Liberdade.
Era noite de lua cheia. O vento cantava e dançava entre as árvores daquela pequena e esquecida floresta. Uma melodia suave mas repleta de solidão, algo que eu já deveria ter me acostumado. Sempre estive sozinho, todos me temem. Nas poucas vezes que entram em minha floresta todos ficam abismados com seu esplendor, tão cheio de graça e harmonia que seria digna de um belo conto-de-fadas, até o momento em que me encontram. Gritos de horror e faces repletas de pavor dominam o lugar. Sem que eu possa dizer uma palavra eles saem correndo temendo por suas vidas pois para eles eu sou apenas um monstro, um monstro o qual até eu mesmo temia até aquela certa noite chuvosa. Eu estava sentado aos pés de uma grande e majestosa árvore, estava frio e sozinho eu me encontrava. Olhava para as estrelas e as invejava já que teriam sempre umas às outras e nunca estariam sozinhas. Lágrimas começam a se formar e escorrem lentamente em meu rosto. Cabelos pretos como um abismo que somente o puxaria para a escuridão e olhos vermelhos como a tinta que pinta o quadro da morte. Dominado pela tristeza solto um doloroso suspiro quando escuto alguém se aproximar. Era uma criança, uma linda e pequena menina. Esperava que gritasse e saísse correndo mas não, ela se aproximou e soltou um largo sorriso sem nem um pouco de medo em seu olhar. Quando a vi sorrir comecei a sentir um calor agradável e aconchegante dentro de mim e quando percebi já me encontrara sorrindo. Ela começa a me analisar e me pergunta com um olhar repleto de euforia "Poderia você ser um menino fada ??" Um pouco confuso com sua pergunta eu a respondo com outra pergunta " Por que achas que sou um menino fada ??" Ela abri um sorrir maior ainda e com seus olhos brilhando diz " É porque você tem cabelos pretos como uma calma noite, os olhos vermelhos como uma bela Rosa e você leva meu medo para longe mesmo em uma noite chuvosa e fria como a de hoje". E com essas palavras toda minha tristeza se fora, me sentia livre como o vento, meu raio de luz tinha aparecido. Com um sorriso no rosto eu lhe digo " eu sou o guardião desta floresta minha pequenina mas eu me pergunto o que a traria a minha floresta tão tarde da noite" então ela me explica que veio à procura de flores para dar a sua irmãzinha que acabara de nascer, eu a ajudo a fazer um lindo arranjo das mais diversas e coloridas flores e a acompanho até a saída da floresta. Ela olha para traz e me agradece acenando com seu lindo sorriso, eu aceno de volta e então ela se vai. " Você não precisa me agradecer por nada minha pequenina mas muito ao contrário, eu que deveria agradecê-la por ter me libertado com suas palavras" então retorno para minha floresta mas desta vez com um sorriso no rosto.