INVENSÃO DO BRAZILEZ

Extraído da ata da Academia de Cultura de São Roque da Serra, em reunião

Extraordinária para apreciar exposição do Professor Sarvalaperbos Odutiesque,

na qual propõe a criação da Língua Brasileira.

Senhoras e Senhores:

Em primeiro lugar, agradeço a presença e a atenção de todos e a gentileza dos membros desta ilustre Academia de Cultura, ao se disporem a ouvir meu arrazoado sobre o Brazilez – a Nova Língua Brasileira.

Na história das civilizações a evolução da linguagem tem papel preponderante. Na medida em que os impérios foram sendo forjados, a necessidade de comunicação foi exigindo a criação de línguas e idiomas. As línguas não foram criadas conscientemente, mas, como todos sabem, fazem parte do processo de civilização. Tal como os impérios, as línguas nascem, crescem e morrem. Uma língua é uma entidade viva, enquanto em uso, que acompanha a humanidade na sua evolução. Portanto, está sempre sendo modificada, para seguir o homem na sua necessidade de comunicação.

A lenda conhecida por todos sobre diversidade das línguas é o desentendimento havido na construção da Torre de Babel. Grande besteira. As línguas nascem, crescem e desaparecem. Daí a nossa preocupação no estudo do idioma falado no Brasil, que está se distanciando cada vez mais de suas origens, para constituir um recurso de informação bastante peculiar e adaptado às nossas necessidades.

Está na hora de oficializar esta criação tropical, filha direta da língua portuguesa, já na sua maioridade e exigindo certidão de nascimento, certificado de constituição e obrigatoriedade de uso — aliás, já consagrado popularmente. O que se pretende não é uma cisão pura e simples da língua portuguesa. Não! O que se deseja é o reconhecimento oficial da língua falada nos quatro cantos deste país, com todos os regionalismos. Com os benefícios da incorporação de termos de outras línguas, adaptados quanto à grafia. Sem xenofobia nem preconceitos.

Não querendo me estender demais nessas considerações óbvias, peço licença para apresentar à consideração de todos o que chamo de

REGRAS BÁZIKAS DO BRAZILEZ = UMA LINGUA BRAZILEIRA

1 – O ALFABETO BRAZILEZ

1-1 – O alfabeto brazilez é konstituido de 28 letras, sendo 22 letras de uzo komum e 6 letras de

uzo espesial.

1-2 – As 28 letras ke konstituem o abesedário são:

A, B, C, Ç, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z.

1-3 – As 22 letras de uzo komum no Brazilez são:

A, B, D, E, F, G, I, J, K, L, M, N, O, P, R, R, S, T, U, V, X, Z.

1-4 – As 6 letras de uzo espesial são:

C, Ç, Q, H, W, Y.

- Permanesem para uzo na grafia de palavras estranjeiras ainda não abrazileiradas ou komo símbolos internasionais.

2 – SONS E ASENTUASÕES

2-1 – Kada konsoante tem apenas um som próprio.

2-2 – O som das konsoantes é sempre fexado: bê, sê, dê, fê, gê (gutural), jê, kê, lê, mê, nê, pê, rê (frako), rê (forte), tê, vê, xê, zê.

2-3 – Uzo do asento gráfiko TIL [~] : obrigatório para os ditongos anazalados : pão, mãe, mamões. Obrigatório também sobre o n [nê] kuando ezpresar o som do antigo grupo fonétiko NH: kamiño, iñoke, maña, moiño, muñeka, puño, apañar.

2-4 – O uzo dos demais asentos obedese às regras da língua portugeza.

3 – SUBSTITUISÕES E DEZAPARESIMENTOS

3-1 – C e Ç não são uzados. Todo som sibilante frako é ezpreso pela letra S : sapo, serâmika, kosar, sianureto, asombrasão, enserar, ensinar, asão, asado.

3-2 – SS - Desaparece o grupo SS. A letra S tem um úniko som, ke é sibilante frako, mesmo kuando situado entre duas vogais: pasar, amañeser, misa, posante, pasarela.

3-3 – Z – Todo som sibilante forte é espreso pela letra Z: kaza, confuzão, koiza, pezo.

3-4 – G – tem apenas o som gutural. Desaparece o grupo GU, no kual o U era mudo. Garimpo, gera, gitara, goiaba. Todas as letras são pronunsiadas quando grafadas GU, dispensado o uso do trema : guarda, água.

3-5 – J – Usar o J (jê) no lugar G (gê-gutural), quando o som não for gutural: jeral, jibi, jiló, jeneral, jim, viajem, jiada.

3-6 – K - uzado no lugar de C (no som de Kê) e do antigo grupo QU: ke, kamisa, komer, porke, kitanda, vákuo, kerida.

3-7 – CH - Dezaparese o grupo CH, ke é substituído pelo X , o kual só tem um som, komo em Xuxa: xiar, xapéu, xuxú, xamego, xíkara.

3-8 – H - Deszaparese a letra H (agá). As palavras anteriormente inisiadas por H, inisiam-se doravante pela primeira letra sonora: aver, arpa, armonia, ebreu, élise, erbívoro, idratar, ífem, omem, umor, umanidade.

3-9 – NH – Dezaparese o grupo NH. Usar o TIL [~] sobre a letra n (nê) para sons anazalados: gañar, miña, niñada, amañeser.

3-10 – LH - Dezaparece o grupo LH. Usar o LI no lugar de lh: mulier, milio, melior, falia, maliar, abrólio, barálio, eskuliambasão, pentelio, rolia.

3-11 — RR – Dezaparese o duplo ere. O som forte de R é indikado por um traso abaixo da letra: rapadura, repetir, ripa, roupa, rubi, aranjo, êro, iritar, oror, urar.

Agradeço mais uma vez a atenção de todos aqui presentes e espero que Vossas Excelências examinem e, uma vez aprovado, encaminhem à excelsa Academia Brasileira de Letras este meu modesto trabalho, esta minha contribuição singela para tornar oficial a já usada em todo território nacional, a Língua Brazileira, ou o Brazilez.

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ANTONIO ROQUE GOBBO (ARGOS)

Belo Horizonte, 16-janeiro-2001

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Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 17/03/2014
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