Memórias de uma menina triste
MEMÓRIAS DE UMA MENINA TRISTE
Miguel Carqueija
Eu me chamo Naru, moro com a minha mãe e sou uma adolescente, tenho um namorado
chamado Umino que é muito doido e divertido, sou uma garota normal com meus hábitos, minhas
distrações, meus colegas de escola (o ginásio Juuban Junior, em Jubanjai ), aparentemente tudo normal
e corriqueiro. Mas passei por experiências terríveis e carrego em meu espírito uma grande tristeza e
um segredo extraordinário, algo que eu descobri por mim mesma e que não posso revelar a ninguém –
nem à mamãe, nem às pessoas às quais o segredo se refere.
Sei que é difícil exprimir estas coisas tão estranhas. Eu olho para o lado, na sala de aula, e
vejo aquela garota tão bonita, com suas imensas marias-chiquinhas, aparentemente vivendo no mundo
da Lua (e como é adequado dizer isso dela!), tirando notas baixas nos estudos, levando carão da
professora. Ah, se esta soubesse o quanto deve (a própria vida!) a essa sua aluna desmiolada! Usagi
é assim, é gulosa e sempre pronta a ler mangás que a façam rir às gargalhadas, mas pode se concentrar
em sentimentos profundos, ir muito além da sua casca exterior. Carrega em si riquezas insondáveis. É
uma obra-prima de Deus. Quem é realmente Usagi? Durante anos eu fui a sua melhor amiga; quase a
única de fato. De repente foram aparecendo outras e, em pouco tempo, surgira um quinteto
inseparável, e só eventualmente um sexteto quando eu era incluída. Mas a sociedade secreta era só das
cinco, Ami, Rei, Makoto e Minako, além da Usagi. Porque sempre aquelas cinco, aparentemente tão
diferentes?
Mizuno Ami, a primeira a surgir, parece ser a estudante mais inteligente de todo o Japão.
Diferença da água para o vinho entre ela e Usagi! E ficaram unha e carne... Depois Hino Rei,
irascível, mística, atirada, sacerdotisa xintoísta, capaz de prever o futuro e esconjurar espíritos
malignos. Outra muito diferente da Usagi. Kino Makoto, tida como briguenta, muito forte e lutadora
de artes marciais, adaptou-se maravilhosamente à equipe. E Aino Minako, de louros cabelos
compridos, romântica, amorosa, meio desastrada, bem... essa até parece um pouco com a Usagi. Mas
só um pouco.
Mas como é que eu fui desconfiar disso se a Usagi parece tudo, menos uma heroína?
Aquele dia – não faz tanto tempo assim, mas parece que passaram séculos! – em que eu vi pela
primeira vez a Sailor Moon – como poderia esquecer? Foi o dia em que um monstro, uma maligna ou
youma a serviço do Reino Escuro, tomou o lugar de minha mãe na joalheria, para sugar as energias das
pessoas mediante jóias enfeitiçadas. Eram demônios de imenso poder, conseguiam se disfarçar como
humanos comuns. Como eu poderia saber que mamãe encontrava-se amarrada e amordaçada no porão,
e que na minha frente estava um monstro? Pois bem: quando a maligna me atacou, apareceu Sailor
Moon. Era uma Guerreira da Justiça, e agiu como tal. Apareceu também outra figura misteriosa, o
Tuxedo Kamen, que ajudou Sailor Moon. E depois tudo me pareceu um sonho, e também minha mãe
pensava assim. Haviam acontecido coisas muito incríveis para serem reais.
Nós já sabíamos da existência de Sailor Vênus, que era vista até em jogos eletrônicos, mas
a Sailor Moon era uma novidade. Quando aparecia, era como se o mundo se transformasse; ela
parecia trazer consigo a alegria, a coragem, a esperança de um mundo melhor. Ela mesma se dizia
uma guerreira que lutava pelo Amor e pela Justiça – assim com maiúsculas, eu imagino. Ela punia
os maus “em nome da Lua” – e como poderíamos nós, terrestres, saber que no passado remotíssimo
existira de fato um reino mítico no nosso satélite? Como poderíamos saber do Milênio de Prata?
Mas eu também não poderia imaginar que Usagi era Sailor Moon. Como pude ser cega
durante tanto tempo? Elas se conheciam mas não eram vistas juntas. Nos meus contatos com Sailor
Moon, geralmente a Usagi aparecia antes. Eu falara com Usagi naquela noite medonha em que
Neflite morreu nos meus braços. Eu me apaixonara pelo general do Negaverso sem saber quem de
fato ele era. E Neflite me amara sinceramente, e por amor resolvera abandonar o caminho maléfico
que até então seguira. Eu era uma menina inocente, de quatorze anos, ele um homem feito. Mas eu
o amei, e ele morreu em meus braços, mortalmente ferido pelas três youmas a serviço de Zyocite. E
quando Neflite agonizava em meus braços e as malvadas se preparavam para me atacar também, as
guerreiras apareceram. Na época eram três; Moon, Mercúrio e Marte. Júpiter não havia surgido e
Vênus, embora a primeira de todas, não tinha ainda se juntado à Princesa da Lua. Como quer que
seja, a cena que se seguiu foi espantosa e sensacional: ao comando indignado de Sailor Moon, todas
as guerreiras atacaram os demônios e os destruíram diante dos meus olhos. Entretanto, nada
puderam fazer para evitar a morte de Neflite. E eu, desesperada de dor, não pude prestar atenção
às penúltimas palavras de meu amado (porque as últimas foram dirigidas a mim). Realmente, ele
dirigiu palavras misteriosas a Sailor Moon: que o seu segredo estava seguro. Neflite,
aparentemente, descobrira a verdadeira identidade de Sailor Moon. Ele, que um dia pensara que eu
própria fosse Sailor Moon.
Depois houve o curioso episódio com Umino. Ele e Usagi vieram me visitar,
preocupados com a minha ausência da escola. Naquele tempo eu ainda não namorava Umino!
Deprimida com o desaparecimento de Neflite, eu não queria mais saber da vida. Aí, o Umino
ingenuamente me convidou para tomar um sorvete de chocolate. Usagi quase o estrangulou...
Ora, como ela podia saber do detalhe do sorvete de chocolate?
Se eu não estivesse tão triste e deprimida, teria visto logo!
Recordo até hoje como foi engraçado em meio à minha dor. A Usagi sempre foi muito
divertida e, como ela conhecia o meu segredo, não se conteve diante das indiscrições do Umino,
chegando a dar-lhe um soco e, quando ele sugeriu que eu tomasse um sorvete de chocolate, ela
apertou-lhe o pescoço.
Pobre Umino! Ele não poderia saber que eu convidara meu amado Neflite a tomar um
sorvete de chocolate comigo! Mas, pensando bem, como é que a própria Usagi podia saber que
aquela referência era inconveniente? Quem sabia da história do sorvete eram Sailor Moon, Sailor
Mercúrio e Sailor Marte – e somente elas. Foi isso que me levou a refletir – não de imediato, posto
que eu estava em estado depressivo; mas depois, bem depois. Uma das três sailors era, de fato, a
Usagi – e pelo aspecto, teria de ser a Sailor Moon.
A minha amiga de infância, a doce e travessa Usagi dos olhos enormes, era a
Guerreira da Justiça que já por várias vezes me salvara a vida e que detinha em suas mãos o poder
de derrotar demônios.
Seria isto possível? Eu era amiga íntima daquela que Deus enviara para salvar o
mundo?
Mas o que me abriu os olhos, definitivamente, foi o sucedido no dia da peça teatral
da Branca de Neve, quando fomos atacados por uma youma vestida de pierrô. Na confusão que se
seguiu, cinco meninas do grupo desapareceram e no seu lugar surgiram cinco guerreiras sailors,
que destruíram a criatura maligna diante dos olhos de toda a platéia (inclusive Shingo, o irmão de
Usagi, que de nada desconfiava; ele chegou a exclamar inocentemente: “afinal, a peça é de Branca
de Neve ou de Sailor Moon?”). E com toda a minha admiração pela Sailor Moon, naquela hora a
mais majestosa foi a Sailor Vênus que, fazendo um gesto de tesoura diante dos olhos, se
apresentou: “A lenda da máscara do passado: eu sou a última Sailor Guerreira.”
Lá estavam todas elas:
Tsukino Usagi: Sailor Moon.
Mizuno Ami: Sailor Mercúrio.
Hino Rei: Sailor Marte.
Kino Makoto: Sailor Júpiter.
Aino Minako: Sailor Vênus.
Também descobri que o misterioso Tuxedo Kamen – o novo Mandrake – só podia
ser o Mamoru, o namorado de Usagi. E a Sailor Chibi Moon, que apareceu depois, é a Chibiusa,
priminha da Usagi... ou passa por ser prima. Não sei de onde ela veio, mas é um amorzinho.
Eu sabia que forças misteriosas rondavam a humanidade, e foram elas que
fizeram aparecer a tenebrosa formação negra e cristalina no centro de Tóquio; por essa ocasião eu
tive com Usagi um curioso diálogo. Encontrei-a na rua, observando muito pensativa o cristal negro
e murmurando coisas inaudíveis para si mesma. Tive a impressão de que dizia: “Está ficando cada
vez maior”. Então eu lhe perguntei se sabia de alguma coisa. Ela negou, muito embaraçada: Usagi
sempre foi ruim para mentir. Então, levada por um impulso íntimo, eu tive com a minha grande e
querida amiga aquilo que poderíamos chamar o “momento da verdade”. Olhei-a bem nos olhos –
aqueles seus olhos enormes – e lhe disse: “Eu entendo, Usagi. Existem coisas que não podemos
falar para ninguém, não é?”
Ela ficou me olhando, sem nada falar, com a expressão muito séria. Deve ter
compreendido que eu sabia. Então, para não embaraçá-la mais ainda, acrescentei: “Fique tranqüila,
Usagi, porque eu não lhe farei nenhuma pergunta.”
Ela agradeceu e foi embora, correndo, como é seu costume (vive correndo essa
menina; poderia ser uma corredora).
E então eu fiquei de mãos postas e pronunciei uma oração espontânea, brotada
do meu coração:
“Meu Deus, por favor... protege a Usagi... e as outras.”
A aflita oração que, desde então, eu repito em silêncio ou em murmúrios, nos meus
momentos mais íntimos.
NOTA DO AUTOR: Esta fanfic baseia-se em alguns episódios da primeira e da segunda fases do
seriado japonês de animação Sailor Moon (ou no original Bisoujho senshi Sailor Moon, ou a
“Linda guerreira Sailor Moon”), por sua vez adaptação dos mangás criados por Naoko Takeushi a
partir de 1991. O seriado durou de 1992 a 1997 e em 2003 foi lançada a série de ação-viva com a
heroína. Na dublagem brasileira da série animada, os nomes aparecem adaptados, a saber:
Usagi (Sailor Moon): Serena
Makoto (Sailor Júpiter): Lita
Minako (Sailor Vênus): Mina
Naru: Molly
Umino: Kelvin
Chibiusa (Sailor Chibi Moon): Riní
Mamoru (Tuxedo Kamen): Darien e Tuxedo Mask
Shingo: Sammy
imagem da série: Usagi (Sailor Moon) e Naru, que lhe diz: "Existem coisas que não se podem falar para ninguém, não é?"
MEMÓRIAS DE UMA MENINA TRISTE
Miguel Carqueija
Eu me chamo Naru, moro com a minha mãe e sou uma adolescente, tenho um namorado
chamado Umino que é muito doido e divertido, sou uma garota normal com meus hábitos, minhas
distrações, meus colegas de escola (o ginásio Juuban Junior, em Jubanjai ), aparentemente tudo normal
e corriqueiro. Mas passei por experiências terríveis e carrego em meu espírito uma grande tristeza e
um segredo extraordinário, algo que eu descobri por mim mesma e que não posso revelar a ninguém –
nem à mamãe, nem às pessoas às quais o segredo se refere.
Sei que é difícil exprimir estas coisas tão estranhas. Eu olho para o lado, na sala de aula, e
vejo aquela garota tão bonita, com suas imensas marias-chiquinhas, aparentemente vivendo no mundo
da Lua (e como é adequado dizer isso dela!), tirando notas baixas nos estudos, levando carão da
professora. Ah, se esta soubesse o quanto deve (a própria vida!) a essa sua aluna desmiolada! Usagi
é assim, é gulosa e sempre pronta a ler mangás que a façam rir às gargalhadas, mas pode se concentrar
em sentimentos profundos, ir muito além da sua casca exterior. Carrega em si riquezas insondáveis. É
uma obra-prima de Deus. Quem é realmente Usagi? Durante anos eu fui a sua melhor amiga; quase a
única de fato. De repente foram aparecendo outras e, em pouco tempo, surgira um quinteto
inseparável, e só eventualmente um sexteto quando eu era incluída. Mas a sociedade secreta era só das
cinco, Ami, Rei, Makoto e Minako, além da Usagi. Porque sempre aquelas cinco, aparentemente tão
diferentes?
Mizuno Ami, a primeira a surgir, parece ser a estudante mais inteligente de todo o Japão.
Diferença da água para o vinho entre ela e Usagi! E ficaram unha e carne... Depois Hino Rei,
irascível, mística, atirada, sacerdotisa xintoísta, capaz de prever o futuro e esconjurar espíritos
malignos. Outra muito diferente da Usagi. Kino Makoto, tida como briguenta, muito forte e lutadora
de artes marciais, adaptou-se maravilhosamente à equipe. E Aino Minako, de louros cabelos
compridos, romântica, amorosa, meio desastrada, bem... essa até parece um pouco com a Usagi. Mas
só um pouco.
Mas como é que eu fui desconfiar disso se a Usagi parece tudo, menos uma heroína?
Aquele dia – não faz tanto tempo assim, mas parece que passaram séculos! – em que eu vi pela
primeira vez a Sailor Moon – como poderia esquecer? Foi o dia em que um monstro, uma maligna ou
youma a serviço do Reino Escuro, tomou o lugar de minha mãe na joalheria, para sugar as energias das
pessoas mediante jóias enfeitiçadas. Eram demônios de imenso poder, conseguiam se disfarçar como
humanos comuns. Como eu poderia saber que mamãe encontrava-se amarrada e amordaçada no porão,
e que na minha frente estava um monstro? Pois bem: quando a maligna me atacou, apareceu Sailor
Moon. Era uma Guerreira da Justiça, e agiu como tal. Apareceu também outra figura misteriosa, o
Tuxedo Kamen, que ajudou Sailor Moon. E depois tudo me pareceu um sonho, e também minha mãe
pensava assim. Haviam acontecido coisas muito incríveis para serem reais.
Nós já sabíamos da existência de Sailor Vênus, que era vista até em jogos eletrônicos, mas
a Sailor Moon era uma novidade. Quando aparecia, era como se o mundo se transformasse; ela
parecia trazer consigo a alegria, a coragem, a esperança de um mundo melhor. Ela mesma se dizia
uma guerreira que lutava pelo Amor e pela Justiça – assim com maiúsculas, eu imagino. Ela punia
os maus “em nome da Lua” – e como poderíamos nós, terrestres, saber que no passado remotíssimo
existira de fato um reino mítico no nosso satélite? Como poderíamos saber do Milênio de Prata?
Mas eu também não poderia imaginar que Usagi era Sailor Moon. Como pude ser cega
durante tanto tempo? Elas se conheciam mas não eram vistas juntas. Nos meus contatos com Sailor
Moon, geralmente a Usagi aparecia antes. Eu falara com Usagi naquela noite medonha em que
Neflite morreu nos meus braços. Eu me apaixonara pelo general do Negaverso sem saber quem de
fato ele era. E Neflite me amara sinceramente, e por amor resolvera abandonar o caminho maléfico
que até então seguira. Eu era uma menina inocente, de quatorze anos, ele um homem feito. Mas eu
o amei, e ele morreu em meus braços, mortalmente ferido pelas três youmas a serviço de Zyocite. E
quando Neflite agonizava em meus braços e as malvadas se preparavam para me atacar também, as
guerreiras apareceram. Na época eram três; Moon, Mercúrio e Marte. Júpiter não havia surgido e
Vênus, embora a primeira de todas, não tinha ainda se juntado à Princesa da Lua. Como quer que
seja, a cena que se seguiu foi espantosa e sensacional: ao comando indignado de Sailor Moon, todas
as guerreiras atacaram os demônios e os destruíram diante dos meus olhos. Entretanto, nada
puderam fazer para evitar a morte de Neflite. E eu, desesperada de dor, não pude prestar atenção
às penúltimas palavras de meu amado (porque as últimas foram dirigidas a mim). Realmente, ele
dirigiu palavras misteriosas a Sailor Moon: que o seu segredo estava seguro. Neflite,
aparentemente, descobrira a verdadeira identidade de Sailor Moon. Ele, que um dia pensara que eu
própria fosse Sailor Moon.
Depois houve o curioso episódio com Umino. Ele e Usagi vieram me visitar,
preocupados com a minha ausência da escola. Naquele tempo eu ainda não namorava Umino!
Deprimida com o desaparecimento de Neflite, eu não queria mais saber da vida. Aí, o Umino
ingenuamente me convidou para tomar um sorvete de chocolate. Usagi quase o estrangulou...
Ora, como ela podia saber do detalhe do sorvete de chocolate?
Se eu não estivesse tão triste e deprimida, teria visto logo!
Recordo até hoje como foi engraçado em meio à minha dor. A Usagi sempre foi muito
divertida e, como ela conhecia o meu segredo, não se conteve diante das indiscrições do Umino,
chegando a dar-lhe um soco e, quando ele sugeriu que eu tomasse um sorvete de chocolate, ela
apertou-lhe o pescoço.
Pobre Umino! Ele não poderia saber que eu convidara meu amado Neflite a tomar um
sorvete de chocolate comigo! Mas, pensando bem, como é que a própria Usagi podia saber que
aquela referência era inconveniente? Quem sabia da história do sorvete eram Sailor Moon, Sailor
Mercúrio e Sailor Marte – e somente elas. Foi isso que me levou a refletir – não de imediato, posto
que eu estava em estado depressivo; mas depois, bem depois. Uma das três sailors era, de fato, a
Usagi – e pelo aspecto, teria de ser a Sailor Moon.
A minha amiga de infância, a doce e travessa Usagi dos olhos enormes, era a
Guerreira da Justiça que já por várias vezes me salvara a vida e que detinha em suas mãos o poder
de derrotar demônios.
Seria isto possível? Eu era amiga íntima daquela que Deus enviara para salvar o
mundo?
Mas o que me abriu os olhos, definitivamente, foi o sucedido no dia da peça teatral
da Branca de Neve, quando fomos atacados por uma youma vestida de pierrô. Na confusão que se
seguiu, cinco meninas do grupo desapareceram e no seu lugar surgiram cinco guerreiras sailors,
que destruíram a criatura maligna diante dos olhos de toda a platéia (inclusive Shingo, o irmão de
Usagi, que de nada desconfiava; ele chegou a exclamar inocentemente: “afinal, a peça é de Branca
de Neve ou de Sailor Moon?”). E com toda a minha admiração pela Sailor Moon, naquela hora a
mais majestosa foi a Sailor Vênus que, fazendo um gesto de tesoura diante dos olhos, se
apresentou: “A lenda da máscara do passado: eu sou a última Sailor Guerreira.”
Lá estavam todas elas:
Tsukino Usagi: Sailor Moon.
Mizuno Ami: Sailor Mercúrio.
Hino Rei: Sailor Marte.
Kino Makoto: Sailor Júpiter.
Aino Minako: Sailor Vênus.
Também descobri que o misterioso Tuxedo Kamen – o novo Mandrake – só podia
ser o Mamoru, o namorado de Usagi. E a Sailor Chibi Moon, que apareceu depois, é a Chibiusa,
priminha da Usagi... ou passa por ser prima. Não sei de onde ela veio, mas é um amorzinho.
Eu sabia que forças misteriosas rondavam a humanidade, e foram elas que
fizeram aparecer a tenebrosa formação negra e cristalina no centro de Tóquio; por essa ocasião eu
tive com Usagi um curioso diálogo. Encontrei-a na rua, observando muito pensativa o cristal negro
e murmurando coisas inaudíveis para si mesma. Tive a impressão de que dizia: “Está ficando cada
vez maior”. Então eu lhe perguntei se sabia de alguma coisa. Ela negou, muito embaraçada: Usagi
sempre foi ruim para mentir. Então, levada por um impulso íntimo, eu tive com a minha grande e
querida amiga aquilo que poderíamos chamar o “momento da verdade”. Olhei-a bem nos olhos –
aqueles seus olhos enormes – e lhe disse: “Eu entendo, Usagi. Existem coisas que não podemos
falar para ninguém, não é?”
Ela ficou me olhando, sem nada falar, com a expressão muito séria. Deve ter
compreendido que eu sabia. Então, para não embaraçá-la mais ainda, acrescentei: “Fique tranqüila,
Usagi, porque eu não lhe farei nenhuma pergunta.”
Ela agradeceu e foi embora, correndo, como é seu costume (vive correndo essa
menina; poderia ser uma corredora).
E então eu fiquei de mãos postas e pronunciei uma oração espontânea, brotada
do meu coração:
“Meu Deus, por favor... protege a Usagi... e as outras.”
A aflita oração que, desde então, eu repito em silêncio ou em murmúrios, nos meus
momentos mais íntimos.
NOTA DO AUTOR: Esta fanfic baseia-se em alguns episódios da primeira e da segunda fases do
seriado japonês de animação Sailor Moon (ou no original Bisoujho senshi Sailor Moon, ou a
“Linda guerreira Sailor Moon”), por sua vez adaptação dos mangás criados por Naoko Takeushi a
partir de 1991. O seriado durou de 1992 a 1997 e em 2003 foi lançada a série de ação-viva com a
heroína. Na dublagem brasileira da série animada, os nomes aparecem adaptados, a saber:
Usagi (Sailor Moon): Serena
Makoto (Sailor Júpiter): Lita
Minako (Sailor Vênus): Mina
Naru: Molly
Umino: Kelvin
Chibiusa (Sailor Chibi Moon): Riní
Mamoru (Tuxedo Kamen): Darien e Tuxedo Mask
Shingo: Sammy
imagem da série: Usagi (Sailor Moon) e Naru, que lhe diz: "Existem coisas que não se podem falar para ninguém, não é?"