Escolhas I
Quando nasci, meus pobres pais escolheram criar-me na mais completa miséria, pois poderiam dar me a um casal rico e minhas noites e dias de extrema necessidades poderiam tornar-se em dias de muitos brinquedos, carinho, alimentação...Foram longos períodos de privação e solidão,.
O tempo passou, mais uma vez meus pais escolheram me mandar viver com minha avó cega para cuidar dela. Na casa de minha avó, não havia espaço para brincar, era trabalho duro todos os dias... Alimentar os animais, trabalhar na roça, fiar à noite, lavar, passar com ferro à brasa, cozinhar em fogão à lenha... Foram longos dias de privação e solidão.
Uma tia escolheu levar vovó para sua casa, voltei para casa de meus pais e minhas irmãs não me aceitavam... eu passei a fazer todo o serviço da casa para ter direito a comida e um lugar para dormir.
Escolhi pela primeira vez meus amigos... animais que pastavam e eu os pastorava. Contava-lhes histórias de terras felizes onde não vivia gente e eles não viravam alimento dos humanos, deveríamos fugir para lá.
Um dia, abri a porteira toquei meu rebanho e sumi no mundo... cada pasto era nossa casa, ao final da tarde partíamos e a lua nos guiava a novos pastos... Um dia me percebi comendo folhas junto ao rebanho, fui bebendo e comendo com eles e assim escolhíamos nossos pastos e nossas moradias.
Uma noite aconteceu o pior, Hina, minha melhor amiga do rebanho, deu a luz e morreu em meus braços. Fiquei com um filhotinho, sem saber o que fazer, mas ele precisava viver!
França, rebelde e egoísta, tinha muito leite, mas dava coice e não aceitava amamentar o pequeno. Pela primeira vez, chorei... chorei tanto que não vi um cachorro aproximar-se do bando. Despertei com um balido
dolorido e desesperado: O cachorro havia matado o bebê de França...
Agora, eramos duas em desespero em ma noite fria.