Introspecção

Em cada nuvem passa o tempo que apanho com olhos quedados. Respingos de lágrimas chovem e inundam minha praça de lástimas. Vejo ruas sem saídas e avenidas de desilusões. Surjo recortado envolto em névoa que emerge do chão. O choque do quente com o frio disputa espaços da minha solidão. Sou um fantasma em trapos, farrapos de mim acolhendo delírios em fantásticas aparições.

Guardo tempestades em potes de ouro e cada um ao brilhar é saudade espargida. Poção que flutua quando evaporam sorrisos e dores que insistem em se proporcionar. Gases formam figuras e um rosto de mulher insiste em se desmanchar. As nuvens me mostram nascimentos e mortes desenhando intuitos de alvos e escudos. Olho para os olhos do infinito se curvando em oitos horizontais. Nenhum elefante de costas pras portas e pêndulos de olhos turcos. Há experiência fundamentada em passagens sem ritos atravessando as ruas em dribles aos movimentos dos carros. As guerras são inglórias sem derrotas nem vitórias, são chamas que não se apagam, incêndios que se alçam e consomem todas as águas. Grita um poeta em sua lavoura arcaica. Grita um sonho imaginário sumindo feito a fumaça de um cigarro. Colhem-se as dificuldades e o passado se traga e se engole. Algumas rimas de versos encontram desunião no final da história. Há fugas em tarjas negras com álcool de hora em hora nas últimas horas. Perde-se a memória, mas uma nuvem rasga o céu desfazendo-se em vento que empurra pra longe o bom senso etéreo. Chove e a noite é sem luar. Uma veleidade da natureza.

Paulo Henrique Frias
Enviado por Paulo Henrique Frias em 16/12/2015
Código do texto: T5482453
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