O Prelúdio do Fim

Era uma vez um menino chamado Yomi. Ele foi abençoado pela deusa da benevolência, Esra. Desde sua nascença ele demonstrou possuir destreza em relação à espadas. Seus pais o abandonaram quando ainda era uma criança. Sujeito à fome e miséria, foi mandado para um orfanato. Um dia, um certo homem foi para aquele orfanato em busca de uma criança, ao ver os olhos de Yomi e a coragem que ele tinha para se sobrepor sobre aqueles que o mandavam, ou tentavam, era exuberante. Encantando com o tal menino, ele o adotou. Passou a chamá-lo de filho, deu-lhe cuidados que fez com que seus próprios filhos de sangue sentissem inveja. Aquele homem, que era rei de um grande reino, decidiu fazer de Yomi seu sucessor. Seus filhos, que invejavam Yomi de todos os modos, e que achavam inconcebível um plebeu como ele se tornar o sucessor, decidiram armar uma armadilha contra Yomi. Eles contrataram uma prostituta de um certo lugar para tentar encantar Yomi de todos os modos. E isso funcionou. Yomi se apaixonou perdidamente pela bela moça, embora ele mesmo não soubesse do passado infame que sua amada tivera. O rei achou uma calúnia, Yomi trocou seu lugar ao trono pela mulher que amava. Os dois fugiram para uma pequena vila. Viveram sua vida humildemente, enquanto os dois se apaixonavam cada vez mais um pelo outro. Sim, a mulher havia se apaixonado por ele. Felizes e abençoados, eles tiveram duas filhas gêmeas. A beleza de ambas se equiparava com as mais belas donzelas do reino. Ele nunca conheceu tamanha felicidade em toda sua vida, mas essa paz durou menos do que ele mesmo esperava. Sua mulher foi infectada por um vírus desconhecido, e como eles não tinham dinheiro e nem ajuda posterior para salvá-la, ela faleceu. Em meio àqueles dias tristes, sua única luz eram suas duas filhas. Sua mulher, que morreu debruçada em seus braços e em prantos por não vê-las crescer, fez seu último desejo ao seu homem. ''Proteja nossas filhas'', disse ela com uma voz quase inaudível. Jurando manter essa promessa, ele protegeu suas filhas com todas as forças que tinha, e que lhes restava. Um certo dia, Esra pediu que ele fosse ao seu templo. Chegando lá, lhe explicou sobre a província de um certo país precisar de soldados, tendo em vista suas filhas, ele recusou, mas ao ouvir a quantia de ouro significativa que iriam lhe dar caso garantisse a vitória para a província, era exorbitante. Por fim, ele aceitou. Ele deixou suas filhas sob cuidado de umas senhoras da vila. Decidido, ele foi à guerra. Em meio à sangue e desespero, Esra o ajudou em combate, fornecendo o poder que ele precisava para extinguir seus inimigos. Contudo, ele conseguiu sair vivo, embora estivesse muito ferido. Ele perdeu seu braço esquerdo, mas isso não importava para ele, ele só queria mesmo era ver suas filhas. Ao chegar em sua vila, ele se deparou com um cenário angustiante. Todas as casas estavam em cinzas, outras cheiravam a queimado, sangue estava jorrado por toda a praça, membros de crianças e mulheres estavam pendurados como se fossem roupas. Ele podia ver o tormento e a aflição daquele povo ainda presente naquela vila. Não havia uma única pessoa ali. A maioria morreu, supôs ele. Mas outras podem ter sobrevivido, disse para si mesmo, tentando lhe acalmar. Suas filhas ainda podiam estar vivas. Ele empunhou sua espada, e partiu em jornada para encontrar suas filhas. Não importava o quão profundo fosse. Não importava o quão longe fosse. Nem o quanto inalcançável fosse. Ele estava determinado a salvar a única coisa que podia salvá-lo, a única razão de sua existência: suas filhas. Depois de muito tempo procurando-as, a deusa Esra o convocou para ir ao seu templo, novamente. Ele que não estava ciente da situação, vislumbrou um leve sorriso maléfico e cruel em Esra. Em meio aos lençóis postos à sua frente, ele viu duas meninas de cabelos louros e super pálidas. Em meio aos prantos e desnorteado, ele viu o quão geladas elas estavam, e não pensou duas vezes antes de atacar Esra. Com o coração cheio de ódio, ele matou Esra, mesmo sabendo que sua quase morte havia de chegar. Há uma lenda naquele reino, ''Se um homem ousar matar um deus, ele não se tornará um supremo, mas vagará pela eternidade na profunda escuridão''. E então, o homem que uma vez fora conhecido como Yomi, já não existe mais. Como muitos anunciam, ''Quando o Cavaleiro Negro aparecer, o fim já estará dado como certo''.

Milene Ambrósio
Enviado por Milene Ambrósio em 21/10/2015
Código do texto: T5422333
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