TEOREMA DO AMOR

Há quarenta anos eu me chamo João, e ela...se chamava Isabel.

Conhecemo-nos no final da minha infância, nos anos dourados de colégio,no pleno desabrochar da minha adolescência, naqueles primórdios da vida, aonde o tempo ...nos parece conjugar apenas o presente.

E ela, era um presente aos meus olhos!

Tinha a fala mansa, a voz doce, as mãos alvas, unhas bem aparadas,cabelos lisos e brilhantes, num tom levemente avermelhado,e algumas sardas em torno das bochechas rosadas...

Sua inteligência me encantava! E me seduzia...

Certa vez, lembro que tocou minhas mãos para me orientar algo que eu não entendia, e do qual não me recordo, pois o mundo se apagava quando de mim, ela se aproximava.

Meus olhos eram tão somente para ela!

Naqueles momentos de aproximação eles se turvavam,minhas mãos tremiam e gelavam, o coração disparava,e eu achava que sofria de algo muito grave, um súbito mal, mas que demorava a passar...

E sabem, aquele mal nunca se foi!

Vejo que não, pois aqui ao relembrá-la,sinto e transcrevo a mesma emoção, que se exacerbava ao ouvir a sua voz, em frente ao quadro negro:

-Ô João, você se esqueceu de novo de aplicar o TEOREMA DE PITÁGORAS, João!

-Desculpa, professora...

E eu sempore me esquecia mesmo! Acho que era de propósito...

Mas,meu coração nunca palpitou pelas ciências exatas!

Até hoje não sou bom na matemática...e também, eu nunca consegui contabilizar a passagem do tempo, que apesar de ligeiro, e assim como o tal do teorema,jamais conseguiu equacionar aquele meu sentimento de amor...