo para não ligar para o Carlos, mas não teve jeito, era mais forte do que eu. Liguei para o celular dele, tocou, tocou, e nada... Resolvi tomar vergonha na cara e me dar um pouco mais de valor, se ele não estava mais afim, ótimo! Que pelo menos tivesse a coragem de terminar, e não prolongasse mais isso, decidi dar mais um tempo para ele pensar no que queria, eu já estava decidida, se ele quisesse terminar, eu não faria nada, apesar de amá-lo demais, não correria atrás, não havia nada que nos prendesse mesmo.
Naquele dia passei a apreciar a companhia da Iris, ela era tão carinhosa e inteligente, e de certa forma, conseguiu me fazer sentir um pouco melhor apesar de tudo o que estava acontecendo. Estávamos na sala vendo televisão, quando senti um mau estar tão grande, pensei que fosse desmaiar, na certa era esse estresse todo que eu estava passando, minha pressão devia ter caído, decidi ir logo ver o que estava acontecendo, pedi a Iris que fosse ao medico comigo.
Era dia de semana, e o hospital estava praticamente vazio, fui logo atendida, Iris me esperou na frente do consultório, enquanto eu conversava com a medica, sem muitos sintomas, apenas tive que fazer exame de sangue, fezes e urina, como ainda estava cedo, e eu não tinha tocado no café da manhã, pude fazer a coleta do material, para buscar no outro dia o resultado, quando sai da sala de coleta, fui à procura da Iris, que estranhamente havia sumido, olhei no banheiro e nos outros andares do hospital e nada dela, falei com o segurança e ele não a viu sair, sem saber o que fazer fui pra casa, na certa ela voltara pra casa dos pais, ou se não, ela já sabia meu endereço era só voltar.
No caminho, senti uma solidão tão grande, como se algo me faltasse, ou eu estava realmente carente naqueles últimos dias, e ela supriu essa carência, ou eu realmente havia me apegado a ela com uma rapidez incrível! Cheguei em casa, E me lembrei que tinha um emprego, quase o esqueci, fui ate a loja onde eu era vendedora, felizmente a dona era uma grande amiga minha, e apenas contei-lhe meu caso, e ela me entendeu, até perguntou se eu não gostaria de adiantar minhas férias, recusei, porém pedi um tempo, uma semana para reprogramar minha vida. Voltei para casa e nada da Iris, então me preparei para afogar minhas magoas como as típicas mulheres sofredoras o fazem, com um pote de sorvete de chocolate e um bom filme de romance açucarado com final feliz, pra pensar no quanto a minha vida era ruim. Não demorou muito e eu dormi...
Quando acordei já noite, tinha com uma barata roendo minha boca que estava melada de sorvete, a TV continuava ligada e o filme já tinha acabado, bati com força na barata, e fui correndo escovar os dentes. Não tive mais surpresas durante aquela noite tediosa.
Pela manhã, acordei cedo, olhei no quarto da empregada e nada, logo lembrei que a iria tinha ido embora, tomei banho e fui buscar o resultado, que minha medica pediu que viesse com urgência, não que eu tivesse botado muita pressão para que ela o fizesse, claro que isso era uma ironia. Em poucos segundos e em poucas palavras a medica conseguiu fazer com que eu esquecesse o tédio do dia anterior com uma noticia que mudaria meus planos. Ela calmamente me disse “parabéns Ângela, você está grávida!”.
(...)