Como me libertar dessa escuridão?

Já não conseguia mais sonhar.

Sentia-me perdido.

Eu fechava os olhos e até contava carneirinhos enquanto implorava por minha vida de volta.

Mas não adiantava.

Aqui eu não durmo, nem sonho e sem sonhos, não existo.

A vida passa diante dos meus olhos em preto e branco, não existe luz alguma Aqui.

É assustador.

“Aqui” é o lugar que vivo atualmente.

Meu próprio mundo, que apesar de odiá-lo, acabei sendo Rei.

E assim eu continuo, governando as trevas do mundo.

Eu desejei algo que me livrasse do peso de comandar a escuridão e os sábios de “Aqui” disseram que apenas um – Como eles disseram mesmo?- Ah sim, um sentimento - que chamaram de amor – seria capaz de me libertar.

Vago em busca dele. Pergunto as pessoas se elas o viram. Mas elas não sabem me dizer onde ele está.

Algumas até dizem que ele não existe.

Voltei aos sábios e eles me disseram que não devo confiar naquelas pessoas porque elas simplesmente não acreditam no amor. Eles disseram também que o mundo no qual nasci desconhece o amor bom, eles amam a guerra apenas.

Assim, tentei novamente dormir para que eu pudesse sonhar com a liberdade, mas foi em vão outra vez.

Fiquei frustrado. Estava preso em um mundo escuro e sufocante e a única coisa capaz de me libertar – segundo as pessoas- não existia.

Uma dor lancinante invadiu meu coração.

Quem era o amor? Onde ele estava?

Chorei tentando tirar a dor da perda -de algo que nunca tive- de mim.

No outro dia – não digo outra manhã, porque em “Aqui” desconhecemos a luz. – sentia-me –além de perdido- vazio.

Vaguei novamente, mas dessa vez sem procurar o tal amor, até que vi uma luz.

Uma luz incrível que fez meu coração acelerar. E pela primeira vez depois de muito tempo, senti um sorriso escapar dos meus lábios.

Aproximei-me da luz. Era linda. Uma menina pequena e morena. Cabelos longos e ondulados de um castanho-ouro encantador. Seus olhos eram dourados.

Meu coração preencheu e de repente o mundo parecia mais colorido e iluminado.

Então aquele era o amor?

Sorri, sentindo a felicidade tomar conta de mim enquanto a garota finalmente me notava. Ela sorriu de volta, e aquilo foi mais que suficiente, sentia-me livre e feliz.

Ela havia me salvado.

- Olá amor. Disseram-me que você não existia, mas eu te encontrei. O que eles diriam disso? - Ela sorriu novamente e eu me perdi – mais uma vez-. Mas ao menos dessa vez me perdi em algo belo.

Maa Auditore
Enviado por Maa Auditore em 21/10/2014
Código do texto: T5007374
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