QUE VENHA À NOITE
 
         A noite chegava com o cair da tarde! O sol preguiçosamente deixava-se mergulhar na linha do horizonte distante, podia-se ouvir o barulho de suas chamas aquecendo as águas encrespadas do mar a beijarem suavemente a areia branquinha enfeitada de conchas multicoloridas. A cena era qualquer coisa surreal, como figuras que se formam num caleidoscópio tridimensional. Falando em dimensão, a sensação era a da pura e límpida imaginação a fluir! Uma composição formada pela união do céu, estrelas, lua e o silêncio da beleza estonteante daquele paraíso.
         As horas avançavam através dos ponteiros mudos, causando em mim uma tortura intensa, redemoinhos que giravam sem parar dentro de meu estômago, revirando versos, ansiedades, manobrando as emoções postas ali. Ah esse bendito tempo, fato da existência maior da vida, não espera por nada nem por ninguém, simplesmente faz acontecer! Entrelaçadas nos momentos a eternizarem-se nas lembranças, as mãos abrigavam todos os segredos velados a serem vividos e compartilhados. Agora já não era tarde, nem noite, apenas instante de rara beleza, confluência de corpos e almas, habitat mútuo.
                   Sopra uma brisa suave a enxugar nosso suor exposto, posto que o amor queima sem machucar, ferve sem deixar derramar, mas faz também explodir em cantos de encantos de poder gritar, gemer e não desejar o fim! A noite perdera sua inocência, agora já era madrugada, e como tudo mais estava mais bela por ser atemporal, guardando as marcas de um carinho intenso que ficara a escorrer permanentemente de nossos desejos seculares de amantes insaciáveis!
 
 
 
Ricardo Mascarenhas
Enviado por Ricardo Mascarenhas em 13/08/2014
Reeditado em 13/08/2014
Código do texto: T4921172
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.