Os Visitantes Noturnos

O quarto de Julinho ficava na melhor parte da casa: arejado, com as folhas de sua janela viradas para a vegetação do sítio. À noite, vislumbrava o espetáculo dos raios lunares alumiando o ipê-amarelo, incendiando de luz as árvores vizinhas.

Certa noite, porém, viu a luminosidade mais intensa para aqueles lados, ondas de luz esbranquiçadas avivavam mais os vegetais e os pássaros e bichos de criação estavam mais agitados do que o habitual.

Pegou a luneta do seu vô Getúlio e ampliou o ângulo da visão tornando mais nítidos os mínimos detalhes.

Deu conta de vultos vaporosos, como se estivessem saindo de uma densa neblina e apertou a respiração quando detectou detalhes de rostos humanos colados em corpos que em nada se pareciam com os de nossa espécie.

Sentiu uma força atraindo-o para junto deles e ele foi tragado de forma involuntária, flutuando como uma folha ao vento, sem tocar os pés no chão arenoso.

Quando chegou próximo à nave incandescente, foi posto no solo de maneira súbita e ficou petrificado ante a aproximação dos visitantes.

“Somos Zig e Zag, originários de um planeta muito distante da Terra e viemos em missão de paz. Também somos crianças iguais a você, mas já dominamos o espaço, pois nossos conhecimentos são mais avançados.” – esclareceram os visitantes noturnos.

“Meu nome é Julinho e estou muito nervoso com tudo o que está acontecendo. Preciso beliscar-me para ter a certeza de que não estou sonhando!” – segredou o assustado garoto.

Durante toda a noite conversaram sobre os hábitos do distante planeta, conceituando os cuidados com os estudos, a saúde e a preocupação com o meio ambiente.

No longínquo planeta, a prioridade é a satisfação das necessidades vitais da população, tais como a alimentação e o respeito ao próximo. Todos trabalham em conjunto em prol da coletividade.

Lá não existe pobreza, distinção de classes, nem marginalização social. Meninos de rua é coisa que não existe, pedintes nas esquinas nunca houve, tudo é fortalecido pela lei universal da solidariedade.

Julinho acordou no dia seguinte com uma sensação estranha. Algo acontecera durante a noite que marcaria para sempre a sua forma de pensar sobre o destino da humanidade.

Sob a luz do novo sol, o ipê-amarelo resplandecia com indescritível luminosidade.

Rui Paiva
Enviado por Rui Paiva em 18/10/2014
Código do texto: T5004034
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