A lenda dos pássaros
No tempo em que os dinossauros ainda viviam sobre a face da terra, houve uma era de calmaria e muitos deuses vieram morar neste planeta. Foi quando nasceu a deusa Letícia, e ela se tornou uma criatura alegre e que gostava de cantar. Ela cantava tanto de dia quanto de noite, e não dormia nunca, porque era uma deusa.
Certa noite, Letícia estava cantando para a Lua Cheia, sentada em uma clareira no meio da selva densa, momento em que no céu, muito longe, apareceu um pontinho escuro que foi crescendo lentamente, foi se aproximando e tomando a forma de uma criatura alada que revoou pelo céu e pousou ao lado da deusa. Era um tipo de anjo misterioso, dotado de grande força e poderosas asas, e o seu corpo era coberto de escamas escuras. Letícia sentiu medo, mas além de alegre ela também era uma deusa corajosa e puxou conversa. A criatura chamava-se Roar, o deus do medo, e os dois conversaram a noite toda. Nas noites seguintes, Roar voltou para ouvir Letícia cantar; os dois se tornaram amigos, a amizade foi crescendo e transformou-se em amor.
Letícia e Roar passavam as noites na clareira da floresta, nas praias à beira do mar, ou perto das cachoeiras, cantando e contando histórias engraçadas e “causos” interessantes, e os dois também namoravam. Os anos passaram e eles tiveram muitos filhos, tão variados e belos quanto as canções de Letícia. Foram tantos filhos, que cresceram, se espalharam pelo mundo inteiro, nasceram os netos, os bisnetos, trisnetos e formou-se uma raça de milhões de criaturas dotadas de asas que gostavam de cantar. Suas escamas eram leves e coloridas, e receberam o nome de penas.
Quando os deuses começaram a deixar o planeta Terra, para dar lugar às novas raças que foram surgindo, entre elas a raça dos homens, a deusa Letícia e Roar também foram morar em outro mundo. Foi então que os seus descendentes se tornaram os pássaros que por aqui vivem, de todas as formas, tamanhos e cores.
O nome da deusa Letícia na língua dos deuses significa Alegria, e o nome do deus Roar significa Medo. Portanto, os pássaros são descendentes do amor improvável que surgiu entre a Alegria e o Medo.
Os pássaros são tantos, tão variados e encantadores que ninguém sabe dizer de quantas espécies eles são. Quase todos gostam de cantar, provando que são criaturas alegres e encantadoras, porque são filho da Alegria, e são ariscos, se assustam facilmente e fogem voando a qualquer sinal de perigo, porque também são filhos do medo.