A Guilda dos Caçadores - Capítulo 9

A notícia provocou certo pânico no trio; como conseguiriam por as mãos em um item do Ministro Supremo daquela literalmente fantástica cidade. Os três entreolharam-se e Az adiantou-se.

- Muito bem. Hortos, você poderia nos conseguir uma audiência com o Ministro Supremo?

- Claro, seria um prazer! Esperem aqui, por favor.

Dito isto, Hortos levantou-se e ordenou a alguns criados que alimentassem o trio, e partiu saindo pela mesma porta pela qual haviam entrado. Pouco tempo depois de terminada a refeição, Hortos havia regressado com um sorriso no rosto.

- Vocês estão com sorte, serão atendidos hoje mesmo. Por favor, sigam-me.

O trio seguiu o guia,só que agora saíram por uma porta ao fundo da grande casa, no final de um extenso corredor com portas espalhadas por ambos os lados. Atravessaram um verdejante jardim, chegando a uma rua estreita e extremamente reta, seguiramela em direção norte até chegarem numa grande construção de mármore branco e largas janelas enfeitadas de mosaicos. Acima porta principal estava pendura uma grande placa de pedra cinza com um falcão esculpido em sua superfície.

- O que esse falcão simboliza? – Lory perguntou.

- Esse é o símbolo da família do nosso Ministro Supremo. Ele vem de uma linhagem extremamente antiga, a família Fiers. Seus parentes ajudaram a fundar Porcupine. Por aqui.

Adentraram a construção e subiram um lance de escadas que dava para uma porta oval.

- Acho melhor só um de nós discutir com o Ministro sobre nosso pequeno problema – Azimute propôs, ao que Powling e Lory concordaram prontamente.

Antes de chegarem ao último degrau a porta se abriu e um homem franzino de meia idade apareceu.

- Bom dia novamente Hortos. Então, esses são nossos visitantes hãn? – Hortos acenou positivamente para o pequeno homem – Muito bem, meu nome é Cecil, entrem por favor.

O pequeno homem, de pele branca e cabelos pretos, ofereceu assentos e dirigiu-se para outra porta oval ao fundo da sala.

- O Ministro Supremo irá vê-los logo, esperem um momento – Dito isto, entrou na sala.

- Bom, não sou mais necessário aqui, esperarei por vocês lá em baixo. Boa sorte – Hortos deixou o trio na estranha sala do Ministro Supremo.

As paredes estavam cobertas de mosaicos e pinturas, e como os mosaicos das ruas, ao observá-las pareciam ganhar vida, de modo que sempre se achava algum detalhe novo a cada novo olhar. Havia também uma estante com livros grossos de capa de couro, um belo lustre no pendurado no alto teto, com uma bela chama amarelo vivo em seu centro que, estranhamente, queimava sem gerar fumaça alguma.

Passado poucos minutos o homem de cabelos ruivos voltou pedindo que entrassem na próxima sala. Primeiro entrou Az, seguido de Lory e Powling. Logo que entraram perceberam que convenientemente havia três cadeiras confortáveis para recebê-los.

O Ministro estava senado atrás de uma grande mesa de mogno, com papéis espalhados em cima dela. Logo que o trio adentrou a sala ele lançou-lhes um rápido olhar examinador que causou certo desconforto nos visitantes. Mas rapidamente seu semblante mudara de desconfiado para gentil, e ofereceu assento para seus convidados.

- Bom dia caros amigos – O Ministro levantou-se e fez uma reverência, seguida de seus visitantes – Sou Link Fiers, Ministro Supremo de Porcupine. Fico honrado com suas visitas.

- Nós que nos sentimos honrados, senhor ministro! – Disse Azimute prontamente – Meu nome é Azimute, esses são Powling e Lory.

- É um prazer conhecê-los! Sentem-se, por favor. Celin,vá buscar algo para entreter nossos estômagos.

O pequeno homem ruivo saiu às pressas da sala, fazendo uma reverência antes de deixar a sala.

- A que devo a honra dessa inesperada visita? – Link tinha olhar firme e cabelos pretos. Trajava uma túnica da mesma cor de seus cabelos e com detalhes em branco e dourado.

Azimute agora ponderava o quanto devia revelar ao Ministro. E se Link interessasse pela busca? E se quisesse parte do tesouro em troca da chave em seu poder (algo muito provável)? Mas, saberia o ministro que tratava-se de um tesouro? Se Azimute tentasse omitir informações, iria o Ministro perceber e tratar como insolência? Em um instante todos esses pensamentos rodopiaram em sua mente.

- Bom, viemos aqui em busca de um item. Mas Hortos contou que esse item pertence ao senhor – Azimute mantinha a voz cordial e submissa.

- Pois bem, temos um impasse. Mas nada muito difícil de resolver, eu acho – Link tirou um colar de ouro de seu pescoço e instantaneamente o trio percebeu a chave que procuravam pendurada nele – É isso o que querem, não?

- Sim, é exatamente isso – Powling adiantou-se, mas logo se arrependeu de falar algo pois mais um olhar observador fora lançado para ele pelo Ministro.

- Essa pequena chave foi trazida para cá há muitos anos. Um grupo de soldados a entregaram ao Ministro Supremo na época, que era Noki Fiers, e junto com ela deixaram esse documento.

Link abriu uma das gavetas da larga mesa e retirou um pergaminho antigo, feito do mesmo papel do mapa em poder do trio. Desenrolou o misterioso documento e leu para seus convidados. Nele estava escrito:

“Caro Senhor Ministro Supremo,

Há muitos anos, nossos povos lutaram juntos contra os bárbaros das terras além mar, em defesa de sua majestosa cidade e do direito de viver de acordo com nossas próprias regras. Peço, em nome da cordialidade e das vidas de meu povo que foram perdidas naquela época, que guarde a chave que se encontra no baú que enviei. Irei buscá-la pessoalmente no momento oportuno. Por favor, não veja isso como uma quitação de dívidas, e sim como um modo de honrar os bravos guerreiros que perderam suas vidas garantindo a sobrevivência de nossas culturas.

Atenciosamente

NavasNotoriusNudge”

Ao final do documento, uma grande chama verde estava estampada, dando o efeito de ainda estar queimando. Foi então que Az percebeu que nada adiantava tentar omitir informações, Link estava a par de toda a situação.

- Ele nunca veio buscá-la, mas eu tinha o pressentimento de que cedo ou tarde alguém o faria – Dito isto, Link guardou novamente o documento.

- Interessante, eu imaginava que a chave estava escondida na cidade. Mas na verdade foi entregue para ser guardada – Azimute comentou pensativo.

- Sim, realmente tínhamos uma dívida com o seu povo. A batalha que é citada no documento foi violenta, vários parentes meus pereceram nela – Link cruzou as mãos a frente do corpo, deixando a vista os vários anéis de esmeraldas e rubis em seus dedos – Agora, o que faz de vocês dignos de um item que vale uma dívida de sangue? – Link lançou um olhar penetrante a Azimute.

Azimute pensava cuidadosamente em uma resposta, mas o Ministro voltara a falar antes que pudesse dizer algo.

- Não se preocupem, darei a chave para vocês. Se não fossem dignos dela, não teriam passado das cavernas – Dirigiu um sorriso aostrês, que sabiam exatamente o que ele queria dizer.

“Agora é a hora da verdade” – pensou Lory, que estava tensa desde o começo daquela conversa.

- Irei com vocês atrás da fortuna de Nudge I – Link disse com voz firme.

Todos foram pegos de surpresa. Azimute ponderou cuidadosamente suas palavras, pois havia um pensamento que não abandonava sua mente desde que adentrou aquela sala.

- Me sentiria honrado de contar com sua presença nessa busca, mas, e quanto a suas responsabilidades por aqui? – Az tentava não demonstrar hesitação.

- Muito pouco tenho feito por aqui ultimamente. Além disso, a maior parte do trabalho administrativo da cidade é feita pelos Assessores Mor, não por mim. Minha figura permanece como um símbolo da era de ouro de minha cidade – dirigiu um olhar a Az, que observava atentamente o Ministro – Sim, senhor Azimute, sou um Arquimago como suspeita.

Azimute assentiu com a cabeça, sentindo envergonhado de deixar tão clara sua suspeita. Agora o trio observava Link de modo interrogativo, o que aconteceria agora? Link iria querer parte da fortuna para ele? E se quisesse, o que eles podiam fazer quanto a isso?

- Ao contrario do que pensam, não espero ficar com parte da fortuna. Mas sim de um item que se encontra na coleção de nosso notável Nudge I. Além disso, há um motivo de a chave ser entregue a um de nós, apenas na presença de um mago pode se chegar ao tesouro. Junto com chave isso também foi entregue – Link mostrou-lhes o anel em seu anelar da mão esquerda, onde havia uma bela esmeralda.

- É lindo – Lory comentou.

- Sim, mas mais importante que isso, esse não é um anel comum – Link olhou para o anel que começou a brilhar vivamente – esse anel foi feito para abrir algo. E vocês já devem saber pra que ele serve.

- Sim, então só podemos chegar ao tesouro se contarmos com um Arquimago – Powling ainda duvidava das intenções de Link.

- Exatamente, e é por isso que irei com vocês – Link levantou-se de sua grande cadeira – Agora, para acabar com qualquer dúvida, deem as mãos.

O trio, de forma hesitante, levantou-se e deram as mãos uns aos outros de modo que Powling segurava à mão esquerda de Link e Lory a outra, formando um circulo. Logo que todos deram as mãos, novamente sentiram uma presença em suas mentes, mas dessa vez ela não estava vasculhando seus espíritos, era passiva e claramente podiam ver que não havia más intenções no espírito de Link. Era óbvio também, e difícil de explicar o por quê, que nada podia ser omitido por Link, não havia mentiras em conexões como aquelas. Disso Az já sabia, já havia conhecido um arquimago antes, havia muito tempo. Passado um curto período de tempo, que para eles pareceram uma longa viagem por uma dimensão estranha de sensações, as mãos de Link se soltaram e a conexão foi desfeita.

- Então, agora contamos com um arquimago para nos ajudar – Powling disse com excitação – Agora podemos dar o próximo passo.

- É claro jovem Powling – Agora Link mudara seu semblante perscrutador para alegre e convidativo.

Nesse momento o pequeno secretário Cecil entrou novamente na sala com uma bandeja abarrotada de iguarias das mais variadas.

- Mas acalmemos nossos estômagos antes – Disse Link apontando para uma porta que dava para sua sala de refeições.

Gabriel Freitas
Enviado por Gabriel Freitas em 27/02/2014
Código do texto: T4708533
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.