ET DE ITABERAÍ
ET DE ITABERAÍ
O Cine Edson acionava pela terceira vez a sua sirene, aliás, a última chamada, ninguém comparece a bilheteria. Pior era um sábado aonde os namorados iam encebar as suas paixões nas poltronas cheias de enheque-enheque das populares ou espichar o esqueleto nos camarotes. Nesse dia nada ninguém comparecera.
A rua do Picolé que passa em frente ao cinema também estava deserto bem como o Bar de Sinuca Zé Pereira ou o do Petrônio.
A noite quente ideal para as travessuras da vida vazia. O que é que acontecia?
O Filme em cartaz era o sucesso de Orson Welles : Invasão do Mundo ou outro nome parecido.
A cidade entrara no clima do filme ninguém apareceu para assisti-lo no segundo dia.
Dito Monteiro proprietário do cinema preocupa-se. Pega sua elegante moto Indian preta e vai procurar pelos recantos da cidade a resposta para a solidão da cidade.
Passa pela Rua do Sapo ninguém. A ZBM igualmente vazia.
Resolveu passar pela ponte do Rio das Pedras e antes de atingi-la viu na porta da casa do seu Bailão um povaréu danado. Tinha vendedor de picolé, pipoca, churrasquinho, maçã do amor e algodão doce. Parou e foi "antenar-se" ao ocorrido.
Pensava no mínimo morrera alguém e o aviso fúnebre não chegara à sua mão a tempo de ser noticiado no seu serviço de autofalante.
Custou a inteirar do acontecimento. Viu todo mundo olhando para a escuridão da mata justamente onde havia uma fazendola do outro lado do Rio das Pedras.
De repente senão quando se vê ao longe um pingo iluminado lá no horizonte distante. A luz vai até a um determinado lugar e desaparece.
- Oh... É um vozerio danado. Alguns minutos se passam o pingo de luz aparece e começa a mover-se ao sentido contrário do que fora. Dessa vez o OH vira um silencio danado. E outra vez não mais que de repente desaparece de novo...
Ele então se aproxima do balcão da casa e vê seu Bailão comentar:
-... Já tem mais de uma semana que nesse horário o ET sai para dar uma voltinha...
Ao descer a escadaria da casa encontra o filosofo da região o G. Pereira seu grande amigo e convida-o:
- Vamos lá para ver esse ET de perto?
Nem precisou convidar pela segunda vez, sentou na moto e o filosofo foi sentando atrás. Passaram pela ponte o rio e na primeira estrada entraram à direita.
Logo a frente chegaram à casa do João-sem-braço.
Bateram palmas e o João abriu a porta gritando:
- Quem tá aí?
- É o Dito... Reconhecendo pelo barulho da moto acendeu a lamparina e foi encontra-lo na cancela.
Aproximando G. Pereira, o filosofo enxergando a lamparina acesa na mão do João e fala:
- É isso aí... Pega a lanterna e vai para o fundo do quintal onde fica a latrina... Era esse o itinerário que viram lá da cidade NA PORTA DA CASA DO BAILÃO. ERA O caminho noturno do ET de Itaberaí...
Goiânia 13/11/13.