A Guilda dos Caçadores - Capítulo 6

A figura de Azimute inspirava sabedoria acompanhada de um pouco de mistério, mas, ao mesmo tempo, transparecia benevolência e era comum dar largos sorrisos durante suas conversas. Já tinha certa idade e suas feições começavam a denuncia-lo, apesar disso, seu estado de espirito assemelhava-se a de um jovem na flor da idade.

- Ora ora senhor Powling, ja faz um tempo ãhn? - Seu tom era informal e empolgado.

- Um pouco. Permita-me apresentar minha amiga Lory, sem ela dificilmente estaria aqui.

- É um grande prazer conhecê-lo, senhor...

- Azimute. Mas pode me chamar de Az - Seu fácil sorriso brotou em seu rosto - Sentem-se, vamos.

- E aquela pergunta, qual a resposta? – Lory estava confusa com a recepção.

- Ela só serve para refletirmos sobre certas coisas da vida, por isso, a resposta é o silêncio. Não podemos escolher entre duas pessoas que amamos muito, mas a vida pode nos impor isso – Lory acenou em afirmação – E então, quais são as novidades?

- Foi difícil, mas consegui - Apresentou as partes do mapa, o que fez com o orgulho de um artista ao apresentar sua obra prima ao grande público. Os olhos de Azimute cintilaram.

- Então eu acertei não é, o mapa estava mesmo nas florestas bravias. Bom, muito bom. Só que isso só é o primeiro de muitos passos - Lançou um olhar inquisitivo a Powling e a Lory.

- Sei disso Az. Mas estou decidido a seguir em frente.

- Certo. Sem perca de tempo, vamos ao mapa - Dito isto, pegou a primeira metade do mapa, examinando sua superfície com marcas em relevo em toda sua volta. Powling entregou-lhe a chave que havia tirado da segunda metade.

- Sleutel. Isso é idioma imperial antigo, se não me engano. Caso as histórias sejam verdadeira, é só colocar essa combinação nessa metade e ela revelará toda a fortuna de Nudge I. Estão prontos? - Dirigiu um sorriso a Powling e depois a Lory, que responderam com um empolgado aceno de afirmação.

- Então, vamos fazer história - Começou a girar as roletas encaixando letra por letra a palavra-chave. Apesar de tratar-se de um artefato antigo, os mecanismos mostraram-se eficientes e foi fácil encaixar a combinação. Porém, ao encaixar a última letra, nada aconteceu.

- E...é isso? Nada? - Azimute tentava realinhar o melhor que podia as letras para tentar destravar o mecanismo.

Powling levantou e pediu para tentar também. No entanto, ao pegar na extremidade do mapa e puxar para si, essa desencaixou em sua mão, deixando a mostra uma espécie de fechadura.

- Ops, acho que arrumei - Uma gargalhada reverberou pela sala de Azimute, os ânimos haviam voltado rapidamente.

- Agora usemos a chave - Azimute encaixou a chave no orifício da base exposta e girou duas vezes. Quando ia girar a terceiro um clique soou e o "núcleo" do artefato soltou-se. Azimute puxou a chave, que veio acompanhada de um cilindro de metal polido com varias gravuras semelhantes às do mecanismo maior.

O cilindro era aberto na outra base, evidenciando um rolo de pergaminho em seu interior. Cuidadosamente, Azimute puxou o mapa de dentro do cilindro, esticando em uma larga mesa de madeira usada para fazer suas refeições. As linhas eram de um marrom desbotado e suas bordas eram enfeitadas com arabescos.

- É lindo – Manifestou Lory.

- Com certeza – Deu a ela um largo sorriso - Agora vejamos: parece que a trilha começa nas cavernas Hur. Para de lá partirmos rumo a Porcupine – Esse nome Az entoou com certo desânimo.

- Não seria mais fácil dar a volta por esses montes e ir direto para Porcupine? Aliás, nunca ouvi falar nele, que lugar é esse? – Powling estava quase impaciente.

- As coisas não são fáceis assim. Porcupine é uma terra lendária, costumava aparecer nas antigas histórias. Segundo elas, só podemos chegar a esse vilarejo se passarmos pelas cavernas Hur.

Lory remexeu-se em seu assento.

- Mas, que eu saiba, todos que entraram naquelas cavernas nunca mais voltaram. Acho que não seria diferente com a gente. Será que isso é uma armadilha?

- Penso que não.O mapa é um caminho direto ao tesouro.É evidente que em meio deleenfrentaremos algumas dificuldades – Az estava pensativo.

- Isso não faz sentido – Powling estava enérgico - Não tem como chegar a Porcupine sem uma rota segura das cavernas – Olhou para o dia ensolarado pela janela - Deve estar em algum lugar, talvez se apontássemos o mapa para o sol....

- É claro! Isso não é um mapa comum.

- Então apontamos para o sol? – Powling interrogou.

- Não para o sol, e sim para as chamas verdes – Dito isso, Az deu uma boa olhada nos dois – Nudge era fascinado pelas chamas verdes. Em seu palácio uma grande chama era acesa toda noite nos portões, um símbolo de poder e riqueza.

Os olhos de Lory brilharam de excitação.

- Você sabe fazer fogo verde? – Lory parecia interessada no assunto.

- Na verdade é bem simples. Só precisamos de pó de esmeralda e um pouco de carvão de Arak. A parte difícil é achar esmeraldas, e fazer pó dela – Deu um largo sorriso.

Ele rapidamente preparou a mistura com ingredientes tirados de frascos que estavam em suas velhas prateleiras, e a colocou em um prato de ferro raso.

- Estão prontos? – Os dois acenaram com a cabeça – Powling, feche as cortinas - Az bateu uma ponta de ferro contra uma pedra cinzenta criando uma forte faísca.

A mistura rapidamente incendiou-se, banhando a sala com uma viva luz verde. As chamas pareciam vivas, muito mais ativas do que chamas de fogo comum. Powling passou o mapa para Azimute que o apontou para as chamas. A imagem que viram antes a luz ambiente no refinado papel desapareceu, substituída por um mapa do que pareciam ser túneis.Dentre os vários caminhos que se interceptavam, um brilhava mais forte do que os outros, levando da entrada a outra ponta por uma rota sinuosa.

- É esse o caminho? – Powling mostrou certo desapontamento – Daremos várias voltas, mas acho que é o único caminho seguro.

- Sim. Parece um labirinto confuso, nunca chegaríamos do outro lado sem esse mapa – Lory estremeceu ao pensar em ficar perdida naquelas cavernas escuras.

- Agora temos que copiar isso. Powling, pegue um papel filme naquela prateleira de cima.

Az manejou a folha de forma a cobrir todo o comprimento do mapa para só depois apontá-lo novamente para a luz esverdeada. Uma imagem nítida do mapa ficou gravada permanentemente no papel filme, logo, eles não precisariam mais de luz verde para vê-lo novamente.

- A alquimia é uma dádiva, não é? – As chamas se apagaram e Az abriu as cortinas.

- Ficou uma beleza. Mas então, quando partimos? – Powling não via a hora de começar a verdadeira aventura.

- Temos de juntar suprimentos e planejar tudo. E também quero dar uma olhada melhor nesse mapa. Podemos achar mais coisas ocultas que vão ajudar.

- Sim senhor! – Powling levantou lançando um sorriso a Az – Agora vamos comer algo. Essa história de mapa me deu uma fome!

Gabriel Freitas
Enviado por Gabriel Freitas em 20/11/2013
Reeditado em 26/11/2013
Código do texto: T4578629
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