O casamento do morcego patriota

Já faz muito tempo que esta história foi contada pelo velho Neco, um homem dos mais agradáveis que já conheci sempre alegre, risonho, ele morava numa ponta da praia ruidosa.

Gostava de pitar um cigarro que ele mesmo fazia, e quando chegavam turistas ou alguns pesquisadores para aquelas bandas, ele ficava todo eufórico para contar algumas de suas boas histórias. Era homem inteligente por natureza, mesmo não tendo ido à escola formal, dominava a matemática como ninguém, a vida e o sofrimento ensinaram-lhe boas lições, uma de muitas vezes que estive com ele, me falou sorridente: “Caveira quem te matou?” E depois concluía dizendo que o mais sábio é falar pouco e ouvir mais, pois a língua geralmente leva as complicações e ás vezes até a morte prematura.

Em uma ocasião ele contou que, um sujeito chegou num cemitério e perguntou para a caveira que supostamente estava lá dentro: “Caveira quem te matou”. E a caveira dizia: “Foi à língua” Daí ele ria e se deliciava com seu cigarro feito por ele mesmo. Era sua maneira dar lições.

Certo dia quando alguns turistas estavam de férias na praia ruidosa, ele pôde contar algumas histórias, que jurava que era a mais pura verdade, embora houvesse alguns aspectos, literários que o mais singelo caboclo perceberia que se tratava de algo fantástico, mas, para não contrariá-lo, continuavam escutando de engraçado que eram algumas delas.

Contava o velho Neco, que um dia um morcego brasileiro, chamado Brasiliano Arcanjo, nascido justamente no dia 7 de setembro e criado dentro deste imenso país, se orgulhava de sua origem, e sempre fazia menção deste fato, “sou brasileiro nasci no dia da independência, este é o melhor país do mundo, não existe lugar nenhum no mundo melhor que o Brasil”, e ia nesta toada, contando vantagens e orgulhando-se não sei do que, pura e simplesmente por ter nascido aqui, como se o resto dos brasileiros não tivessem a mesma origem.

Primeiro, ele não conhecia o resto do mundo, e segundo seus interesses de defender a pátria tão ardorosamente, não eram tão congruentes com sua atitude na vida, pois falava bem em público, porém, na calada da noite vinham à tona seus reais interesses nefastos, que a maioria dos outros bichos do país não sabia.

Como ele era muito popular, entre os bichos, mesmo que muitos o temiam, poucos sabiam que ele era na verdade da espécie megaquirópteros na verdade raposas voadoras, cujo hábito noturno facilitava a busca por frutas ou insetos.

Este morcego enamorou-se de uma linda pombinha chamada Paloma, ela voava sempre pelas bandas do planalto, era de boa família, nunca comia na rua, e sua plumagem estava sempre limpinha. De inicio Paloma não queria ter um namorado cujo, as pessoas falavam mal, como pode uma linda pombinha ter escolhido um sujeito tão sanguinário... era a conversa do dia, mas Paloma sabia que o Brasiliano, não era hematófago, comia apenas frutas e insetos, e dormia o dia inteiro.

Suas maquinações eram planejadas na calada da noite, quando a maioria não notaria do que ele era capaz, no que diz respeito a ludibriar a opinião pública, para parecer o mais honesto e o mais exemplar cidadão, patriota como ninguém.

Paloma a singela pombinha, era toda branquinha, não havia nenhuma pena, que não fosse totalmente branca, era a coisa mais linda do mundo, tanto na aparência, como na educação, no trato com os demais, era uma verdadeira mocinha, nunca tinha tido contato com ninguém.

O morcego Brasiliano queria casar-se com a pombinha, mas como é possível uma união desigual, pomba tem que casar-se com pombo e não com morcego..., diziam todos da comunidade, mas o amor é cego, e no caso do Brasiliano isso era mais verdade ainda, para ele o que valia era o amor e nada mais, contrariando a natureza, escolheram a data, seria no dia 7 de setembro, pois dizia ele que era em homenagem ao país, e justamente o dia em que o país ganhou um grande Brasileiro, resolveram marcar o dia do casamento nesta data.

Mas ninguém queria este casamento, por razões muito claras, uma pomba voa de dia e dorme à noite, o Brasiliano, dormia o dia inteiro e voava na hora de dormir, além disso, trata-se de união incongruente, pois o correto é: Morcegos com morcegos e pombas com pombas. De modo que tudo estava ficando cada dia pior para o casal Brasiliano e Paloma.

O Brasiliano sempre dizia que a vida dele é que era boa, dormia o dia inteiro, e trabalhava à noite, porém seu trabalho era duvidoso, comprava produtos em quilos e vendia em saquinhos pequenos, era muito estranho, pois ninguém sabia ao certo o que realmente ele fazia, comprava e vendia armas de uso exclusivo da polícia e das forças armadas, metralhadoras que cospe até mil tiros por minutos, e até bazucas, portáteis.

Ele entendia muito de comercio de armas, e usava estes conhecimentos para ganhar muito dinheiro. No entanto sempre tinha uma cara de santo, e tinha bom relacionamento com os crentes de diversas religiões, o que permitia a ele lavar todo este dinheiro, e até declarava imposto de renda, tudo direitinho, parecia que era o cara mais honesto do Brasil, ledo engano.

Paloma toda preocupada gostava do morcego, embora não o conhecia plenamente, queria ser uma noiva bem linda, o sonho dela era casar-se de branco, como o costume dos antigos, queria se vestir da melhor maneira possível para o dia 7 de setembro, porém nenhuma de suas amigas queria arrumá-la para a boda, todas eram tremendamente contra este casamento, uma linda pombinha toda pura e singela, juntar-se a um indivíduo mal encarado, rabugento, e com maus costumes.

Onde vai parar este mundo? Perguntavam, como pode estas coisas acontecer em plena era da tecnologia, da informação, da modernidade, mas é exatamente por todo esse avanço, que até os animais estão saindo normalidade, para fazer coisas que a natureza não diz.

O dia do casamento estava chegando, já se escutava nas escolas os ensaios de fanfarras se preparando para o dia da independência do Brasil, e da dependência do Brasiliano também, dizia ele em tom de brincadeira, “vou ficar dependente no dia da independência”.

O Morcego fazia parte de uma organização criminosa chamam dos “Morcegos da Noite”, eles além de trafico de drogas, traficavam armas de diversos calibres, e tinham um grande esquema de lavagem de dinheiro via igrejas, pois ninguém desconfiava da fé dos que eram lideres religiosos.

Na véspera do dia 7, a polícia federal, pertencente àquela praia ruidosa, junto com o pessoal do meio ambiente, bem como a polícia local, levava uma gaiola feita especialmente para prendê-lo, deviam cumprir o mandato de prisão de um sujeito muito perigoso chamado Brasiliano, pois houve uma denúncia de que alguns pássaros haviam sido despenados vivos, e mortos por não colaborarem com a gangue do Brasiliano, houve um roubo de milhões de reais, e foram depositados em algumas contas de igrejas cujos líderes ganhavam certa porcentagem para ficarem calados e emprestar as “contas santas”.

Enquanto isso, na casa do morcego Brasiliano houve uma reunião secreta, estavam presente os chefes e o chefão do negócio, dom Baltasar, este, só se via uma vez a cada muito tempo, pois não gostava de se expor, principalmente por que era um dos homens mais procurado pela polícia, por comandar o trafico de drogas inclusive com ramos internacionais.

“E então, morcego Brasiliano, pára com esta conversa de brasilidade e me diz o que os pastores querem, para continuar a nos emprestar as contas da igreja?” Perguntou Baltasar.

O morcego disse sem rodeios; “Ou nós pagamos uma porcentagem maior ou eles não vão mais emprestar as contas das suas igrejas”.

Passado alguns dias, a policia deu batida em várias casas, e como nas igrejas não podiam entrar sem ordem judicial, a justiça intimou alguns líderes religiosos citado por nome apenas Ovídio dos Anjos para prestar depoimentos na delegacia, mas, como era de se esperar, com bons advogados, os lobos com pele de ovelhas, os cara de pau característica dessa classe clerical, negaram tudo, alegando que: “estes montantes altos de entradas, eram dinheiro dos donativos e dízimos que os fieis fazia a cada semana, estes fiéis eram a maioria muito ricos e muito generosos com a obra do senhor”. Foram dispensados por hora, porém o processo seguiria.

O morcego Brasiliano era um experto em fingir-se de santo, tinha cara de sanguinário, mas só comia frutas, no entanto tinha uma índole perversa, fazia do crime sua principal brincadeira, ganhava dinheiro, era muito rico, e ria dos que nunca conseguiam prendê-lo.

E quando um soldado conseguiu, uma única vez ter ele na mira, pendurado numa madeira cor amarronzada, da cor do pelo do morcego, quase invisível aos humanos, ele desceu, e meteu a mão na maleta executiva, destas que o nosso parlamentar não larga nem na hora de ir ao banheiro, e tirou uns trinta mil reais, foi o suficiente para o policial sair correndo em outra direção, com ares de que ainda estava procurando o meliante, - cá pra nós - seu bem feitor, ou seja, o perigoso Brasiliano.

Ele conseguiu fugir sem que ninguém soubesse depois de desembolsar trinta mil reais, já que a polícia havia cercado tudo, só o Brasiliano poderia explicar como conseguia estas façanhas. Sumia e aparecida num piscar de olhos. Com este tipo de policiais, tudo fica mais fácil para o crime seguir livremente. Ainda bem que é uma minoria que se presta à corrupção, a maioria, não.

O tempo voava, na véspera de seu casamento com a inocente pombinha, no dia 6 a situação entre os pastores e o morcego, estava ficando complicada, pois além de ter que pagar para alguns policiais que faziam a 'coleta da permissão', agora os pastores também queriam mais, para emprestar as contas em diversos bancos para despistar, pois diziam que numa conta só ficava evidente o movimento de valores tão grandes, em diversas contas os valores seriam pulverizados e não chamariam tanto a atenção nas movimentações.

Nesta mesma reunião o alto comando do crime, e o Baltasar, depois de ouvir a opinião do morcego, e depois de algumas chamadas para os irmãos das prisões de alta segurança, decidiram que teriam que apagar alguns pastores, começando com o principal deles, para intimidar os demais, a continuarem cedendo às contas, ou mais gente iria comprar passagem só de ida, pro inferno, ficou resolvido que o alvo agora era invadir a igreja que estava de posse dos valores que eles deixaram lá na véspera, para ser depositado e transferido para outras contas de laranjas.

Ficou certo também que, ao mesmo tempo procurariam outros para emprestar suas contas. Os depósitos em nome de membros invisíveis, colaboradores da organização continuaria com ou sem o apoio destes hipócritas falsários que usavam a Bíblia para passar uma fachada de religiosidade, quando eram os maiores ladrões do povo, roubando inclusive sua fé e consciência.

O chefe Baltasar deixou claro que deveriam ser cuidadosos para não serem presos e caso alguém o fosse, não poderia delatar o grupo, pois, x9, é gente que a organização “Morcegos da Noite” não tolera, e a punição é rápida no micro-ondas, lá no morro.

Todos riram, porém o morcego Brasiliano estava preocupado com sua pombinha.

E com o dia 7 que já estava chegando, o morcego havia escapado, na véspera, os policiais investigaram, perguntaram e foram embora com todo seu aparato, deixando a vila do beco tranqüila.

A igreja estava quase vazia, todos os fiéis já haviam saído, e como boa parte do dinheiro estava para ser depositado, e eles não queriam pagar as porcentagens exigidas pelos pastores, recuperaram o dinheiro, e decidiram matar um dos lideres como aviso para os demais, para isso, estacionaram um carro de luxo, perto da igreja, ficaram dentro de um carro com vidros escuros, observando a movimentação na igreja, na hora que muitos já haviam saído.

Os homens de confiança do Baltasar, quatro deles, ficaram incumbidos, da tarefa, e em caso de sucesso, seria recompensada com dinheiro, festa, e com alguns papelotes, eles animados com o fato de serem recompensados, entraram encapuzados, na igreja, e foram logo perguntando onde estava o dinheiro, os dois auxiliares foram amarrados, e os ladrões levaram todo o dinheiro, a chave do cofre foi usada, e conseguiram levar muito dinheiro mataram o pastor dentro da Igreja Missão do Dinheiro Limpo, ele chamava-se Ovídio dos Anjos, era casado e não tinha filhos, sua esposa Maria Madalena de Jesus dos Anjos, eram quem administrava as contas do crime, fazendo os depósitos nos bancos, e nos nomes que seu marido indicava.

Neste sentido ela fazia tudo certinho, tanto nos depósitos que entravam na conta das igrejas, como nos valores que deveria sacar, para transferir logo em seguida, para as contas dos homens do Baltasar, esta foi à primeira morte, como aviso do que poderia acontecer com os demais, caso não colaborassem e amarrou o auxiliar e saíram devagar, sem pressa, pois na calada da noite ninguém ouviu os disparos com silenciador.

Parte deste dinheiro ia para a conta do Brasiliano, que era o número dois dos que estavam soltos. Sendo que na cadeia, estavam apenas dois que eram os chefes maiores do Baltasar e o Brasiliano.

O dia já estava quase clareando quando o morcego chegou voando e foi logo arranjar um jeito de dormir um pouco, antes da boda, não estava nervoso, apenas esperava o momento, como dinheiro não era problema para ele, conseguiu o apoio de muitos, para a festa de casamento, ainda que à custa de derrama de dinheiro para um e para outro, dava um sorriso fingido, com tapinhas nas costas, e logo que o infeliz ia embora, o morcego fez um poema que lembrava muito alguns parlamentares:

“Maldito interesseiro que só pensa em dinheiro”,

Na conta bancaria e amizade com doleiro,

Mais dia menos dia ficará no atoleiro,

“Não fugirá no navio, pois afundou o petroleiro”.

O crime cometido contra o pastor principal Ofídio dos Anjos foi notícia nos jornais. O Diário da Ruidosa dizia: “Dinheiro santo leva a crime brutal” O Correio da Areia, outro jornal local saiu com a seguinte manchete: “Polícia descobre crime santo”.

Na praia ruidosa os turistas já estavam se cansando desta toada, foi quando o velho Neco, disse com um som bem firme: Sabe o que aconteceu? Todos ficaram calados esperando um desfecho fenomenal para a história do morcego patriota. Ele olhou para todos dando uma girada com a cabeça, e disse: Eu acordei! Era um sonho, nada disso era real. Mas caro leitor, não era um sonho, era real.

Os turistas queriam saber o fim da estória, ou do sonho, mas ele disse categoricamente, teriam que pagar cada um dos presentes alguns dólares para saber o final do conto.

E você caro leitor, quer saber também? Basta ter a paciência de continuar lendo.

Estrondo e mais estrondo, muitos fogos de artifícios no céu, o brilho intenso e o barulho das fanfarras, nas comemorações, ofuscaram os disparos contra o chefão do bando, o Baltasar, levou uns treze tiros todos no peito e na cabeça, era execução mesmo, e agora todos queriam saber quem tirou a vida do chefão?

E quem assumiria seu lugar na organização? Iniciou-se uma disputa interna, uns diziam que foi a policia, pois o Baltasar já havia falado que “não daria mais dinheiro para estes porcos”, era assim que se referiam aos policiais que se prestava a corrupção, outros diziam que foram gentes da outra facção, os que queriam dominar o pedaço, o caso é que o morcego Baltasar não conseguiu dormir naquele dia, pois tudo estava ficando complicado para ele.

Não bastasse estes problemas de 'trabalho', outra coisa pior aconteceu, um pombo Jovem e elegante chegou de Paris, chamava-se Pigeon Rothschilt vindo para uma exposição internacional de pombos nobres, e logo cresceu os olhos para a virgem pombinha Paloma, ela ficou tão desconcertada com os flertes que acabou aceitando para conhecer melhor o galã estrangeiro.

Na comunidade deles, a vila do beco, o assunto só era este, a Paloma encontrou o seu verdadeiro par, “Ce pigeon est une idole” ou seja - este pombo é um galã. Se as coisas já estavam ruins para o morcego patriota, agora com este fato, de que a Paloma já não queria mais nada com ele, o fez cair numa depressão profunda, perdeu seu chefão, perdeu sua namorada, perdeu a alegria, e o sono, ficou sem chão, e agora?

Todos imaginavam que ele morreria, ou começaria a beber até ficar caído, nada disso, o Brasiliano, de patriota que era, decidiu mudar-se para Brasília, pensando ele: “Como não tenho nada a perder, vou me candidatar a algum cargo na política, pois é onde vou me ancorar na sombra da Bandeira do meu país”.

E assim se deu, foi a Brasília, comprou uma casa no lago Sul, uma das regiões mais nobres de Brasília, montou um escritório, para receber seus correligionários mais nobres, para impressioná-los, de sua riqueza e posição, começou a articular-se com diversos parlamentares, deu festa de arromba, e presentes caros para as esposas de alguns deputados, fazia um marketing pessoal, contratou um marqueteiro, filiou-se ao PMF “Partido dos Morcegos Frugíferos”, pegando criancinha catarrenta no colo, e tirando fotos com qualquer um, bastava alguém querer e lá estava ele posando para um selfie, era cara de pau, mesmo sendo um morcego.

Uma qualidade boa ele tinha, era carismático, embora não tinha estudos, e eram temidos por todos por sua cara feia, de morcego, ele tinha uma simpatia incomum e sabia articular como ninguém, e apegava-se sempre ao discurso de que devemos ser patriotas, o máximo possível, o brasileiro tem de ser honesto no trato com os demais, e assim sempre aludia à honestidade de um patriota.

Ele defendia a idéia de que todas as escolas no Brasil, deveriam, ser pintada de verde, amarelo, azul e branco, mesmo que isso significasse um gasto grande por parte do Governo Federal, ele não se importava com este gasto, pois dizia que se eleito, iria encaminhar projeto para que isso fosse obrigatório no país, pois achava ele que, desta maneira, as crianças e os animais se tornariam mais patriotas, segundo ele a melhor maneira de defender o Brasil.

Havia se tornado um verdadeiro parlamentar, pelo menos nas idéias absurdas, estava pensando como muitos parlamentares de algumas cidades que gastam semanas preocupadas com nomes de ruas, mais os temas mais importantes como ampliação das ferrovias para cruzar o Brasil inteiro, e facilitar o escoamento de nossas produções a custos mais baixos, ou corrigir leis antigas sobre o sistema judiciário e criminal, punindo com a mais severa lei os criminosos independentemente de idade, inclusive a pena de morte para os que cometem morte, é claro que depois de transitado e julgado, o processo penal, sendo estes condenados como já acontece em alguns países.

Estes temas para os nossos parlamentares não tem prioridade, mas colocar nome em rua é muito importante e da muito trabalho reunir os parlamentares, não é tarefa fácil, de modo que o morcego Brasiliano, esta no rumo certo, pensando em projetos que não ajudaria em nada na educação dos nossos pupilos, que brilhante começo na vida de parlamentar.

Enquanto isso, na vila do beco, caro leitor, este era o nome do local onde a maioria dos morcegos morava, e onde morava também a Paloma, inclusive havia ali também um grande pombal, era muito parecido a estes prédios de habitação popular, um grande caixote, com as casa umas acima das outras, nada contra estas casas, mas o pombal era muito grande, e de todas as pombas uma se destacava, a Paloma, era muito especial, linda, alva como a neve, delicada como um colibri, dócil e mansa como uma ovelhinha, esta era a pombinha que agora só pensava no pombo francês.

O campeonato já estava em andamento, depois de todas as apresentações, ficaram como finalistas para receber o premio, um casal, um pombo para representar os homens, e uma pomba para representar as mulheres, e o leitor já deve estar pensando em quem ganhou, foi justamente o pombo Pigeon e a Paloma, foram os dois grandes vencedores do concurso.

A notícia saiu nos jornais, O Diário da Ruidosa publicou em primeira página: “Como o destino uniu os dois pombos grandes campeões”. O outro jornal, O Correio da Areia fez uma matéria de entrevista, que trazia uma foto dos dois pombinhos juntinhos, e perguntava sutilmente, “essa união vai prosseguir”?

Toda envergonhada a Paloma não sabia onde enfiar o bico, já o francês Pigeon, sorriu e disse que se depender dele, não voltaria sozinho para a França.

Tudo parecia ir bem lá à vila do beco, enquanto que em Brasília, no Distrito Federal, o Morcego Brasiliano a cada dia ia se promovendo cada vez mais, usava seu dinheiro e seu poder de persuasão, para comprar votos, pois descobriu que é assim que a maioria dos parlamentares, conseguia se eleger, comprando votos com coisas pequenas, como pagar dentadura, dar quilo de comida, saco de cimento, caminhão de areia, e coisas esdrúxulas, a troco de algo tão importante como o poder de decidir.

Sendo o voto à expressão sublime da cidadania, o direito individual e sagrado do cidadão de escolher o seu destino, e o destino do país, tudo estava sendo negociado na cara da justiça, que é cega, o se faz de cega, desde que paguem bem para os nossos excelentíssimos.

O Brasiliano, sabia que como bom patriota, não devia fazer isso, mas, quando ele se reunia com outros candidatos, para tomar uma cervejinha, no bar dos parlamentares, que fica em frente das Esplanadas dos Ministérios, bem perto do espelho d’água, os parlamentares e candidatos, diziam com a maior cara de pau, que “comprava voto mesmo”, pois se você ficar esperando as pessoas votarem sem ganhar nada em troca, corre-se o risco de não receberem o voto nem de sua família, mas se prometer dar tudo para o eleitor, fazer o que ele pede, construir a creche dos filhos, etc...se prometer tudo, e não cumprir nada , isso faz ganhar as eleições. Agindo assim ganhou para deputado.

Após as eleições o resultado não demorou muito, e o candidato do PMF, morcego Brasiliano, ganhou com uma margem muito gritante de votos, isso possibilitou inclusive a viúva do pastor Ovídeo dos Anjos, a candidata pelo mesmo partido PMF Maria Madalena de Jesus dos Anjos, ela entrou como deputada, graças a pontuação dos votos do Brasiliano, mesmo que ela nem imaginava que ele no passado, era um dos que mandaram matar o pastor Ovídeo da igreja Missão do Dinheiro Limpo.

Para a nobre Deputada Federal, não importava mais quem matou o falecido, já que ela estava em outra vida, agora ganhando bem, com possibilidades mil, e morando as nossas custas nos apartamentos disponíveis para os nossos nobres parlamentares, lá no Plano Piloto.

Para encurtar seu nome ela preferia ser chamada de “dos Anjos”, nome que era muito apropriado para a nobre deputada, pois ela era dos anjos, sempre estava na companhia de um mancebo diferente, fisicamente capacitado, bonito e educado, que sempre a servia, seja de uma maneira ou outra. Não preciso te lembrar que trata-se de uma mulher nobre que em seu trabalho anterior fazia tudo certinho, nunca errava em que conta devia depositar os valores que seu ex marido, ordenava.

A data tão esperada não se concretizou, o dia 7 de setembro, trouxe decepção, pois ele perdeu a linda namorada, perdeu o seu chefe, teve que mudar de localidade, tudo estava mudando, e ele sentia tremenda solidão, perguntava ele em seus mais profundos pensamentos, que adianta ter tantas coisas, carro de magnata, mansão na asa sul, dinheiro em contas bancárias, poder e status de parlamentar?

Pensava ele quando chegava na sua mansão do lago sul, “estou sozinho no mundo, não tenho amigos de verdade, só quando meto a mão no bolço e pago as bebidas, ou dou presentes caros, fora isso, ninguém quer ser meu amigo, não me cumprimentam com respeito, falam de mim pelas costas, até os meus auxiliares, caçoam de mim”. Vez por outra ele lembrava as palavras duras que haviam falado para ele, no Plano Piloto, numa manifestação contra alguns parlamentares:

Volte para onde nunca deveria ter saído

como pode ser arvorar a deputado

sanguinário fedido morcego maldito

com seu dinheiro fácil terminará sepultado

No litoral, lá na praia ruidosa, os sentimentos se misturavam, estavam tristes, por um lado e felizes por outro, pelo fato de que a Paloma aceitou o convite de casar-se com o pombo francês Pigeon, com a condição de morarem em Paris, a cidade luz, como ela aceitou, começaram a fazer as malas, ainda que o povo da vila do beco, e os da praia ruidosa, não assistiriam o casamento, fizeram uma festa de despedida.

Antes de partirem o francês disse: “Je vais organiser un plan de les prendre à notre observer mariage” quando foi feita a tradução: “vou providenciar um avião para levá-los para assistirem o nosso casamento” por um pombo jovem que estudava francês, o povo ficou muito, muito feliz, em saber que poderiam assistir ao casamento da pombinha mais linda do mundo, a Paloma da vila do beco, aplaudiram enquanto os noivos partiram para o Aeroporto Internacional de SP, pois embora eles voavam, ele não queria que sua amada fizesse um esforço muito grande, de modo que reservaram as passagens com antecedência, num voô de primeira classe na AeroFran.

Tratava-se de uma empresa mista, metade francesa e metade brasileira, cujos acionistas em sua maioria eram deputados, de ambos os países, porém ninguém sabia disso, nem a mídia, eu fiquei sabendo quando me encontrei um dia lá em Brasília com o Deputado Brasiliano, que também era acionista desta empresa aérea.

CAPÍTULO 2

Chegada em Paris

Quando menos esperavam, o avião da AeroFran aterrissou no Aeroporto de Paris-Charles de Gaulle, o pombo, Pigeon Rothschilt, esta muito feliz por chegar em sua terra natal, e não parava de mostrar a sua pombinha, o quanto Paris era linda, cheia de luzes, fazendo jus a sua fama de cidade luz.

Chamaram um táxi, e foram direto para 7ème arrondissement, na rue de grenelle, 124, na cobertura, a paz e a felicidade, estavam ali, a pombinha nunca imaginaria que iria se casar com um pombo que era muito rico, e que tinha ações aplicadas em diversas bolsas, tanto na França, como no Brasil, e em Wall Street, na NISE, de modo que ele participar de concurso foi apenas um disfarce para se aproximar da Paloma.

Ele era muito bem informado, e tinha informações detalhadas sobre onde vivia sua futura esposa, era de fato a pomba mais linda do mundo, superando as francesas europeias e americanas, por isso ele foi la na vila do beco, naquela vila, perto da praia ruidosa, no litoral paulista.

O local em Paris, era privilegiado, pois além de bares e restaurantes finos, havia toda a comodidade para sacar dinheiro e fazer transações bancárias, pois estavam pertinho de uma agencia, além disso, ele quase nunca ia ao banco, pois o gerente atendia-o em sua própria casa.

De fato a vida das pessoas - quer dizer - de pombos que tem muito dinheiro é outra coisa.

Os arranjos do casamento já haviam sido providenciados, pois o senhor Rothschilt, cuidou de todos os detalhes, contratou uma estilista, pomba também, para fazer tudo o que sua querida noiva queria, não era para negar-lhe nada, tanto na decoração como nos detalhes finais, e para receber os visitantes brasileiros que chegariam em uma semana, o tempo voava mais que os pombos...

Na vila do beco, todos estavam eufóricos, pois estavam decidindo quem iria para Paris, uns queriam ir mas não tinham roupas adequadas, outros, não podiam sair do serviço, e os patrões não dariam permissão para tal viagem, outros estavam doentes devido ao vírus da dengue, que atacou fortemente, os moradores da vila do beco, alguns pombinhos não poderiam ir, ou pela idade, seja por semana de provas nas escolas, deste modo, iam decidindo, quem iria e quem não poderiam ir.

Arrumar documentação para pombos, não era nada fácil, inclusive passaporte para todos não era coisa rápida, daí eles pediram para alguém ir falar com o amigo deles que agora era parlamentar, talvez ele conseguiria dar um jeitinho para facilitar as coisas para os pombos da vila do beco.

Lembra-se caro leitor do pombo jovem que estuda francês? Pois é ele foi o escolhido, para ir para Brasília falar com o velho morcego, o deputado federal Brasiliano, patriota de carteirinha.

Achegada ao Distrito Federal foi tranquila, porém o jovem viajou de ônibus, com a melhoria nas estradas, é possível viajar bem para Brasília, embora a viagem é cansativa, mas para quem não tem tanta pressa de chegar é uma boa pedida.

Al inusitado aconteceu nesta viagem, de modo que não posso deixar de te contar caro leitor, no inicio da viagem, logo que saiu de São Paulo, pela rodovia anhanguera, o ônibus teve que parar, e sabe o motivo? - Caro leitor, havia um morcego dentro do ônibus - e ninguém queria que este morcego ficasse junto com os passageiros, de modo que começaram a gritar para que o motorista parasse o ônibus.

Quando finalmente, o motorista parou, num destes postos de parada, o povo foi comer e o falatório foi geral, como pode uma empresa permitir que viaje um morcego no ônibus...

e muitos outros comentários, um disse: “Vou processar a empresa” outro dizia: “Vamos ligar para o telefone da Agencia que controla os ônibus”.

O rebuliço só parou quando o morcego concordou em desembarcar, pegar sua bagagem e seguir viagem de táxi, embora isso custaria uma fortuna.

Se fosse qualquer morcego, poderíamos ficar com pena, mas este não tinha problemas com dinheiro, ele era rico o suficiente para comprar até a viação de ônibus inteira. Inclusive ele tinha negócios e investimentos numa empresa também, mas não era esta.

O jovem estudante, não sabia bem quem era aquele morcego, e ficou quetinho, não falou nada, pois ele mesmo estava viajando justamente para falar com um morcego lá em Brasília, como ele poderia reclamar de morcego dentro do ônibus? Ainda bem que ele não falou nada.

Achegada em Brasília foi mais tranqüila, todos desembarcaram, o jovem pegou um táxi, que o levaria direto para o Plano Piloto, nas Esplanadas dos Ministérios, é ali que fica tanto o Senado como a Câmara dos Deputados, o chamado côncavo e convexo, perto da catedral de Brasília, projetada por um importante nome da arquitetura brasileira.

A entrada parecia muito difícil, pois o jovem não estava sendo esperado, e não tinha permissão para passar naquelas malditas catracas de bloqueio, teve que identificar-se, tiraram foto dele na recepção, e um segurança o acompanhou até o elevador.

Era a sala 13 bem perto do elevador, era só mostrar o adesivo de identificação, que seria autorizada a entrada, de modo que até que enfim chegou, na ante sala do Deputado Federal Brasiliano. A moça da recepção, ofereceu café, bolos e biscoitos, e isso foi muito providencial, pois sabe como é, jovem tem um apetite de leão, e o parlamentar disse que se atrasaria meia hora, do horário que sempre chegava ao escritório.

“Como é seu nome jovem?” Perguntou o morcego, o jovem disse em vos baixa: “Alfredo Gallhardo, senhor deputado” O parlamentar riu, lembrou-se de quando era jovem, e muito tímido, e depois de um devaneio no passado, ele perguntou qual era o motivo de sua visita.

O jovem estudante disse que na vila do beco, eles estavam com um problema e lembraram que o senhor morcego era deputado federal, de modo que o enviaram para solicitar que ajudassem eles para tirarem os passaportes de modo mais rápido do que o usual, pois necessitavam de 50 documentos.

O deputado, pensou, pensou, matutou em como tirar vantagem disso, e decidiu ajudar, pois sabe como é, fazer o bem, é obrigação nossa, faz parte da nossa ideologia na irmandade e do partido.

Muito bem, toma aqui o meu cartão, se precisar alguma coisa enquanto estiver na cidade, é só me ligar, meu celular fica o tempo inteiro disponível, e vou mandar minha assessora cuidar para que se acelere o procedimento dos documentos, pode em ligar assim que chegar na vila do beco, que creio que até você chegar lá, os documentos já estarão encaminhados.

O jovem pombo não sabia como agradecer a tremenda recepção, e educação do deputado Brasiliano, - mas é assim mesmo caro leitor eles prometem tudo mesmo, mas se vai cumprir ou não é outra coisa -, porém neste caso, o deputado cumpriu sua palavra, o ligaram do seu gabinete, para os agentes do posto da polícia federal na baixada, perto da praia ruidosa, e logo todos poderiam ir tirar rapidamente seus passaportes.

Foi dito e feito, quando o jovem pombo Alfredo chegou na vila, a ordem para facilitar os documentos dos pombos já estava acontecendo, tanto que só faltava ele e mais um pombo para tirar o documento, os demais foram atendidos com prioridade absoluta.

Como é bom ter um amigo deputado federal, as coisas sempre são melhores, quando eles realmente nos ajudam.

Todos já estavam de malas prontas, quando receberam um telegrama de Paris, que dizia:

“Chers amis du village de ruelle, peuvent être préparés pour le vol à Paris est prévue pour demain à 13 heures”

O jovem estudante Alfredo traduziu:

“Prezados amigos da vila do beco, podem preparar-se pois o voo para Paris está programado para amanhã as 13 horas”.

A alegria tomou conta da maioria, foram comprar cerveja, jogar sinuca, no boteco da vila, dançar e festejar, pois tudo estava indo bem para a ida ao casamento da pombinha Paloma.

Pronto, este é o ultimo documento que faltava, agora podemos ligar para o deputado federal e dizer que já emitimos os documentos com prioridade, pois era assim que ele solicitou. “...Trimm... Trimm...alô, é do gabinete do deputado Brasiliano? Sim quem fala?

O capitão Modesto do posto de emissão de passaportes, do posto da vila do beco,

por favor poderia falar com o deputado Brasiliano, eu sou Modesto, capitão e oficial responsável pelo posto. ...um momento por favor, senhor deputado Brasiliano, telefone de São Paulo para o senhor, ...pode passar a chamada...

Senhor deputado Brasiliano, bom dia, estamos chamado só para informar que deu tudo certo e os documentos já foram entregues para os pombos da vila do beco, paguei tudo com meu dinheiro mesmo,...O deputado respondeu... quem tem amigo não precisa de dinheiro, ... perguntou: E quanto ficou toda a tua despesas? ...São 50 passaportes a 158 reais, perfaz um valor de R$ 7.900 reais....Ok. Passa o número da conta, que já estou depositando agora mesmo estes valores, vou falar para a minha assessora fazer a transferência bancária. Certo, obrigado... tudo confirmado”.

Assim, o deputado pagou os valores para todos os documentos, mesmo antes de serem entregues, aos mesmo que deram a entrada.

Pelo menos aparentemente não guardava rancor, por ter perdido a noiva, para o pombo francês, agora ela já estava aparentemente bem e recuperado deste trauma, e sua vida agora era curtir de deputado, embora ele ainda tinha ligação com seu trabalho anterior, porém de modo bem mais discreto.

Em Paris, parece que a felicidade estava por todas as ruas, já era a véspera do casamento, da pombinha Paloma com o rico pombo francês.

O vestido já estava pronto, os preparativos, em todos os detalhes, não se esqueceram de nada, desde os arranjos para hospedagem dos convidados da Vila do Beco, até o motorista que já havia deixado o automóvel preparado para levar os noivos, para a lua de mel, que seria no Brasil, pois é uma ironia, os que moram no Brasil sonham em ter uma lua de mel em Paris, a cidade luz, mas quem mora lá, não tem as mesmas idéias, assim o casal decidiu passar a lua de mel, no Brasil, o país onde se conheceram.

O automóvel era nada menos que um Bugatti Veyron, todo vermelho, como o Sr. Rothschilt, tinha três indústrias na cidade de Molsheim, ele era também um dos acionistas na fábrica desta jóia francesa.

Para a viagem para a lua de mel, reservaram um avião de uma de suas empresas, que inclusive levaria o seu automóvel para o Brasil, inclusive iria neste vôo, os convidados da Vila do Beco.

Os noivos iriam posteriormente, já que o pombo, teria que assinar alguns documentos importantes, e diversos de seus diretores o esperavam num dos seus escritórios, para o despacho deste documentos.

A Paloma esta cada vez mais deslumbrante, linda dos pés á cabeça, bela pura, virgem, como uma mocinha de cinema, toda enamorada, por seu príncipe plumado.

O dia do casamento chegou, e quando todos estavam já no cartório central de Paris, L’état civil Service public, bem na hora que começariam os trabalhos, os noivos e a noiva já estavam presentes, alguns convidados, bem poucos serviriam de padrinhos, foi quando chegou um carro grande com cerca de trinta homens fortemente armados e obrigaram todos a continuarem com os trabalhos de registro, porém só mudariam o nome do noivo, em vez de ser o s.r. Pigeon Rothschilt, seria o sr. Brasiliano Arcanjo.

Não havia como negar ou tentar qualquer coisa, pois ele já havia organizado tudo, e tinha sido planejado pelos apoiadores do morcego, que tinha muitos contatos secretos em Paris, de modo que foi feito o registro do casamento, e o pombo foi levado como garantia de que ninguém se atreveria a atrapalhar os planos do morcego.

O casamento na igreja também foi feito e bem pago, e depois da cerimônia, já havia um carro parado na rua para levar os recém casados para o Brasil, inclusive iriam num vôo já organizado na véspera, pois o morcego estava acompanhando, o movimento e tinha pessoas controlando tudo.

O s.r. Pigeon Rothschilt, foi seqüestrado e levado para o Brasil, no mesmo avião, porém a pombinha não sabia disso. Os convidados também embarcaram para não dar na cara de que alguma coisa estava errada, ninguém conseguiu impedir a ação, embora o Jovem Alfredo Gallhardo, tentou chamar a policia, os policiais que atenderam eram comprados pelo parlamentar, assim, a chamada não adiantou nada.

Os funcionários do cartório, assim que os documentos estavam prontos, foram executados pelos homens armados, antes de deixaram o local. Agiram sem que o Brasiliano soubesse, só para não ter testemunhas adicionais do casamento.

Ao chegarem no Brasil, tudo parecia estar mais favorável para o morcego, pois era onde ele dominava os manos, era o líder absoluto dos que estavam ainda soltos.

Como ele tinha compromissos no DF, decidiu levar a pombinha para lá, e deixou o pombo, sob custódia, na Vila do Beco, o jovem Alfredo, conseguiu levar um comunicado ao Departamento da Policia Federal, pois o caso exigia, e deixou uma mensagem na janela do delegado principal.

Um dos seus investigadores presentes na sala acharam engraçado um pombo trazer um bilhete, porem não leram de imediato, foi lido apenas mais tarde quando ao ligarem a tv la na sala da Polícia, e escutaram: “havia tido um ataque, num cartório de Paris, e que havia sido feito refém um dos mais brilhantes empresários da França, o s.r. Pigeon Rothschilt, que iria se casar com uma pomba estrangeira”.

O bilhete dizia quase a mesma coisa, assim fizeram uma consulta entre a inteligência da Policia, e decidiram armar um cilada para pegar o morcego Brasiliano, o patriota do Brasil, que agora era o alvo principal da Polícia General, A França estava muito interessada no bem estar do seu cidadão ilustre.

Como os parlamentares têm foro privilegiado, seria necessário um bom planejamento para prender o morcego deputado, que era liso, e tinha um lábia para fingir-se de santo, como ninguém.

O telefone tocou insistentemente, a secretária atendeu e disse que o s.r. Brasiliano Arcanjo, chegaria em uns dez minutos, pois já havia chegado seu avião, e estava em caminho para seu gabinete.

A policia federal, cercou todas as saídas, e com inteligência conseguiram prender o morcego numa gaiola de ferro, com tranca dupla, preparada especialmente para ele.

Agora ele responderia por todos os crimes que havia cometido, desde quando era apenas um morcego da Vila do Beco, um traficante iniciante que progrediu na vida do crime, mas que agora teria que pagar por seus delitos.

Quanto ao casamento, bem não teve pois o sr. Pigeon Rothschilt, voltou para Paris, são e salvo, mas não pode levar sua querida, pois ela infelizmente havia morrido uma semana antes, e dizem os médicos que morreu de tristeza.

Todos os parlamentares ficaram horrorizados com tamanha canalhice, como podia um parlamentar agir duma maneira tão nefasta, decidiram expulsá-lo, sendo ao mesmo tempo parlamentar e chefe de quadrilha de traficantes e bandidos. Ficaram aliviados de terem expulsados do meios de seus pares, e do partido, e agora todos queriam a sua punição.

A decisão saiu após uma longa batalha judicial, muitos abeas corpus, o supremo decidiu arquivar o processo por falta de provas nos autos e o morcego patriota, vestido de verde e amarelo, voltou para a Vila do Beco.

Como punição, e levando em conta o seu patriotismo, para evitar maiores constrangimentos decidiram aposentá-lo com seu gordo salário. Tudo não passava de um sonho, do velho Neco, mas ele garantia que tudo era verdade, era mesmo.

By: Dad Dead 15/04/2015.