Mona 25
Mona soltou um leve suspiro. Sentiu sua mão tocando em um papel, folheando páginas. Ela estava sentada e de frente para uma pilha de livros, e sua mão pousava em um exemplar aberto mais ou menos ao meio.
Ao seu redor, encontravam-se enormes estantes preenchidas com as mais variadas obras literárias. Mona se deu conta de que estava em uma biblioteca – que, pelo visto, estava vazia.
- Não me lembro... Como eu vim parar aqui? – Ela tocou de leve a cabeça e pareceu forçar a memória.
A garota fechou os olhos por alguns segundos e, ao abri-los, notou algo curioso: palavras pareciam aparecer magicamente nas páginas entreabertas do livro em que tocara. Mona, então, começou a ler o novo parágrafo que se formara.
“Aceitei o convite e vim para a biblioteca. Achei estranho não haver ninguém nos arredores e resolvi entrar. Para a minha surpresa, a parte de dentro do local era muito maior e mais bonita do que a entrada. Ainda assim, não cheguei a ver uma alma por aqui.”
Ao ler as últimas palavras, Mona sentiu dor de cabeça e se espantou ao notar que tudo aquilo o que ela havia acabado de ler lhe parecia muito familiar. Ela voltou algumas páginas procurando por mais textos:
“Estava tudo muito escuro, e de repente o piso abaixo dos meus pés parecia brilhar...”
“... pegou o meu braço e senti muita dor...”
“... eu não podia parar, nunca...”
Horrorizada, Mona levou uma das mãos à boca enquanto mostrava uma expressão de espanto. O livro não tinha nome – a capa e a lombada estavam vazias. Jogando o objeto longe, a moça percebeu a razão para a sua súbita falta de memória e se dirigiu, atormentada, para a saída.
Quando estava quase na porta, Mona notou um espelho e o olhou intensamente. Seu rosto, ainda assustado, estava gradualmente desaparecendo com o resto do corpo.