Os Gigantes do Norte, Cap 01

Aos amantes de "Senhor dos Anéis", "O Hobbit", "As crônicas de gelo e fogo", dentre outros, trago esta história que faz parte do universo do livro que venho escrevendo: "Guerra de Reis". O mundo é o mesmo: Elithen, mas diferente do livro, o enredo conta sobre uma época em que os homens povoavam apenas o Leste, no continente de Caldenhart.

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Há tempos atrás, na época em que o homem povoava apenas o Leste em Caldenhart, um grupo de velejadores rumou para uma aventura: encontrar uma terra ainda não descoberta. O capitão do navio queria ser o responsável por descobrir um novo lugar. Queria seu nome nos mapas do futuro. Queria ser um descobridor, assim como muitos de sua época, pois, essa prática começava a ser comum. Muitas ilhas iam sendo marcadas no mapa, que se estendia a cada viagem.

O grande navio tinha uma tripulação constituída por vinte e dois homens, contando-se com o capitão. Eles eram fortes e capazes de realizar qualquer tarefa, assim como ir de encontro ao desconhecido, mas dessa vez, tudo seria diferente.

Velejaram por longos quatro dias. Passaram por lugares já descobertos e toda a imensidão do mar. Se guiando através do mapa mais atualizado da época, o capitão, saberia quando chegariam à terras novas.

O momento, enfim, chegou. Todos observaram a grande ilha que se assomava a frente do navio.

- Esta ilha não está marcada no mapa. – disse o capitão.

Todos comemoraram o feito. Tecnicamente haviam acabado de descobrir um novo lugar. Já poderiam se chamar de descobridores, mas o capitão não queria apenas isso. Ele tinha a pretensão de desbravar as matas e florestas do local achado. Era um erro. Não deviam atracar, mas assim fizeram. Ancoraram o navio na praia à vista e desceram. O capitão foi o primeiro homem a pisar nas areias frias da ilha. Um grande passo, que talvez pudesse ser o seu último.

A tripulação estava cansada. Haviam navegado por quatro dias e a noite se aconchegava cada vez mais. O capitão então deu a ordem a todos para dormirem. Eles mereciam. Faziam agora parte da história. Vinte e um homens do Leste que encontraram uma gigantesca ilha antes nunca vista. Com certeza a noite de sono debaixo do céu limpo e estrelado naquela bela praia era um presente dos deuses. Ter bons sonhos era uma boa recompensa, mas tudo estava prestes a se transformar em pesadelo.

Quando o aprumado capitão se levantou, de frente para o mar, contemplando o nascer do sol, percebeu que algo estava estranho. Quatro de seus homens haviam sumido.

- Onde eles estão? – berrou o capitão.

Não houve um que não tivesse pulado de susto. Todos levantaram sem entender o que ocorrera.

- Não estão vendo? Quatro dos nossos sumiram.

Eles se entreolharam e começaram a contar. Viram que realmente estavam com homens a menos.

- Nós temos que procurá-los. – ordenou o capitão.

Ele não queria ficar de fora da busca e muito menos do desbravamento da selva. Assim, começaram a caminhar por entre as árvores da densa floresta. E não demoraram a encontrar a primeira pista: um amontoado de roupas. Eram exatamente como a vestimenta da tripulação.

- São deles. Tenho certeza! – disse o capitão.

Mais à frente, encontraram algo pior. Quase que escondidos entre folhas e galhos amassados, ossos, aparentemente humanos, se destacavam no solo. Todos se assustaram. Alguns queriam voltar, mas o capitão ordenou para continuarem. Ele deduzira que a ossada pudesse ser de outra pessoa.

- Isso parece ser mais antigo. Não é dos nossos. – disse ele.

Continuaram a caminhar.

Alguns metros mais a frente, o capitão parou. Simplesmente imobilizado a frente de seus homens. Quando todos chegaram mais perto, enfim, conseguiram enxergar. Notaram que o capitão tinha bons motivos para não prosseguir. Estavam de frente para uma cidade colossal. Prédios que ganhavam os céus de forma inacreditável. Monumentos que, literalmente, invadiam as nuvens mais altas. Estruturas que seriam impossíveis de serem feitas pelo homem. Eram construções que faziam o capitão e seus tripulantes se sentirem como minúsculas formigas.

- Quem pôde ter construído tudo isso? O que será que mora aqui? – disse o capitão, que depois se virou para seus homens. – Vamos retornar. De volta ao navio!

Ninguém ficou para trás, exceto os quatro desaparecidos. Eles tinham que retornar, não havia outra escolha. Eles descobriram que aquela ilha não estava despovoada, muito menos estavam sozinhos.

Quando retornaram para a praia, não acreditaram no que os olhos acusavam ser a verdade. O navio estava parcialmente destruído. Destroços de madeira boiavam no mar ao redor. Alguns pedaços se espalhavam na areia. Era inimaginável o que poderia ter acontecido. “E agora?”, pensou o capitão. Ele tinha que fazer algo.

- Devido às circunstâncias, teremos duas tarefas. Já que não podemos sair desta ilha tão cedo, devemos continuar a nossa busca, mas também temos que reconstruir este navio. Nós temos que sair desta ilha.

Dois grupos foram divididos. Onze ficariam encarregados de reconstruir a embarcação, enquanto sete continuariam as buscas. O capitão se incluíra dentre o grupo menor. Ao mesmo tempo em que queria encontrar os desaparecidos, queria também, desbravar a não mais deserta ilha, apesar do iminente perigo.

Ambos os grupos começaram os trabalhos. Os homens na praia tentavam, ao máximo, remoldurar o casco lateral, para que não naufragassem em cinco minutos, e os sete bravos, caminhavam apreensivos mata adentro em busca dos desaparecidos.

Dois dias se passaram e nada e nem ninguém foi encontrado. Apesar de terem avistado uma cidade absurdamente bem construída e alta, não viram nenhum tipo de ser, capaz ou não, de ter a construído. Nenhum sinal de vida que pudesse viver ali. Mas o capitão sabia que as buscas não eram tão eficazes. Eles partiam durante o dia e quando anoitecia, retornavam para a ilha, onde achavam ser mais seguro. No terceiro dia, o plano seria diferente.

Assim que a noite caiu sobre os ombros cansados dos buscadores, o capitão ordenou que ficassem. Iriam dormir exatamente no lugar onde estavam. E assim como na praia, eles iriam revezar em turnos de vigia, para não serem surpreendidos. Essa tática fazia com que ganhassem um grande campo de busca. Em vez de retornar à noite e no outro dia rumar numa direção diferente, agora eles poderiam se aprofundar ainda mais nas densas florestas. Indo cada vez mais ao coração da ilha.

O dia voltou a raiar e todos a caminhar. O capitão ia à frente, com a sua espada cortando as folhas de caules grossos e espinhosos, quando de repente, cessou o movimento. Como da última vez, ficou paralisado, apenas olhando para frente.

- VOLTEM! – ordenou o capitão com medo na voz.

Uma pilha enorme de ossos se assomava a frente de todos. Era tão alta, que mesmo à distância, era preciso inclinar a cabeça pra trás para observar o topo.

- Porque estão parados? Vamos! – disse o capitão aos imobilizados.

Todos correram de volta, não exatamente pelo mesmo caminho que fizeram. Apenas alguns metros mais a leste e eles caíram numa armadilha. Paredes de madeira brotaram do chão envolvendo-os até suas cabeças. Era exatamente, uma caixa, ou precisamente dizendo, uma jaula de troncos de madeira, que eram tão grossos, que levaria dias para serem cortadas com as simples espadas que tinham.

- Estamos presos. – diziam alguns.

- Vamos morrer. – diziam outros.

O capitão se pôs a frente de seus homens.

- Mantenham a calma, vamos unir forças para tentar sair daqui. Vamos trabalhar para...

Sua fala foi imediatamente cortada por sons aterrorizantes. Galhos eram espremidos, árvores eram arrancadas de suas raízes. Alguém, ou algo, caminhavam na direção deles. Parecia ser um exercito, ou algo parecido.

Mas o que está fazendo isso? Quem está vindo?, pensou o capitão.

Eles não podiam fazer nada. Estavam presos numa jaula quase indestrutível. Restava-lhes apenas aguardar enquanto o som se aproximava cada vez mais.

continua...

RENAN MOTTA
Enviado por RENAN MOTTA em 30/10/2013
Reeditado em 28/04/2014
Código do texto: T4549315
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