A Guilda dos Caçadores - Capítulo 8

Desceram uma tortuosa trilha cercada de frondosas árvores pelos dois lados, o silêncio da caverna agora fora substituído pelo constante ruído de pássaros e do vento passando por entre as folhagens. Um novo vigor brotava em cada um, principalmente em Az, fazia tempo que não andava ao relento, principalmente atrás de um tesouro há muito perdido.

- E depois de Porcupine, para onde vamos? – Powling perguntou.

- Bem, pela legenda que achei atrás do mapa devemos encontrar uma espécie de chave lá. Depois disso, vamos para Klodyke – Az respondeu prontamente.

- Aliás, se só podemos chegar aqui pelas cavernas, então só podemos sair por elas? Não queria passar por aquele lugar de novo – Lory odiava lugares fechados.

- Na verdade não. Como diziam os antigos, só um caminho leva a Porcupine, mas de Porcupine podemos pegar qualquer caminho – Az falou com excitação. A propriedade mística daquela terra era algo pelo que ele tinha muita admiração.

Andaram por um bom tempo até que no horizonte avistaram algo alusivo a um muro alto, se estendendo para leste e oeste em curva. Ao se aproximarem dele, a trilha que seguiam os deixou em uma estrada pavimentada em pedra, perfeitamente plana e com destino ao portão principal do que agora mostrou-se ser uma muralha. Acima do portão havia uma placa de madeira, provavelmente feita de uma única imensa árvore, com “Porcupine” gravada em sucos profundos. Em ambos os lados do grande portão estavam guardas trajados de túnicas azuis com armaduras simples por cima e, o mais intrigante, com mascaras de ferro cobrindo seus rostos.

Quando o trio estava a uns poucos metros do portão, perceberam outros guardas por cima da amurada armados com arcos. O guarda da esquerda dirigiu-lhes a palavra.

- Quem deseja entrar na nobre cidade de Porcupine? – Sua voz parecia ser ampliada pela máscara.

- Somos três viajantes pacíficos em uma busca – Azimute adiantou.

- São do lado de fora de nossas terras. Então, encontraram-se com Maze nas cavernas Úr.

- Sim, e deve ser de seu conhecimento que para chegar aqui tivemos nossos espíritos lidos por ele – Az deu o tom mais cordial que pode em sua voz.

- Pois bem. Sejam bem-vindos a Porcupine, a cidade mais antiga da era Hennig –O guarda sabia que nada escapava dos olhos de Maze, então, não tinha pelo que temer.

Um forte barulho chegou aos ouvidos dos três e, ao contrário do que esperavam, apenas um pequeno portão inserido no maior da direita foi aberto. Um guia esperava-os do outro lado.

- Era Hennig? – Powling questionou.

- Hennnig segundo as lendas, foi o fundador da primeira cidade do continente Hiperion, cujo nome era Cladistic. Todas as cidades fundadas em sua era foram destruídas, somente Porcupine restou – Az parecia comovido com isso.

Os três passaram pela porta e ficaram atônitos com a cidade a sua volta. O guia adiantou-se e fez uma ligeira mesura.

- Bem-vindos, sou Hortos. Serei seu guia enquanto estiverem por aqui. Qualquer pergunta que tiverem, ficarei grato em respondê-la.

- Muito obrigado – Lory respondeu pelos outros dois, que pareciam extasiados demais com a vista da cidade para notarem algo.

Porcupine era toda cercada por uma enorme muralha circular robusta. Em seu interior várias construções extravagantes espalhavam-se por todo o local, para todo lado que se olhava avistava-se alguma estátua de deuses antigos e guerreiros ou alguma bela fonte. O guia entrou em movimento e o grupo seguiu em passo lento. Lory notou que a pavimentação da rua formava desenhos e mosaicos elaborados, feitos de pedras de diversas cores. Ficou maravilhada com sua beleza.

- Vejo que gostou de nossos mosaicos. Eles contam como nossa cidade foi fundada; se seguir essa avenida até o portão de saída terá uma narração completa de nossa fundação.

- Impressionante. O que mais gostei é que, conforme andamos, as imagens parecem ganhar movimento. Vocês devem ter artistas realmente talentosos por aqui – Lory dirigiu um sorriso ao guia.

- Infelizmente não temos mais muitos artistas. Essas ruas foram feitas a centenas de anos – Hortos parecia feliz por ser questionado.

- Imagino o trabalho para manter intacta uma arte tão bonita como esta – Powling observou.

- Na verdade nunca a reformamos. Ela foi feita pelos antigos artesãos, quando a nossa magia ainda era forte, e vem vencendo séculos desde então. Sinto dizer, mas temos que deixar essa avenida, por aqui, por favor – Hortos guiou-os por uma rua a direita.

Poucos pedestres andavam pelas calçadas, e esses poucos pareciam não dar muita atenção ao distinto grupo.A rua era cercada dos dois lados por belas casas feitas em mármore branco que brilhava nobremente sob a luz do sol, maravilhando o trio por sua beleza profunda. As calçadas, extremamente planas, eram ricamente arborizadas e limpas, tão limpas que Lory mais uma vez impressionou-se.

- Vocês varrem sempre as folhas que caem das árvores? – Lory perguntou.

- Não, essas árvores nunca derrubam suas folhas, elas apenas mudam de cor de acordo com a época do ano. Assim como o mosaico que você viu há pouco, elas são remanescentes de um passado longínquo. Pertenciam a antiga floresta que aqui estava antes da fundação da cidade.

- Isso que é praticidade – Powling observou.

- Parece que tudo aqui tem algo de místico envolvido – Azimute estava gostando cada vez mais daquela cidade.

- Vocês não viram nada – Hortos falou orgulhosamente. Azimute deu um sorriso largo, seu entusiasmo acompanhado pelos outros dois.

Continuaram adentrando na cidade pela mesma rua, raramente encontrando mais pedestres, o que fez surgir neles uma certa inquietação. Por fim,Hortos parou em frente a uma construção suntuosa, construída de uma harmônica combinação de mármore branco e preto.

- Essa é a antiga casa dos estrangeiros. Costumávamos receber e hospedar nossos viajantes aqui – Dizendo isso, guiou-os para dentro da construção passando por uma gigante porta de mogno polido. Hortos sentou-se e ofereceu lugares em um artístico banco de madeira do grande salão principal – Desculpem pela minha intromissão mas, qual o motivo de suas visitas?

- Bom, estamos em uma busca, como havíamos dito no portão. E para continua-la precisamos de um certo item que está aqui – Azimute retirou o mapa de sua mochila e mostrou a legenda atrás dele.

- Isso vai ser um problema – Hortos disse com certa tristeza – Esse item pertence ao Ministro Supremo.

Gabriel Freitas
Enviado por Gabriel Freitas em 19/12/2013
Reeditado em 19/12/2013
Código do texto: T4618617
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