Bruma leve tão suave

Os dias seguem no mesmo compasso

Rituais repetitivos que tendem a permanecer

E ela se dirige com os mesmos passos

A cada pôr do sol, a cada amanhecer

A linda capela na praça

A santa capela para ela

É sua única fonte

O seu mundo!

O seu tudo!

É só.

Olhos cerrados,

Joelhos dobrados,

Um clamor fervoroso:

Livrai-nos do mal e leva-me daqui!

O desejo crescia a cada dia,

A cada verão seu coração clamava.

Mas como conhecer um outro infinito,

Se o universo dela cabia em uma única Capela.

Até que um dia um velho mestre mago

Montado em um branco cavalo apareceu

Sem falar a sua língua, segurou

A sua linda mão e por dez horas

Realizou um desejo seu

E a moça da capela está em outra dimensão

Um mundo diferente sem trevas, sem contradição

Era um lugar repleto de grandes mestres magos,

De ciganos e sátiros,

Covas e leões,

Anjos e pequenos demônios.

E todos falavam línguas diferentes,

Mas todos entediam tudo, sempre.

Ela sentia a brisa do mar

Quando ao mesmo tempo corria

Entre grandes campos verdes.

E do outro lado, um lindo lago

Uma ponte flutuante

Visões hipnotizantes.

Ela bebia e comia da bebida dos Deuses

Era um fruto branco,

Pequeno e roliço que derretia

Ao ser tocado por sua boca.

Todos cantavam

Em uma única voz

Uma voz que era formada pela

Aquela mistura de línguas.

Sim! Línguas misturadas,

Línguas a falar

Fale!

Mas a areia estava derramando

E acabou.

O seu tempo estava esgotado.

Ela pegou uma carruagem

A carruagem dos vitoriosos

Vitoriosos lhe deram aquela viagem.

A moça saiu da bruma leve tão suave

E voltou para o seu universo.

Voltou para sua capela.

Mas dessa vez ela não está mais triste

Seu coração bate como nunca antes

Pois ela viveu em outro mundo

Ela viveu uma grande aventura

A moça da capela simplesmente

VIVEU!

Daniel Vitor de Almeida
Enviado por Daniel Vitor de Almeida em 17/11/2014
Reeditado em 20/11/2014
Código do texto: T5038607
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