GALOPANDO
GALOPANDO
Mal o dia amanhecia, e o sol já ia despontando no horizonte, víamos montado em seu tordilho e garbosamente pilchado o gaúcho fagueiro, galopando e percorrendo, a pradaria do solo campesino, como só ele o sabia fazer.
Diariamente, fazia o mesmo percurso, não levando em conta: fizesse sol ou a chuva impossibilitasse sua jornada.
No inverno, com o vento forte que assolava no rincão gaúcho, portava sua indumentária, seus apetrechos de montaria, não esquecendo do chimarrão e do seu estimado e luzidio facão.
Após léguas percorridas, quando o sol escaldante, podia tostar sua pele, sentava-se à sombra da majestosa paineira e ali,
descansava, sorvendo como só um gaúcho sabe fazê-lo, o seu
delicioso chimarrão.
Ao entardecer, voltava para casa, tirava os arreios do seu tordilho, alimentava-o com a alfafa que era armazenada no paiol, deixava-o livre para a jornada do dia seguinte.
Morava só. Não tinha parentes e nunca havia casado.
Era um errante das coxilhas do Rio Grande Sul.
Parecia feliz, e a solidão dele nunca se aproximou.
Amava a terra que ele, ainda jovem, havia adotado, e o seu tordilho era o seu fiel e legítimo companheiro.
Anos se passaram. Não o viam mais galopar.
O que havia acontecido? Todos se perguntavam, pois a figura do cavaleiro troteando seu cavalo, era ouvida nas cercanias e anunciava o amanhecer e quando o sol estava preste a desaparecer no horizonte.
Resolveram saber o que havia realmente acontecido e foram visitá-lo.
Qual não foi a triste surpresa!
Sentado no alpendre, com a cuia de chimarrão ao seu lado, jazia inerte o valente e intrépido cavaleiro, vigiado pelo seu amigo inseparável o belo TORDILHO ...
CURITIBA, 1/6/2007.
Dinah Lunardelli Salomon