Só uma peça de Natal....
Estava tentando achar um tema para o meu conto de Natal deste ano e nada acontecia, pois por mais que tentasse nada vinha em minha mente.
São tantos atos digamos insanos que vivenciamos no dia a dia atual que fica difícil escolher especificamente um.
Ai me veio à ideia de deixar meu interior ditar o que devo escrever....
Um orfanato que nele viviam dezenas de crianças, verdadeiro depósito de pequenos seres que dado ao infortúnio do abandono tinham naquele recanto a única esperança de um dia a vida ser melhor. Quando digo depósito não é no termo pejorativo e sim por ser uma simples casa de subúrbio. Instituição abandonada pelo poder publico e só contando com a ajuda dos casais amigos.
Crianças desde recém-nascidos ali estavam. Uns por simples abandono por parte de uma mãe viciada, outros pela miséria, outros por terem sido roubados de seus lares e abandonados e pior ainda eram aqueles que por infortúnio maior haviam sido retirados das mãos de pais degenerados que lhes maltratam com torturas físicas e para piorar ainda aqueles que foram alem da dor física tinham ainda a dor da alma, pois sofreram abusos sexuais.
Entre eles tinha pelo menos três que tinham certo destaque, pois ali estavam desde aos primeiros anos de vida e nunca tinham sido adotados.
Toninho com oito anos de orfanato, menino franzino que fora abandonado aos aproximadamente três meses de vida em um terreno baldio próximo a uma favela, provavelmente por alguma adolescente e drogada.
Barbara que todos carinhosamente a chamavam de Binha, diminutivo de Barbinha, linda moreninha que com os seus dez anos era uma espécie de porta voz de todos, pois o que ela falava era na realidade o que todos queriam dizer, mas tinham medo. Fora para o orfanato aos quatro anos levada pelo Conselho Tutelar pelo fato de estar sofrendo abusos de um pedófilo canalha que se dizia seu padrasto.
E por ultimo Paulinho, menino arredio de difícil acesso, pois mesmo estando no Orfanato há nove anos para onde foi com dois, ainda guardava na mente a marca das verdadeiras torturas físicas sofridas pelos seus pais alcoólatras. Marcas estas profundas, pois por ser lourinho e de olhos azuis fora por duas vezes levados por casais para adoção, mas ele sempre fazia questão de se manter equidistante a qualquer carinho por parte dos casais que tentavam adota-lo.
Os três tinham em comum a amizade construída na dor, quer seja física ou psíquica que ali naquele espaço tinham de certa forma o poder e o carinho que lhes eram negados em seus lares e nas ruas.
Os três já havia sentido a falsa liberdade das ruas, pois eles já haviam fugido do Orfanato, com experiências desastrosas.
Toninho que sabia o porquê estava ali e em sua fuga para a dita liberdade nos poucos dias de vivencia nas ruas se viu obrigado a conviver com crianças de sua idade já enredada nas vielas em busca de sua cola para cheirar e meninas adolescentes como sua mãe a se prostituir por uma pedra de CRACK.
Desesperado quatro dias depois de viver nas ruas bateu a porta do Orfanato implorando para que o deixassem voltar.
A fuga de Binha fora traumática para todos, pois justamente por ser a “porta voz” das crianças as mesmas se viram mais uma vez “órfãos”, agora de uma pessoinha que tinha coragem de dizer o que todos não tinham.
Mas para Binha fora mais traumática ainda, pois perambulou pelas ruas do bairro onde nasceu à procura de sua mãe. E descobriu que ela havia sido presa junto ao seu “carrasco”, por mais uma vez dar chance dele praticar o crime de pedofilia e o pior agora com sua ajuda.
Desesperada também bateu a porta do orfanato pedindo perdão e guarida para ali ficar e seu retorno fora aceito de bom agrado, pois com a sua fuga as “crianças” haviam ficado mais tristes e se sentindo mais uma vez abandonadas.
Seu retorno foi uma festa geral, com pedidos de juras de seus amiguinhos e amiguinhas de nunca mais os abandonarem.
Por fim a drástica experiência de fuga de Paulinho, pois aquele menino bonitinho, lourinho de olhos azuis, viu nas ruas o preconceito sentimento ruim que não havia ainda sofrido, perambulou por uma semana e neste período passou por todos os infortúnios.
Tomou porrada de outros meninos pela sua cor e sua beleza, foi por diversas vezes justamente por ser bonito tentado ser abusado sexualmente e induzido ao mundo das drogas primeiro a cheirar cola e culminando ao fumo do CRAKE, algo que por sorte nunca experimentou.
Desesperado com a selvageria das ruas só viu uma saída. A volta ao Orfanato que mesmos sendo melancólico e triste era o seu porto seguro. Numa certa madrugada sujo e faminto, foi para a porta do Orfanato e os primeiro funcionários ao chegar para render o pessoal da noite vira aquele corpo franzino, sujo e maltrapilho deitado sob uma frondosa arvore que reconheceram ali o menino Paulinho.
Já que conhecemos o trio, vamos ao conto na realidade.......
Mês de novembro e a mídia já fazendo alusão ao Natal que se via nas pequenas televisões do Orfanato. Como era de se esperar todas as crianças começavam a ficarem tristes, pois seria mais um Natal só entre elas, por mais carinho que os funcionários e os casais amigos do orfanato se esforçassem para dar. Eram sempre naquelas cabecinhas sofridas e maltratadas as mesmas coisas, brinquedos usados e roupas idem...
Numa conversa informal entre Toninho, Binha e Paulinho, falando eles sobre as suas trágicas aventuras nas ruas chegaram a uma conclusão. Não deixariam aqueles seres verdadeiros amigos de infortúnio passar o Natal triste e sem terem uma ideia da importância daquele espaço que muitas vezes as “crianças” achavam a verdadeira entrada do inferno, pois não haviam tido a experiência de rua dos três.
Resolveram que iriam aprontar algo, mas algo de bom, pois juraram da uma Natal diferente aos seus amiguinhos.
Como na escolinha do orfanato os três se sobressaiam e na biblioteca tinham muitos livros doados resolveram pedir a direção que deixassem eles escolherem nos livros uma forma de tornar o natal de todos mais humano e feliz.
No dia seguinte como era um sábado e não tinham aula foram cedinho para a biblioteca, leram diversos títulos de livros infantis não chegaram a nenhum que os animassem. E depois de muito discutirem resolveram fazer uma encenação do nascimento de Jesus, segundo o entendimento e a cabecinha deles.
Binha seria Maria, Paulinho José e Toninho Jesus, mas como iriam fazer isso, pois necessitavam de muitos apetrechos e figurantes, caso fossem contar como tinham aprendido nos livros, mas uma vez se viram em enrascadas, pois só eles queriam participar como atores para dar a alegria aos demais amiguinhos.
Depois de muito meditarem e discutirem chegaram aos papéis que iriam eles mesmos encenariam e encurtaram toda a história. Ensaiaram exaustivamente nos fins de semana e pediram a direção que não deixassem as outras crianças verem os ensaios, pedido feito pedido aceito.
Todos os fins de semana de novembro e de dezembro até o dia vinte e três ficavam de oito da manhã às oito da noite ensaiando, só parando para almoçar e lanchar, mesmo assim depois de receberem um ultimato da direção do orfanato.
A peça seria encenada no dia vinte e três depois de um almoço comunitário oferecido aos casais amigos do orfanato, aos voluntários que ali trabalhavam e a direção da casa. Binha, Paulinho e Toninho não se contiam de nervosismo, hora pensavam até em desistir e outras em fazer o melhor deles para seus amiguinhos de infortúnio.
Nossa que nervoso deles, pois acabara o almoço e a peça estava programada para começar às três da tarde.
A Peça...
Subam as cortinas (que não passava de lençóis), ditou o Diretor do Orfanato, toda uma plateia de aproximadamente oitenta pessoas incluindo as crianças.
Primeiro Ato – A anunciação......
A Anunciação, também conhecida como Anunciação da Virgem Maria, é a celebração cristã do anúncio pelo Arcanjo Gabriel encenada por Toninho, lembrando ele, que foi este mesmo anjo que o fizeram achar o estábulo, para a Virgem Maria dar a luz a Jesus, encenada por Binha. Apesar da virgindade que um dia lhe fora arrancada nas mãos de um monstro pedófilo, Maria milagrosamente conceberia uma criança, que seria chamada de Filho de Deus. Gabriel disse a Maria ainda que devesse chamar a criança de Jesus ("Salvador") encenado por Toninho, que lembrava todo o calvário sofrido por Jesus, pois fora abandona em um terreno de favela. "Muitos cristãos celebram este evento na festa da Anunciação, em 25 de março, exatamente nove meses antes do Natal. De acordo com os ensinamentos bíblicos".
Segundo Ato – Os Reis magos...
Apareceram em cena montados em vassouras de pelo que cismavam em dizer que eram os camelos e tinham perdido os “caroços” em cima deles (corcovas) num assalto. A plateia caiu no riso...rsrsrs.
Toninho encenando Baltasar, Paulinho Melchior e Binha de Gaspar. “Os Reis Magos foram homens que guiados por uma estrela conseguiram visitar Jesus logo após seu nascimento. Reconhecidos como Baltasar, rei da Arábia de cor negra; Melchior, rei da Pérsia de cor clara e Gaspar, rei da Índia de cor amarela, representam os povos de toda cor e nação.”
Traziam pequenas caixinhas de fósforos e nelas diziam que tinham trazido ouro, incenso e mirra, e que seguiam não uma estrela e sim as balas traçantes de traficantes em guerra em guerra próximo ao Orfanato.
Terceiro Ato – A procura de local para nascer Jesus....
Maria prestes a dar a luz a Jesus (Binha, colocou um travesseiro amarrado à barriga) e José (Paulinho), segundo eles encenando diversas voltas pelo espaço do Teatro (transformaram o refeitório em uma sala de Teatro) a procura de um local, pois logo nasceria Jesus.
Mudaram a história e relataram ao Anjo Gabriel (elaboraram um dialogo fictício) que haviam peregrinado por diversas maternidades e hospitais, mas sempre recebiam a noticia de que não havia médicos para o atendimento. Alguns mandaram voltar no dia seguinte ainda de madrugada para pegar senhas e se tivesse atendimento seria atendida.
Quarto Ato – O achado de um “estábulo” na atualidade....
Depois de muito penarem por hospitais e maternidades públicas e nada conseguirem, resolveram perambular pelas ruas e em dado momento Maria disse estar sentindo as dores do parto, desesperando José. Eles estavam passando por uma favela e foram lá. Maria e José favela adentro.
Em seu interior não acharam nenhum “estábulo”, mas viram um casebre construído por caixotes, provavelmente construído por craqueiros.
Nele não havia ninguém nem algo para servir de leito e muito menos uma manjedoura, onde segundo a Bíblia nascera Jesus.
O jeito foi se ajeitarem com trapos achados no interior do barraco.
Para dar melhor vida a peça por eles encenada imaginaram estar vendo os animais que viam nos presépios e dialogavam ficticiamente sem parar com cavalos, ovelhas e todos os animais que foram testemunhas do nascimento de Jesus.
Viram sim uma forte luz e ali entre os trapos que fazia de manjedoura uma criança (Toninho) que muito chorava, todos pensaram ser pela peça, mas na realidade Toninho chorava copiosamente por estar lembrando-se de sua real história de criança abandonada no chão em uma favela. Isto deu mais realidade ao ato. E Toninho chorava copiosamente de orgulho, pois achava muito para ele estar ali representando o nascimento de Jesus e sendo ele mesmo o próprio.
Binha também chorava muito ao fingir dar a luz a Jesus, Pois ao interpretar Maria, lembrou-se da covardia feita a ela por um monstro pedófilo, só que desta vez estava fingindo dar a luz e o fazia com muitas lagrimas de alegria, pois mesmo sabendo ser de mentirinha estaria de certa forma se sentindo como a verdadeira Virgem Maria.
Por fim Toninho, que mesmo sendo arredio e chamado de frio, com voz embargada e lagrimas nos olhos e lembrando das atrocidades sofrida em sua casa, fez um pequeno discurso que os três aviam escrito sem ninguém saber.
Ato Final - DISCURSO
Senhor Diretor, Senhores e Senhoras funcionários (São voluntários), Senhores e Senhoras que tanto nos ajudam o ano inteiro (casais amigos do orfanato), meus irmãozinhos e irmãzinhas.
Resolvemos eu, Binha e Toninho terminar esta pequena apresentação do nascimento de Jesus enviando uma mensagem de agradecimento a todos.
o Senhor Diretor pela dedicação ao nosso bem estar e pela coragem de tocar um projeto sem um dia sequer à gente não ver o seu sorriso se apagar, mesmo que muitas vezes ao ver seus olhos avermelhados sabemos de seu choro por não poder fazer mais pela gente. Nosso muito obrigado.
Aos funcionários (as) pelo carinho (a maioria voluntários), pelas broncas nas horas certas e por todo amor e dedicação de sempre estarem aqui para nos dar colo na hora certa.
Por estarem sempre a nos deixar deitar em seus colos quando nos vimos perdidos e desiludidos. Sempre com seus sorrisos estampados e palavras de imenso carinho. Obrigado.
Aos casais amigos, que muito nos dão amor, que em muitas vezes nos levam a passeios, que tentam carinhosamente nos passar a sensação de um pai e uma mãe, muitas vezes nos substituindo por filhos que por infortúnio do destino não tiveram ou perderam. Muito obrigado.
E por fim aos nossos irmãozinhos e irmãzinhas agradecemos a vocês por nos ajudarem a crescer e como forma de agradecimento prometemos que nunca, mas nunca mesmo os deixaremos sozinhos, estaremos sempre aqui para proteger a todos, que nunca as meninas seja molestadas e os meninos maltratados.
Agradecemos a Deus Que também pode se chamar Adonai, Oxala, Alá, Jeová.........
E desejamos Feliz Natal a todos os lares e nunca se esqueça de convidar o dono da festa.
E ai amiga e amigo em que você pode ajudar aos Toninhos, as Binhas e aos Paulinhos?
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Estava tentando achar um tema para o meu conto de Natal deste ano e nada acontecia, pois por mais que tentasse nada vinha em minha mente.
São tantos atos digamos insanos que vivenciamos no dia a dia atual que fica difícil escolher especificamente um.
Ai me veio à ideia de deixar meu interior ditar o que devo escrever....
Um orfanato que nele viviam dezenas de crianças, verdadeiro depósito de pequenos seres que dado ao infortúnio do abandono tinham naquele recanto a única esperança de um dia a vida ser melhor. Quando digo depósito não é no termo pejorativo e sim por ser uma simples casa de subúrbio. Instituição abandonada pelo poder publico e só contando com a ajuda dos casais amigos.
Crianças desde recém-nascidos ali estavam. Uns por simples abandono por parte de uma mãe viciada, outros pela miséria, outros por terem sido roubados de seus lares e abandonados e pior ainda eram aqueles que por infortúnio maior haviam sido retirados das mãos de pais degenerados que lhes maltratam com torturas físicas e para piorar ainda aqueles que foram alem da dor física tinham ainda a dor da alma, pois sofreram abusos sexuais.
Entre eles tinha pelo menos três que tinham certo destaque, pois ali estavam desde aos primeiros anos de vida e nunca tinham sido adotados.
Toninho com oito anos de orfanato, menino franzino que fora abandonado aos aproximadamente três meses de vida em um terreno baldio próximo a uma favela, provavelmente por alguma adolescente e drogada.
Barbara que todos carinhosamente a chamavam de Binha, diminutivo de Barbinha, linda moreninha que com os seus dez anos era uma espécie de porta voz de todos, pois o que ela falava era na realidade o que todos queriam dizer, mas tinham medo. Fora para o orfanato aos quatro anos levada pelo Conselho Tutelar pelo fato de estar sofrendo abusos de um pedófilo canalha que se dizia seu padrasto.
E por ultimo Paulinho, menino arredio de difícil acesso, pois mesmo estando no Orfanato há nove anos para onde foi com dois, ainda guardava na mente a marca das verdadeiras torturas físicas sofridas pelos seus pais alcoólatras. Marcas estas profundas, pois por ser lourinho e de olhos azuis fora por duas vezes levados por casais para adoção, mas ele sempre fazia questão de se manter equidistante a qualquer carinho por parte dos casais que tentavam adota-lo.
Os três tinham em comum a amizade construída na dor, quer seja física ou psíquica que ali naquele espaço tinham de certa forma o poder e o carinho que lhes eram negados em seus lares e nas ruas.
Os três já havia sentido a falsa liberdade das ruas, pois eles já haviam fugido do Orfanato, com experiências desastrosas.
Toninho que sabia o porquê estava ali e em sua fuga para a dita liberdade nos poucos dias de vivencia nas ruas se viu obrigado a conviver com crianças de sua idade já enredada nas vielas em busca de sua cola para cheirar e meninas adolescentes como sua mãe a se prostituir por uma pedra de CRACK.
Desesperado quatro dias depois de viver nas ruas bateu a porta do Orfanato implorando para que o deixassem voltar.
A fuga de Binha fora traumática para todos, pois justamente por ser a “porta voz” das crianças as mesmas se viram mais uma vez “órfãos”, agora de uma pessoinha que tinha coragem de dizer o que todos não tinham.
Mas para Binha fora mais traumática ainda, pois perambulou pelas ruas do bairro onde nasceu à procura de sua mãe. E descobriu que ela havia sido presa junto ao seu “carrasco”, por mais uma vez dar chance dele praticar o crime de pedofilia e o pior agora com sua ajuda.
Desesperada também bateu a porta do orfanato pedindo perdão e guarida para ali ficar e seu retorno fora aceito de bom agrado, pois com a sua fuga as “crianças” haviam ficado mais tristes e se sentindo mais uma vez abandonadas.
Seu retorno foi uma festa geral, com pedidos de juras de seus amiguinhos e amiguinhas de nunca mais os abandonarem.
Por fim a drástica experiência de fuga de Paulinho, pois aquele menino bonitinho, lourinho de olhos azuis, viu nas ruas o preconceito sentimento ruim que não havia ainda sofrido, perambulou por uma semana e neste período passou por todos os infortúnios.
Tomou porrada de outros meninos pela sua cor e sua beleza, foi por diversas vezes justamente por ser bonito tentado ser abusado sexualmente e induzido ao mundo das drogas primeiro a cheirar cola e culminando ao fumo do CRAKE, algo que por sorte nunca experimentou.
Desesperado com a selvageria das ruas só viu uma saída. A volta ao Orfanato que mesmos sendo melancólico e triste era o seu porto seguro. Numa certa madrugada sujo e faminto, foi para a porta do Orfanato e os primeiro funcionários ao chegar para render o pessoal da noite vira aquele corpo franzino, sujo e maltrapilho deitado sob uma frondosa arvore que reconheceram ali o menino Paulinho.
Já que conhecemos o trio, vamos ao conto na realidade.......
Mês de novembro e a mídia já fazendo alusão ao Natal que se via nas pequenas televisões do Orfanato. Como era de se esperar todas as crianças começavam a ficarem tristes, pois seria mais um Natal só entre elas, por mais carinho que os funcionários e os casais amigos do orfanato se esforçassem para dar. Eram sempre naquelas cabecinhas sofridas e maltratadas as mesmas coisas, brinquedos usados e roupas idem...
Numa conversa informal entre Toninho, Binha e Paulinho, falando eles sobre as suas trágicas aventuras nas ruas chegaram a uma conclusão. Não deixariam aqueles seres verdadeiros amigos de infortúnio passar o Natal triste e sem terem uma ideia da importância daquele espaço que muitas vezes as “crianças” achavam a verdadeira entrada do inferno, pois não haviam tido a experiência de rua dos três.
Resolveram que iriam aprontar algo, mas algo de bom, pois juraram da uma Natal diferente aos seus amiguinhos.
Como na escolinha do orfanato os três se sobressaiam e na biblioteca tinham muitos livros doados resolveram pedir a direção que deixassem eles escolherem nos livros uma forma de tornar o natal de todos mais humano e feliz.
No dia seguinte como era um sábado e não tinham aula foram cedinho para a biblioteca, leram diversos títulos de livros infantis não chegaram a nenhum que os animassem. E depois de muito discutirem resolveram fazer uma encenação do nascimento de Jesus, segundo o entendimento e a cabecinha deles.
Binha seria Maria, Paulinho José e Toninho Jesus, mas como iriam fazer isso, pois necessitavam de muitos apetrechos e figurantes, caso fossem contar como tinham aprendido nos livros, mas uma vez se viram em enrascadas, pois só eles queriam participar como atores para dar a alegria aos demais amiguinhos.
Depois de muito meditarem e discutirem chegaram aos papéis que iriam eles mesmos encenariam e encurtaram toda a história. Ensaiaram exaustivamente nos fins de semana e pediram a direção que não deixassem as outras crianças verem os ensaios, pedido feito pedido aceito.
Todos os fins de semana de novembro e de dezembro até o dia vinte e três ficavam de oito da manhã às oito da noite ensaiando, só parando para almoçar e lanchar, mesmo assim depois de receberem um ultimato da direção do orfanato.
A peça seria encenada no dia vinte e três depois de um almoço comunitário oferecido aos casais amigos do orfanato, aos voluntários que ali trabalhavam e a direção da casa. Binha, Paulinho e Toninho não se contiam de nervosismo, hora pensavam até em desistir e outras em fazer o melhor deles para seus amiguinhos de infortúnio.
Nossa que nervoso deles, pois acabara o almoço e a peça estava programada para começar às três da tarde.
A Peça...
Subam as cortinas (que não passava de lençóis), ditou o Diretor do Orfanato, toda uma plateia de aproximadamente oitenta pessoas incluindo as crianças.
Primeiro Ato – A anunciação......
A Anunciação, também conhecida como Anunciação da Virgem Maria, é a celebração cristã do anúncio pelo Arcanjo Gabriel encenada por Toninho, lembrando ele, que foi este mesmo anjo que o fizeram achar o estábulo, para a Virgem Maria dar a luz a Jesus, encenada por Binha. Apesar da virgindade que um dia lhe fora arrancada nas mãos de um monstro pedófilo, Maria milagrosamente conceberia uma criança, que seria chamada de Filho de Deus. Gabriel disse a Maria ainda que devesse chamar a criança de Jesus ("Salvador") encenado por Toninho, que lembrava todo o calvário sofrido por Jesus, pois fora abandona em um terreno de favela. "Muitos cristãos celebram este evento na festa da Anunciação, em 25 de março, exatamente nove meses antes do Natal. De acordo com os ensinamentos bíblicos".
Segundo Ato – Os Reis magos...
Apareceram em cena montados em vassouras de pelo que cismavam em dizer que eram os camelos e tinham perdido os “caroços” em cima deles (corcovas) num assalto. A plateia caiu no riso...rsrsrs.
Toninho encenando Baltasar, Paulinho Melchior e Binha de Gaspar. “Os Reis Magos foram homens que guiados por uma estrela conseguiram visitar Jesus logo após seu nascimento. Reconhecidos como Baltasar, rei da Arábia de cor negra; Melchior, rei da Pérsia de cor clara e Gaspar, rei da Índia de cor amarela, representam os povos de toda cor e nação.”
Traziam pequenas caixinhas de fósforos e nelas diziam que tinham trazido ouro, incenso e mirra, e que seguiam não uma estrela e sim as balas traçantes de traficantes em guerra em guerra próximo ao Orfanato.
Terceiro Ato – A procura de local para nascer Jesus....
Maria prestes a dar a luz a Jesus (Binha, colocou um travesseiro amarrado à barriga) e José (Paulinho), segundo eles encenando diversas voltas pelo espaço do Teatro (transformaram o refeitório em uma sala de Teatro) a procura de um local, pois logo nasceria Jesus.
Mudaram a história e relataram ao Anjo Gabriel (elaboraram um dialogo fictício) que haviam peregrinado por diversas maternidades e hospitais, mas sempre recebiam a noticia de que não havia médicos para o atendimento. Alguns mandaram voltar no dia seguinte ainda de madrugada para pegar senhas e se tivesse atendimento seria atendida.
Quarto Ato – O achado de um “estábulo” na atualidade....
Depois de muito penarem por hospitais e maternidades públicas e nada conseguirem, resolveram perambular pelas ruas e em dado momento Maria disse estar sentindo as dores do parto, desesperando José. Eles estavam passando por uma favela e foram lá. Maria e José favela adentro.
Em seu interior não acharam nenhum “estábulo”, mas viram um casebre construído por caixotes, provavelmente construído por craqueiros.
Nele não havia ninguém nem algo para servir de leito e muito menos uma manjedoura, onde segundo a Bíblia nascera Jesus.
O jeito foi se ajeitarem com trapos achados no interior do barraco.
Para dar melhor vida a peça por eles encenada imaginaram estar vendo os animais que viam nos presépios e dialogavam ficticiamente sem parar com cavalos, ovelhas e todos os animais que foram testemunhas do nascimento de Jesus.
Viram sim uma forte luz e ali entre os trapos que fazia de manjedoura uma criança (Toninho) que muito chorava, todos pensaram ser pela peça, mas na realidade Toninho chorava copiosamente por estar lembrando-se de sua real história de criança abandonada no chão em uma favela. Isto deu mais realidade ao ato. E Toninho chorava copiosamente de orgulho, pois achava muito para ele estar ali representando o nascimento de Jesus e sendo ele mesmo o próprio.
Binha também chorava muito ao fingir dar a luz a Jesus, Pois ao interpretar Maria, lembrou-se da covardia feita a ela por um monstro pedófilo, só que desta vez estava fingindo dar a luz e o fazia com muitas lagrimas de alegria, pois mesmo sabendo ser de mentirinha estaria de certa forma se sentindo como a verdadeira Virgem Maria.
Por fim Toninho, que mesmo sendo arredio e chamado de frio, com voz embargada e lagrimas nos olhos e lembrando das atrocidades sofrida em sua casa, fez um pequeno discurso que os três aviam escrito sem ninguém saber.
Ato Final - DISCURSO
Senhor Diretor, Senhores e Senhoras funcionários (São voluntários), Senhores e Senhoras que tanto nos ajudam o ano inteiro (casais amigos do orfanato), meus irmãozinhos e irmãzinhas.
Resolvemos eu, Binha e Toninho terminar esta pequena apresentação do nascimento de Jesus enviando uma mensagem de agradecimento a todos.
o Senhor Diretor pela dedicação ao nosso bem estar e pela coragem de tocar um projeto sem um dia sequer à gente não ver o seu sorriso se apagar, mesmo que muitas vezes ao ver seus olhos avermelhados sabemos de seu choro por não poder fazer mais pela gente. Nosso muito obrigado.
Aos funcionários (as) pelo carinho (a maioria voluntários), pelas broncas nas horas certas e por todo amor e dedicação de sempre estarem aqui para nos dar colo na hora certa.
Por estarem sempre a nos deixar deitar em seus colos quando nos vimos perdidos e desiludidos. Sempre com seus sorrisos estampados e palavras de imenso carinho. Obrigado.
Aos casais amigos, que muito nos dão amor, que em muitas vezes nos levam a passeios, que tentam carinhosamente nos passar a sensação de um pai e uma mãe, muitas vezes nos substituindo por filhos que por infortúnio do destino não tiveram ou perderam. Muito obrigado.
E por fim aos nossos irmãozinhos e irmãzinhas agradecemos a vocês por nos ajudarem a crescer e como forma de agradecimento prometemos que nunca, mas nunca mesmo os deixaremos sozinhos, estaremos sempre aqui para proteger a todos, que nunca as meninas seja molestadas e os meninos maltratados.
Agradecemos a Deus Que também pode se chamar Adonai, Oxala, Alá, Jeová.........
E desejamos Feliz Natal a todos os lares e nunca se esqueça de convidar o dono da festa.
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