Viagem

Elza vinha pelo caminho escuro. E por mais que parecesse estar sozinha, não estava. Elza vestia um lindo vestido vermelho. Sem corte. Sem estampas. Sem detalhes. Era só um vestido. Simplesmente um lindo vestido vermelho. O vestido realçava a beleza de Elza. O seu vermelho sangue contrastava perfeitamente com os seus olhos. Seus olhos não eram azuis. Seus olhos não eram verdes. Seus olhos não eram castanhos. Eram olhos. Simplesmente olhos. Seus cabelos eram ouriçados. Cada fio estava em seu lugar mesmo estando fora do lugar. Não era liso. Não era um rótulo. Era simplesmente, cabelo. Elza era linda. Não era perfeita. Não era imperfeita. Era simplesmente linda. Elza andava sem medo. Não corria. Não se apressava. Simplesmente andava. Levava seus sapatos nas mãos. Elza gostava de sentir o chão abaixo de si. Elza sorria. Elza fugia. E assim se passaram os anos, rimando sem forma de poesia. Vi Elza Cair. Vi Elza se levantar. Vi Elza se sacudir e voltar a andar. Vi Elza cair na lama. Vi Elza fugir do altar. Vi Elza de pés descalços tropeçar. Vi seu ego sangrar...

Vejo que Elza lutou muito. E parece que vai chegar lá. Seu vestido vermelho está sujo e rasgado. Seus pés machucados. Seu cabelo está necessariamente bagunçado. Seu olhar está marcado. Sua face tem um ou dois pés de galinha. Mais Elza está mais linda ainda. Talvez pela sede de vitória. Pela vontade de chegar lá. Talvez pelas marcas que traz consigo. Pelo sangue que vi jorrar. Segundo Elza tudo era preciso. E como ela mesma diz: Cicatrizes são interessantes, além das dores e lições trazem consigo lembranças e sorrisos tortos. Tenho certeza que em breve Elza vai chegar lá. Não vai pular o muro. Não vai desafinar. Elza vai simplesmente, chegar lá.

Jhullie Silva
Enviado por Jhullie Silva em 19/10/2014
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