Brisado
Acalorado: é o adjetivo que melhor qualifica o meu embate com o Xerepa, irmão caçula do Capeta.
Ergui meu indicador entre seu bigode e narinas avermelhadas. Joguei pó de kriptonita em sua direção. A espécie de capiroto espumou os cantos dos olhos. Desenvolveu golpes de capoeira em meu rumo, a toda sorte. Exalava sulfeto de hidrogênio. Eu ouvia tambores batucando. Entoei, desafinado, uma cantiga pentecostal. Aquele hino me vinha à lembrança fragmentado. As sandálias escorregavam nos pés. A urina foi o que verti primeiro! O irmão do Belzebu contorcia, como se estivesse eletrizado.
Madrugada de intensa claridade do luar, no vilarejo. Xerepa, magricelo rodopiando nos calcanhares, da direita para a esquerda. O tacanho tinha os pés redondos, mas seu rastro era comprido. Após eu ter clamado pelo nome de Jah - o que eu deveria ter feito desde o princípio da peleja -, Xerepa se rendeu. Debandou-se, num ciclomotor cor-de-rosa. Não havia sequer um único cidadão transitando pela rua, alguém para testemunhar minha luta. Apesar do inconveniente das excreções, venci o duelo!
Corri para minha casa, adentrando pelo portão dos fundos. Visto apenas por minha cadela. Tomei um banho gelado. Desnudo, bebi um anti-hipertensivo, um excitante e um bocado de gim.
Dizia-me meu parceiro, finado Zalão: “Beck tem que ter procedência, mano Marinho...”.