A lenda do Arco-íris
Conta à lenda que em algum lugar do universo existe um mundo, onde no princípio moravam crianças muito tristes. Naquele lugar tristonho não viviam as cores. No planeta sem cor, todas as crianças sonhavam com tudo colorido, elas conheciam as cores e sabiam seus nomes, só que não sabiam como colocar as cores nas coisas. Todas as crianças tinham nomes de cores porque grande era a vontade de verem seu mundo todo colorido e não sabiam como fazê-lo, assim a tristeza tomava conta a cada dia, mais e mais, de todos os pequenos.
No entanto, morava ali uma menina muito feliz que se chamava Rosa, ela era sonhadora, pulava e cantarolava afirmando sempre que seu mundo era colorido, conversava com os pássaros, com as flores e com as borboletas.
– Olá borboleta, que cores lindas você tem!
– Como vai linda flor? Que vermelho radiante.
– Oi papagaio Taco que verde fantástico!
Os outros amiguinhos de Rosa sabiam que as cores existiam, mas as cores não estavam nas coisas. As cores estavam dormindo em algum lugar perdidas. Os pássaros, as borboletas, o céu, o mar, as flores, os peixes, nada tinha cor.
E Rosa continuava feliz, cantarolava, dançava e pulava de alegria. So´que isso a incomodava, e assim, inconformada retrucou:
– Não é possível, por que só eu vejo o planeta colorido?
Os amigos de Rosa não acreditavam nela, achavam que era tudo mentira, fazia isso só para provocá-los. Um belo dia, seu amigo Verdinho ficou muito irritado e perdeu a paciência, zangado gritou:
– Eu em Rosa! Pare já com tanta mentira!
Azulino que estava por perto levou um baita susto com o berro de Verdinho e disparou a rir dizendo:
– Que berro é esse? Eu em Verdinho! - e deu risada.
Verdinho achou muito engraçado o susto que Azulino levou e começou a dar gargalhadas também repetindo a mesma frase.
– Eu em Azulino!
Cada criança que estava por ali e as que se aproximaavam começaram a dar gargalhadas e repetir também a tal frase com os nomes dos outros amiguinhos.
- Eu em Amarelo!
- Eu em Violeta!
E todos davam muitas risadas.
- Eu em Vermelho!
- Eu em Lilás!
E assim por diante.
Foi um tal de “Eu em pra lá” e “Eu em pra cá” de todas as cores, em meio a muitas gargalhadas que rompiam como pipocas.
Tão contagiante foi a corrente que se formou dos nomes das cores e das gargalhadas, que as cores despertaram e começaram a explodir e espocar sem parar.
De repente, um belo arco-íris rompeu o céu com suas cores vibrantes e tudo ficou colorido, como que por encanto e magia. Despertaram todas as cores: azul, rosa, vermelho, laranja, amarelo; verde, violeta, preto, branco... E mais cores misturavam-se e novas cores surgiam.
Porém, faltava o brilho das cores e ele só surgiu quando um pote transbordando de ouro apareceu no final do arco-iris, o brilho refletiu como um espelho reluzente. Mas havia uma condição, se algum dia esse pote de ouro fosse roubado sumiriam novamente todas as cores e o brilho do planeta.
Os pássaros, as borboletas, o céu, o mar, a floresta, as flores, os animais, a cachoeira, as nuvens, tudo renasceu colorido e brilhante.
- Eureca! Era isso que faltava! A autêntica alegria das crianças. - descobriu verdinho.
As crianças finalmente se deram conta que ser feliz era o que faltava para o mundo ficar colorido e que eles tinham o poder de colorirem seu próprio mundo.
Rosa olhava espantada para toda aquela festa e sem entender muito bem o que estava acontecendo disse:
– Eu em Rosa! E começou a pular e dar risadas também.
O arco-íris nasceu da alegria e da inocência das crianças e até hoje ele existe porque o que as crianças possuem de mais precioso é a honestidade, por isso nunca nem pensaram em roubar o pote de ouro.
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RADICH, Sandra Ferrari, Coleção Desperta criança poeta - "Conta outra vez! Era uma vez". Prosa e poesia 1a Edição, Lisboa - Editora Mágico de Oz - Portugal - 2014 - pág. 59,61
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