Memórias de um aprendiz - 10
Capítulo 10 – O primeiro Ataque
– Então, qual ensinamento me trazes?
– Qual não, quais. Muitos por sinal... E o primordial é a essência da frase “Conhecimento é poder”.
- Qual o problema com a essência dessa frase?
- Nenhum. Mas você precisa entender que a essência é verídica.
– Como pretende me provar a veracidade dessa frase?
– Ataque-me e terá a sua prova.
– Não compreendo... Farei, espero que não o acerte acidentalmente.
– Não se contenha. – O garoto atende ao pedido, e sacando a Nimbus, investe furiosamente contra o ancião. Este não demonstra nenhum movimento ou esboço de defesa. Quando a lâmina está prestes a o atingir, ele simplesmente murmura palavras rápidas e ininteligíveis. Uma esfera invisível toma forma em volta de Otellus, como um campo de força. Além de proteger o Rikie, lança o padawan para trás com grande violência. O garoto praticamente voa por alguns metros, caindo com as costas no chão. E já não bastasse o ancião tê-lo feito voar para trás apenas com palavras, certa espada de fio negro e nome de nuvem quase atravessa sua cabeça, porém ele a segura entre as palmas das mãos antes que tal fatalidade ocorra. Após certo tempo paralisado por quase ter morrido no primeiro contra-ataque, ele se recompõe e puxa a segunda espada.
– Vamos, use seu conhecimento, ele é poder. – Mal terminara de falar e já estava se preparando para a próxima defesa, por que a ira do garoto fez com que ele aprendesse uma nova habilidade. Além de ter invocado algumas pequenas raposas (que pareciam ter se materializado a partir de nuvens que apareceram no chão do local), seus olhos agora eram idênticos aos de uma raposa. O aprendiz começa a rosnar e se põe em posição de ataque.
Vocês devem estar se perguntando como um garoto aparentemente normal que acabou de receber espadas pode fazer tudo isso, correto? Nem ele nem os outros, de olhos atentos e arregalados, sabiam a resposta. Se perguntou em um momento “como iria atacar”, as espadas responderam que era só seguir o caminho da tempestade, e quando menos percebeu, ele estava fazendo o que estava fazendo. Não dominava muito menos entendia aquilo, mas parecia estranhamente acostumado, como se já tivesse feito aquilo tudo há muito tempo atrás.
–Raitun! Continue lutando! – Grita Yumi
– Bravo! Bravo! Continue tentando até entender! – Diz o ancião. Enquanto falava se desviava das investida, terminando mais uma rodada com a mesma técnica da barreira que usou antes. “Ele aprende rápido demais...” Pensa o ancião, e após mais investidas sem efeito Raitun percebe algo: Quando duas raposas foram lançadas para trás e a terceira atacou, esta última ultrapassou a barreira e forçou Otellus a desvia. Abrindo um sorriso, e girando as espadas (as gêmeas sorriram junto com ele) pra voltar à posição de ataque, Raitun pergunta: – De novo?
– Sim, sim. Espero que seja a última vez. Isso se torna cansativo após certo tempo.
O garoto usa toda a força que possui e lança as duas espadas no ancião, como se atirasse duas lanças. Em conjunto com uma das raposas, isso obriga Otellus a repelir o ataque. Neste momento, as duas raposas restantes imobilizam os pés do ancião, e o aprendiz segura com uma mão o capuz do inimigo. A mão livre desce como um ataque, em forma de garra. Ao encostar-se ao alvo, ainda faz com que suas unhas cresçam instantaneamente, como garras gigantes de um predador em sua presa. Infelizmente, foi um ataque inútil. Raitun se dá conta que possuía apenas o capuz entre suas unhas, e uma nuvem de fumaça havia saído de dentro dele rapidamente, tomando a forma do sábio quando chega ao lado da Arquiduquesa. Esta por sinal estava assistindo com muita apreensão e ansiedade à luta. Raitun olha novamente o ancião, e vê que este estava com seu capuz, rapidamente torna a olhar sua mão, e percebe que este realmente não estava mais entre suas unhas. Ele guarda na memória a estranha habilidade de “virar fumaça” e as outras informações adquiridas na luta: suas habilidades e as do inimigo, o que aconteceu e como ele conseguiu atacar. Apesar de não entender tudo o que aconteceu, percebeu que de alguma forma, ele podia fazer muita coisa, e que outros poderiam fazer muito mais coisas que ele. Queria entender e aprender mais sobre aquelas coisas.
– Muito bom. Diria até que foi surpreendente. – Comenta Otellus.
– Acho que ele deveria começar aperfeiçoando a habilidade com as espadas.
– Boa colocação, Srta Arquiduquesa. Estou de acordo. Então, essa foi a primeira lição... Caso surjam dúvidas futuras, estarei a lhe esperar na esquina dos ventos. – Novamente o ancião se transfigura em fumaça, dessa vez de forma mais lenta, e a fumaça apenas se dissipa, como uma fumaça qualquer. A presença que o aprendiz sentia do ancião faz o mesmo. Após isso Raitun guarda suas espadas e seus olhos voltam a ser olhos de um humano comum.