Memórias de um Aprendiz - Parte 2 - 20/21
Capítulo 20 – Matança
– Agora começa a parte interessante: matança. – diz o general.
– Você é obcecado por lutas, precisa se tratar. – comenta Hitch.
Enquanto fala já começa a acertar os que entram no alcance da magia da Kaleido.
–Alexis, cuide da comandante, ela será um problema livre! – grita Raitun com a campanha a ponto de bater de frente com o enorme exército vindo a toda velocidade na direção oposta.
– Palavra de poder: Rizomus! – grita a sacerdotisa. Inúmeras raízes e troncos brotam do chão, envolvendo e prendendo rigidamente a condessa. Ela livra-se da magia rapida-mente, mas antes que consiga atacar é paralisada por uma magia de Hitch.
– Mary? Sua vez! – diz Alexis para a colega de sacerdócio, que atende prontamente e rapidamente, levantando o cajado e dizendo:
– Palavra da sombra: Empower! – Após a magia de Mary Raitun cria uma barreira de repulsão, que devasta uma área bem maior que o esperado.
– O que foi isso?– pergunta ele.
– Empower aumenta a potência das próximas magias. Minha habilidade mágica é de assistência. Em meio à conversa e à corrida frenética da guerra, os olhos de Lilith vêem um dos soldados pulando direto para o pescoço de Raitun.
– Raitun! – grita ela no susto.
– Palavra de poder: Aegis!– Grita Alexis, materializando assim vários escudos de mana em volta do grupo, escudos que por sinal livraram o aprendiz de tomar um possível golpe mortal.
– Não é hora de relaxar idiota! Apenas de inferiores em habilidades, o número em que eles estão é preocupante! Quase... Infinitamente maior! – Diz Kitsu. Depois disso o grupo continua correndo, abrindo espaço em meio à colossal e infindável horda de soldados do auto-proclamado Darklord.
Enquanto os oito correm contra a maré o exército continua avançando e finalmente alcança Midgard. Ali iniciam uma série de ataques. Sem muito efeito eu diria, pois a barreira se manteve firme. E a barreira abria um enorme espaço e certa tranqüilidade para o contra ataque dos arqueiros montrisianos. Não apenas eles. As Willow, recém chegadas ali, também começam a fazer sua parte. Em “modo de combate” elas mais pareciam humanos gigantescos com galhos, pele de árvores e folhas do que propriamente árvores. Deveria até ser usado o termo “gigante”, considerando a estatura... Ou o termo “híbrido”... O que importa é que elas deram sua grande e furiosa contribuição. As Willow vieram ser catapultas vivas e naturais de Montris. Posicionando fora da barreira e ao lado contrário da linha de frente inimiga, garantem sua proteção. Posição privilegiada para elas, de onde começam a lançar pedras que passam voando por cima da barreira, como se realmente fossem lançadas de uma catapulta, que visam destruir o máximo possível do inimigo. A palavra da guerra não é nada esperançosa: destruir, matar, esmagar... Algumas ainda faziam uma espécie de ataque surpresa: Usavam as raízes. Perfuravam secretamente a terra criando buracos onde prendiam os inimigos, atravessavam soldados com as raízes como se estas fossem as lanças afiadas da linha de frente. E assim a resistência se mantinha, pondo uma boa palavra na guerra: esperança. Esperança de que aquela resistência que servia de distração fosse vitoriosa em seu objetivo. E de que aqueles “meros oito” conseguissem adentrar o exército inimigo. A condessa estava mais preocupada em destroçar a barreira, e isso dava cada vez mais margem ao plano de nosso aprendiz. O que eles não esperavam, ou fingiam que não, era que viessem mais interven-ções da figura de foice.
– Hora de aumentar um pouco o nível. – Diz a figura citada de antemão, pulando enquanto gira sua foice acima da cabeça, caindo com esta raspando uma pedra.
– O ceifador vai atacar novamente... – diz o aprendiz, de certa forma seduzido pela criatura da foice. Enquanto este prediz, ela diz:
– Dark summoning: Reminiscent of Ancient Drakes (Invocação obscura: Reminiscência dos Dragões Ancestrais) – foi o que a figura disse. E da pedra começa a brotar fumaça, que começa a se materializar atrás da invocadora, como os três lendários dragões sobreviventes. As asas daquelas criaturas cobriam o sol, seu rugido levava o medo aos montrisianos, e a campanha continuava a lutar, mesmo que na sombra. Mas não por tanto tempo, afinal, sacerdotisas sempre intervém a favor com seus cajados élficos.
Capítulo 21 – Brincadeiras sérias
– Palavra de poder: Lucio! – a palavra de poder é proferida por Alexis, criando imediatamente uma poderosa luz na ponta de seu cajado. Luz por sinal forte o suficiente para afastar os dragões, que já preparavam sua investida contra a campanha. Os dragões fogem atordoados e sés recobram a consciência perto de Midgard. Assim resolvem trocar de alvo e começar a bombardear a cidade.
– Hora de brincar! – diz Karen, se alongando com um sorriso confiante no rosto.
– Vai lá... Boa sorte. – responde Hana
Hana puxa o capuz que Karen usava no momento, revelando que por baixo dele existia uma mulher com um kimono de artes marciais negro. Karen investe furiosamente contra o comandante, e esta após defender, desviar alguns golpes e arranhá-la com seu machado, golpeia a lutadora com o escudo, jogando-a de volta para dentro da barreira. Ao notar o corte provocado pelo machado, Karen grita freneticamente, fazendo dos gritos companhia da sua cara de pavor.
– Oh! Meus deuses! – grita novamente com a mão no corte da testa – preciso de uma desintoxicação e uma sutura, urgente! Isso está infeccionando, vai tomar conta do meu corpo em breve! Não, não vai NE? Sua foi é envenenada com alguma droga que causa uma parada cardiorrespiratória, não é? 30 segundos após a injeção da droga as vitimas morrem estranhamente, não é?
– Se a última alternativa fosse válida você não chegaria a mencioná-la, seu ser...
– “Profundissimamente hipocondríaco”? Tou sabendo...
– Hm, interessante... – retruca a condessa.
– O que? – pergunta Karen.
– O único verso decassílabo com duas palavras dessa língua, não é? Realmente uma arte. Mas no seu caso... É isso demonstra um pouco de paranóia– diz o ancião, interrompendo.
– De que lado você está finalmente? – pergunta Karen
– Exatamente do lado no qual deveria estar. Agora vá.
– Velho estranho... – resmunga ainda, ajeitando a roupa, limpando aqui e ali. Depois sai da barreira, com uma face mais séria.
– Hora de brincar de verdade. Quer? – diz ela oferecendo uma garrafa. Antes de qualquer esboço de resposta põe-se a sorver o conteúdo da garrafa, e rapidamente aparece perto da condessa, chutando-a para o alto.
– Primeiro limite: corpo! – diz Karen. A técnica converte a mana para o corpo, fortalecendo músculos e aumentando a velocidade do usuário. Karen pula, quase instantaneamente está acima do nível ao qual a condessa foi lançada, e isso lhe dá margem para sua próxima técnica.
– Zan'nin na kobushi!(punho brutal) – Mais uma técnica física: juntando uma quantidade absurda de mana para despejar em um único soco. Já na segunda metade do caminho, Raitun escuta uma explosão e sente os choques de auras.
– O que foi isso? – pergunta.
– A Karen sentando a mão em alguém sem sorte. Acho que... Na condessa. Vai ser uma boa diversão para ambas– responde sua parceira, com um sorriso que se fecha logo depois de falar.
– Dark summoning: Winged Legion. – é a figura encapuzada mais uma vez “aumentando a dificuldade”. A invocação da vez é uma legião de pequenos demônios alados.
– Por que temer trevas se temos a luz, não é? – diz Alexis levantando seu cajado – Palavra de poder: Barreira iluminada! – logo após as palavras proferidas uma barreira de luz se ergue em volta do grupo. E é suficiente para segurar os demônios... Por certo tempo.
–Invocação poderosa... Minha barreira vai acabar quebrando.
– Então vamos nos defender de um jeito melhor: atacando. – profere Raitun, sempre de pé em cima da raposa. De sua posição pula o mais alto que pode (ou seja, muito alto), parando no ar em um pé, assim como ele via a raposa fazer (concentrar mana nas patas... interessante). Sua aura imediatamente se torna mais intensa, um círculo com inscrições antigas instantaneamente se materializa abaixo da linha de seus pés.
– Primeira dança: Valsa das lâminas gêmeas. – A técnica do aprendiz em nada se parece com uma valsa. Lembra alguma dança com espadas. Raitun começa a girar as katanas gêmeas em vários sentidos, e depois, ao encostar os dois pés no “chão”, começa a girar no interior do círculo, mantendo os movimentos com as espadas. Era como se esti-vesse treinando. A diferença é que cada movimento projeta uma lâmina de mana maciça nos inimigos, seja ele demônio voador, soldado ou refém dos Luminus. Após limpar completamente a área ele toma um impulso no ar e vai direto de encontro à figura misteriosa. Não há medo, nem deve haver piedade na batalha. E é um mistério o que há naquele par de olhos. A surpresa é bem maior que o esperado: O ataque de Raitun cessa a centímetros do inimigo... Em uma barreira.
– Ainda não. Que tal um último desafio?
– Que seja. Pode man- AH! – a resposta impetuosa é interrompida para desviar de um golpe que realmente por pouco não o atinge. Ao levantar-se vê que apareceram três humanóides gigantescos em volta da campanha. Realmente monstruosos. Como diria a maioria dos montrisianos se os vissem, o que tinham de grandes, tinham de feios.
– Alguém pode me explicar quem ou o que diabos são essas coisas?
– Trolls selvagens gigantes. Também muito chamados de Ogros, monstros... São derrotáveis, é o que importa. – diz o meio orc.
– Muito resistentes. Tanto a magia quanto a dano físico. Aliás, magia quase não funciona neles.
– São derrotáveis. – repete o general.
– Pff, Ataquem! –diz a figura dona da foice.
– Ao ataque! – retruca o meio orc com um sorrido no rosto. Rapidamente avança e começa a retalhar o da esquerda. O imperador avança com seu machado no do meio, e Raitun resolve observar os dois. Logo percebeu que quanto mais era retalhado mais o ogro da esquerda crescia. Acontecia a mesma coisa com o do meio, de forma mais lenta. Ele se prende tanto às analises que quase é atingido pelo inimigo, ou especificamente, pela clava monstruosa que o inimigo segurava. Seu reflexo o livra da infelicidade.
– Cuidado! Eles são poderosos!– alerta uma sacerdotisa. Após o alerta ela e as outras garotas montam uma espécie de barricada, atacando quem entrasse em seu perímetro. O exército (ou o que sobrou dele) estava se juntando em volta deles novamente. Essa era a parte ruim da coisa. A boa era que isso os empurrava para a borda do continente, o destino que queriam.
– O que há com esses trolls? Estão crescendo e ficando poderosos a cada instante! E mais feios... Como isso é possível?
– Ira de ogro. – comenta o anão do grupo.
– Ahn... Detalhes? Ah! – retrucou o garoto, não se sabe se ele parou por aí por que queria ou para desviar uma sequência de golpes.
– Quanto mais ira eles acumulam, maior o tamanho/poder deles. Também chamam esse tipo de poder de berseking...
– Ah, e por que estamos brincando em vez de tentar atacar os pontos vitais mesmo? – Se esta fosse uma pergunta a si mesmo, o vácuo seria a resposta, já que ele é obrigado a saltar para trás tentando sair do alcance do troll. Irritado, comenta. – Ótimo, além de feio, grande e forte esse ainda é irritante... Parece até um goblin gigante!
– Garotos, dá pra agilizar a luta aí? Precisamos andar, lembram? – comentam elas, e comentam outras coisas. Reclamações logicamente.
– Bem... Foi divertido, mas hora de acabar... –diz o meio orc, aumentando o fluxo de mana em volta do corpo. – Desculpas aí, mas exterminamos por ordem de feiúra. – após uma leve e breve risada Sigfried pula até a altura da cabeça do troll e o parte de cima pra baixo em dois.
– Depois os ogros são os monstros... – comenta Hitch
O som da colisão de Gran com o chão coincide com outro som (não muito bom, por sinal): o som do inimigo jogando Raitun para o alto depois de uma sequência de golpes. Após cair o aprendiz ainda é soterrado por um golpe de clava.
– Acho que agora ele aprendeu... – comenta o imperador.
Alguns instantes de silêncio tomam conta do barulhento ambiente de guerra.
– Raitun?! – grita Lilith com certo tom de desespero.
– É, acho que ele realmente aprendeu. – comenta o general.
– Aprendi algo mais interessante... – diz a voz de Raitun ainda lá dentro. Uma aura avermelhada toma conta da cratera.
– A ira dos ogros?! Como... – diz Lilith, agora com certo tom de surpresa.
– Bingo. – responde ele, saindo da cratera, envolto por uma aura avermelhada.
– Segunda dança: corte sônico das lâminas gêmeas! – [A técnica em si é tão problemática de explicar de ser executada quanto de ser descrita. O usuário se agacha apontando as lâminas para o inimigo, uma com o braço reto, outra por cima da cabeça. Nessa posição lança uma lâmina de mana e corre para o inimigo, batendo nele junto com a lâmina. Feito isso, o usuário para em frente ao inimigo e desfere uma série de golpes no inimigo (por volta de trinta e sete. Isso tudo é feito muito rapidamente, tornando difícil o aprendizado e a leitura dos golpes. Detalhe adicional: todos os golpes são perfurantes.). Após a sequência ele ainda pula girando no ar, golpeando o alvo dessa maneira mais algumas vezes e finaliza caindo no chão, juntando as espadas em forma de cruz e lançando uma lâmina nesse formato diretamente no inimigo já perfurado. Difícil, rápido, destruidor.] O golpe é executado com perfeição e atinge o inimigo, no caso, um gigantesco troll que é jogado na barreira e cai no chão, retalhado e morto. A aura do aprendiz se estabiliza após o ataque, e ele vira-se a tempo de ver o imperador degolar o troll restante com um único golpe.
– Simples e rápido, não?! Mas parece que os lordes precisam enfeitar e ter uma “linda vitória”... Contra isso – aponta os trolls.
– Sir, já ouviu falar em aquecimento?– pergunta o meio orc
– Sir, já ouviu falar em “o plano é descer o cacete”, perdoando a linguagem rude?
– Sou um anão, não um elfo nobre pra me preocupar com que tipo de linguajar usam comigo. Bem, a próxima criatura a morrer é você, coisa de capuz.