Bruma leve tão suave
Os dias seguem no mesmo compasso
Rituais repetitivos que tendem a permanecer
E ela se dirige com os mesmos passos
A cada pôr do sol, a cada amanhecer
A linda capela na praça
A santa capela para ela
É sua única fonte
O seu mundo!
O seu tudo!
É só.
Olhos cerrados,
Joelhos dobrados,
Um clamor fervoroso:
Livrai-nos do mal e leva-me daqui!
O desejo crescia a cada dia,
A cada verão seu coração clamava.
Mas como conhecer um outro infinito,
Se o universo dela cabia em uma única Capela.
Até que um dia um velho mestre mago
Montado em um branco cavalo apareceu
Sem falar a sua língua, segurou
A sua linda mão e por dez horas
Realizou um desejo seu
E a moça da capela está em outra dimensão
Um mundo diferente sem trevas, sem contradição
Era um lugar repleto de grandes mestres magos,
De ciganos e sátiros,
Covas e leões,
Anjos e pequenos demônios.
E todos falavam línguas diferentes,
Mas todos entediam tudo, sempre.
Ela sentia a brisa do mar
Quando ao mesmo tempo corria
Entre grandes campos verdes.
E do outro lado, um lindo lago
Uma ponte flutuante
Visões hipnotizantes.
Ela bebia e comia da bebida dos Deuses
Era um fruto branco,
Pequeno e roliço que derretia
Ao ser tocado por sua boca.
Todos cantavam
Em uma única voz
Uma voz que era formada pela
Aquela mistura de línguas.
Sim! Línguas misturadas,
Línguas a falar
Fale!
Mas a areia estava derramando
E acabou.
O seu tempo estava esgotado.
Ela pegou uma carruagem
A carruagem dos vitoriosos
Vitoriosos lhe deram aquela viagem.
A moça saiu da bruma leve tão suave
E voltou para o seu universo.
Voltou para sua capela.
Mas dessa vez ela não está mais triste
Seu coração bate como nunca antes
Pois ela viveu em outro mundo
Ela viveu uma grande aventura
A moça da capela simplesmente
VIVEU!