A CASA DAS JANELAS DE OURO E DIAMANTES - CONTO

        Um garotinho que se chamava Lucas, tinha nove anos, sempre estava na companhia de seu pai na oficina onde o senhor Mateus trabalhava como marceneiro e carpinteiro.
       
         Fazia ele pequeninos serviços, como varrer o chão da oficina quando acumulava muita serragem, empilhar os pedaços de madeira que caiam no chão, para evitar acidentes, onde se alguém pisasse podia torcer o tornozelo ou cair. De modos que seu serviço era bem pouquinho mas muito útil para seu pai.
        
        Lucas morava com seu papai Mateus, sua mamãe Mariana e a irmãzinha mais nova de seis anos que se chamava Sarah, numa casa branca muito bonita de madeira, no alto de uma colina.
        
        A casa foi construida por seu pai, que fazia também casas, além de mesas, cadeiras, armários e tudo mais que fosse de madeira. A casa de Lucas era de dois andares, um onde ficava a cozinha e as áreas de serviços de sua mãe e no de cima ficavam os quartos de Lucas, Sarah e de seus pais, mais um para hóspedes. Seu telhado era apropriado para a época da precipitação de neve.
        
       Sarah, ajudava  Mariana, arrumando as camas, varrendo a casa e gostava de ficar olhando a mamãe cozinhar "para aprender" - dizia ela. O que mais ela gostava de ver era quando Mariana fazia pães caseiros e bolos. Ela dizia: - Quando eu tiver a idade de Lucas eu vou cozinhar para a família toda. Mariana ria, e dizia: - Claro minha filha, com essa atenção que você presta vai aprender até antes. - Ela ficava toda orgulhosa! -
      
         Com Lucas não era diferente. Ele também dizia para o papai  que logo estaria fazendo uns móveis em tamanho pequeno, para ele brincar com Sarah.
        
        Lucas gostava de ver o pôr-do-sol, onde seu pai dizia: - Deus tem uma palheta (uma espécie de prancha onde o pintor põe as tintas) com um número de cores que não dá para se contar, só mesmo Ele é que consegue. E vai pintando o céu de mil cores diferentes. O maior milagre de Nosso Papai do Céu, é que nunca se repete o mesmo espetáculo de cores, desde que nascemos até morrermos todos os dias é uma paisagem diferente!
      
         Lucas disse: - É verdade papai, todos os dias eu venho aquí à tarde, para ver o pôr-do-sol e desde pequenininho eu nunca vi um colorido no céu igual a outro. Todos são muito lindos, nós não conseguimos nunca fazer essas cores. Sabe aqueles lápis de aquarela que você me deu? Eu tento fazer algumas cores iguais à do céu e nunca consigo. Só ficam parecidas. - Diz Mateus para o filho: Tem razão meu filho, este é apenas um dos milagres de Nosso Pai Celestial ; quantos outros existem não é mesmo: - a nossa vida, o amor que temos uns para com os outros, os animais, as árvores, as flores, os pássaros, o vento...
        
        Lucas ficou pensando, e seu pai entrou para dentro de casa. Aí ele fez outra coisa que gostava muito. Começou a olhar para uma casa no alto de outra colina, só que estava tão longe, tão longe, que parecia uma casinha de bonecas de tão pequena. Mas ele sabia, que era por causa da distância que ela estava. O que lhe chamava a atenção era que, quando ele olhava para a casa lá longe, ela tinha as janelas de ouro e brilhava como diamantes e cristal...
      
         Lucas achava que era uma casa encantada, por causa do brilho maravilhoso de suas janelas. Lucas um dia, na oficina, contou para seu pai, que lá longe, bem longe no horizonte, tinha uma casa em cima de uma colina, igual à deles, a casa parecia pequena por estar longe, mas achava que era encantada porque as suas janelas brilhavam como se fossem de ouro, diamantes e cristal.
        
        Nessa tarde, convidou seu pai para vê-la com ele, e seu pai ficou "admirado e achou-a uma beleza nunca vista"... Mateus, à noite, antes de ir se deitar, tendo já as crianças subido para os seus quartos, contou para Mariana o que Lucas havia lhe contado a respeito da "casa encantada", Mateus e Mariana, resolveram guardar segredo sobre essa conversa... Ficou para a mãe de Lucas fazer a segunda parte do plano que combinara com o marido. Lucas sempre acordava muito cedinho. Um dia desceu a escada e foi para a cozinha, onde sua mãe já havia preparado o café, o leite, fatias de pão caseiro, bolo, milho cozido, biscoitos, suco de laranja, manteiga e queijo.
       
        Lucas achou que sua mãe tinha posto muita coisa na mesa esta manhã. Perguntou desconfiado: - Mamãe vem alguém hoje em casa pela manhã? Você pôs tanta coisa na mesa, um pouco fora do costume! - Sarah deu um risinho: - É para você ficar forte e fazer logo nossos móveis, para a gente brincar!
        - Sua mãe  diz: - É verdade que você quer muito, mas muito mesmo, ver de perto aquela casa encantada lá na colina distante?! - Sim, sim mamãe, como você sabe?? - Papai me contou. Um dia você disse a ele. - Desculpe mamãe não foi por mal eu não lhe contar, pensei que esse assunto de ir para longe...fosse só entre homens!!
        
        - Mariana segurou um riso. E Sarah replicou: - Também vou ter assuntos para tratar só eu e mamãe... só entre mulheres... emburrando um pouquinho.
        - Então Lucas, o segredo de tantas coisas na mesa vou revelar: o papai mandou lhe dizer que hoje você pode ir até a Colina Distante, conhecer a Casa Encantada. Isso tudo é para você tomar um bom café e encher sua mochila com o que a mamãe vai preparar.
         Lucas tinha um cachorrinho que se chamava Pitoco. - E o Pitoco pode ir comigo também?
Entra o senhor Mateus e diz: - Mas é claro que pode, você precisa de um amiguinho fiel junto a você, e olhe como o Pitoco já sabe que vai passear...

        Logo mais, tudo preparado na mochila, Lucas se despede dos pais e se põe a caminho da Colina Distante da Casa Encantada,à medida que ia caminhando Lucas via que a casa que ia ficando pequena, era a sua, e a da Colina Distante ia aumentando de tamanho. Mas continuou seu caminho com o saltitante Pitoco correndo atrás de borboletas e de tudo que se mexia no mato; lagartos, lagartixas, coelhos, tudo para ele era uma festa.

        Não demorou muito, após algumas curvas que faziam a casa encantada desaparecer por vezes e logo reaparecer cada vez mais perto, foi notando que as janelas de ouro, diamamtes e prata, iam  apagando a intensidade do brilho. Chegou ao portão e olhou bem para a casa. Era igualzinha a sua ( mas tarde soube que fora seu pai que a fizera).

        Chegou ao portão o qual tinha um belo arco branco como toda a cerca de madeira. Encimava o arco,trepadeiras cheia de flores que entrecruzadas misturavam suas cores, vermelhas, brancas, rosas, amarelas, parecendo mesmo uma casa encantada, só estava decepcionado por suas janelas terem se apagado. Nisso, olha bem ao longe, sua casa lá na colina de onde saiu, e fica surpreso de boca aberta..             
         - Que coisa mais esquisita - diz Lucas. Agora é minha casa que está encantada com as janelas de ouro, diamante e cristal.

        Veio recebê-lo uma jovem e linda senhora que diz: - Você não é o Lucas, filho do senhor Mateus e de Mariana? Lucas fala: Sim, mas a senhora é alguma fada para saber tudo isso? Surge uma linda menina da mesma idade talvez de Lucas e ambas que eram mãe e filha começam a rir de a senhora diz: - Não Lucas, talvez você não se lembre, foi há dois anos atrás, eu estive em sua casa, para contratar os serviços de seu pai. Ele construiu esta casa e todos os meus móveis. Eu sou a Élen e esta é minha filha Íngrid. Eu converso todo fim de semana com sua mãe nas feiras da Aldeia.
       
        Quer dizer então que sua casa não é encantada Dona Élen? Quem ri agora foi só Íngrid e diz, não, a casa encantada é aquela lá ao longe na Colina Distante. - Mas aquela é minha casa Íngrid. - E daí... é encantada ué! Tem janelas de ouro, diamantes e cristal...

        Dona  Éllen entra na história e fala para as crianças: - Esperem um pouco vocês dois , vou lhes explicar tudo direitinho: - Vocês conhecem o pôr-do-sol, então... ele primeiro brilha nas coisas mais distantes - para quem observa de longe, quando está em declínio - por exemplo, nesta colina e em minha casa. Onde ele mais reflete são nos vidros e nos metais. Parecem mesmo de ouro diamantes e cristais. - Você não deve rir dele Íngrid, porque você também pensa que a casa de Lucas é encantada...
       
        Era um sábado, e a feira acontecia aos domingos, lá, as duas mulheres riram muito das suas crianças e Mariana diz: - Éllen disso nós podemos tirar uma boa lição e exemplos para eles e sussurra ao ouvido da amiga...
        
        Ambas voltam para casa. Éllen e Mariana contam aos maridos o caso das Casas Encantadas das Colinas Distantes, e preparam a seguinte lição:
        
        "Vocês crianças, podem aprender muito com as leis da Natureza, por exemplo, sempre imaginamos que a Casa Distante é Encantada e Tem Janelas de Ouro, Diamantes e Cristal... Mas verificando bem de perto como Lucas fez e Íngrid aprendeu - achamos que as coisas das outras pessoas e suas posses, são melhores que a nossa e que por isso são mais felizes que nós. No fim tudo é ilusão, fantasia ou fruto de nossa imaginação. Como lemos naquele conto que "as uvas do vizinho são sempre mais doces que a nossa".
        Acabamos por esquecer que a felicidade está onde estamos e não lá distante onde a colocamos. Cada um de nossos amiguinhos viu a casa do outro melhor que a sua. No entando ambas são igualmente belas e onde moram pessoas felizes...Feitas pelo mesmo Construtor.
         Quando buscamos a felicidade vagando por longínquos lugares,  corremos o risco de perdê-la  em nossos próprios lares e dentro de nós. 
         

 



 
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 08/08/2015
Reeditado em 21/10/2015
Código do texto: T5339798
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