Pequenas histórias 25
Sagitta 4
E ao se acomodar no canto da alma, não só se aqueceu como o conhecimento adquirido, tomou outra consistência não prevista por ele. E, viu-se pronto a enfrentar a raposa, mesmo não sendo lutador, sentiu a necessidade em o perigo. A águia num vôo rasante arrancou-lhe do pescoço a corrente com o pingente em forma de S. Desesperado, sem pensar, retesou o arco e lançou a flecha atingindo em pleno vôo a águia. Nisso, surge do nada a raposa faminta. Não demonstrou medo, sabia, a raposa tinha fome de carne animal e, não, de carne humana. Sabia, ela estava ali para afrontá-lo num duelo, não um duelo de vida e morte, mas num duelo de rapidez, de agilidade.
Assim, ao notar a presença do animal, sem pensar, saiu correndo, impondo velocidade aos pés. Lado a lado estavam na trilha do destino. Algo lhe dizia ser vencedor antes mesmo de chegar ao local onde estava o corpo da águia. Confiante, conhecia seu potencial assim como o potencial da raposa. Mesmo que ela estivesse alguns segundos a sua frente, via que não havia necessidade de impor mais velocidade. Foi então que teve conhecimento de algo que já sabia e, que naquele momento, devido à preocupação em vencer a raposa, tornava-se obscurecido. A flecha por ele lançada, situava-se entre as constelações de Hércules e Delfin, seguida da águia e raposa Compreendeu, nada o venceria, só não podia fazer corpo mole, tinha que demonstrar competência para lutar, competência de ser vencedor e, assim ele fez, competiu com a raposa. Até o último instante, sempre com a raposa a sua frente. Na volta final, imprimiu aos pés a força da seta, recuperando com galhardia a corrente com pingente em forma de S.
Suspirando com alegria, gritou venturoso:
- Sagitta você não morrerá nunca. A prova esta aqui na minha mão. Tua força emanará melodiosos acordes elevando-nos ao total conhecimento cósmico.
Ajoelhou no chão áspero e alçou o pensamento a constelação visível em seu peito. E adormeceu sossegado.
Pastorelli