MÃE, QUERO SER MUSA!

NA MANHÃ DE 22 DE MARÇO DE 2014

Ofereço este conto ao Maior dos Sonhadores, ao Maior... Pássaro que partiu...que está longe... longe...

Ela se debatia, entre pesadelos. Nada havia adiantado sua conversa com o marido. Ela se debatia entre pesadelos, entre imagens do purgatório, do céu, do inferno.

Acordou encharcada de suor. “Quero ser musa, mãe.” A voz da sua menina, da sua Ana, repercutia-lhe nos ossos e na alma. “Quero ser musa, mãe.”

O marido lhe dissera: “Calma, Beatriz; são coisas de criança. Ana só tem quinze anos, isso passa.”

“Horácio, se não fosse você ter surgido, o que teria sido de mim? Vinte e cinco anos como musa profissional acabam com a vida de qualquer mulher. Você me trouxe para a realidade, você me tornou um ser real. Minha filha, musa, não! Por Deus, não! Lembra que eu também só tinha quinze anos quando tudo começou.”

Horácio a abraçou com força, como desde o primeiro dia, como no dia em que a havia roubado de Dante, de Dante que a mantivera atrelada, por vinte e cinco anos, ao seu destino de Poeta Maior. Junto com Calíope, Laura e Dinamene, é verdade, mas, a Beatriz, para sua própria tragédia, coubera o papel de Musa Maior.

“Quero ser musa, mãe.”

“Não, minha filha, não. Movo terras, movo águas, movo o fogo, movo céus, movo Deus de seu Trono, movo todos os universos, mas, você, minha filha, musa não será. Você, musa, nunca, jamais o será.”

“Dante, Dante, há muito te perdoei por me teres colocado em Esfera alta demais; a mim perdoei-me, também; sei hoje que fomos presa, eu e tu, de um destino espantoso, do qual Horácio me libertou. Seja como for, Dante, meu destino Ana não terá, não o terá, eu o juro perante todos os céus.”

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Simplesmente me seria impossível não colocar aqui o comentário do caro leitor-amigo Arjofe; não comentário-interação, mas, comentário- diagnóstico, iluminador, que também justifica a existência deste meu conto. Muito obrigada, amigo.

Arjofe:

Musas são espelhos, não tem vida própria, eterno olhar que glorifica e sacrifica!

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E vem a querida Lúcia Constantino,com um olhar diverso, com um olhar tão belo, dizer:

Lúcia Constantino:

Musa ou não, acho que todos somos, de alguma forma, o olhar que alguém sonhou. Assim como, para nós, muitos são o olhar que já sonhamos.

Que olhar! Obrigada, querida. Amei.

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A palavra da querida Madalena de Jesus:

Madalena de Jesus:

Na vida de uma musa há a perda da essência de si mesma.

Obrigada,minha amiga. Obrigada.

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E vem a bem-amada Arana, Arana do Cerrado:

Arana do Cerrado:

A energia da beleza movendo-se pelo olhar de quem VÊ e SENTE; suporte verdadeiro a energia, ancorado sem análise....só sentindo! só observando! celebrando aquilo que não pode ser escrito, a beleza que se move através dos silêncios das musas...

Obrigada, minha terna amiga-irmã

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Por Kathleen Lessa. Ela me pediu que pusesse título.Então:

DOS ENGANOS

Ofereça-me uma taça do tal vinho,

Que rubra e louca vontade me consome.

Tenho o sol na madrugada

E as estrelas sobre o leito,

Perdi senso, documento e até o nome.

Mas sou Musa de poeta!

O restante, se verdade, não importa.

Há enganos que se aceitam

Apenas por vaidade,

Colorir o desbotado

Embebedar a solidão.

Certamente, /há enganos que se aceitam/amiga. Que nos custam a vida, ou quase. Por vaidade? Talvez, mas isso é só o começo. O fim? Ora, o fim...

Beijos e obrigada, Zu.

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