Meu Isprito Dê Venturera ! ( Conservatória )
Ieu já falei pruceis, qui num guento munto ficá parada aqui na minha pacatinha cidadê no interiore do interiore das Minas Gerais !
Fazia munto tempo qui ieu num ia passiá lá im Conservatória .
Dê modo qui , ieu pensei... Vô dá uma vortinha ! Peguei um imbornale butei uans traia dento e mê mandei pra lá !
No camim ieu fui pensano...
Quondo ieu chegá lá, ieu vô logo vê se me incontro, cum meu amigo Worney !
Quondo ieu dici do ômbus, ieu andei um cadiquim só , e vi um Museu.
Falei pra mim merma !
Vô vê quem tá dentro daquele Museu ali.
Deve tê um monte de gente, qui já passô puraqui ...
Quondo ieu cheguei na porta do Museu, ieu oiei pra dentro, e num aquerditei no qui vi !
Incontrei meu amigo Worney, lá dentro !
Levei um baita susto !
Falei quele :
Wolney ! Ocê tá vivo ô morto ?
Ô que cocê tá fazeno ai, home ?
Ele cumeçô a dá um monte de risada !
Ieu, fui ficano cada vêis Mai pavorada !
Inté qui ele cunsiguiu falá !
"- Ieu Tô vivo, Maria !"
Num querditei !
Tampei biliscá nele !
Ele cumeçô a gritá !
- " Num faiz isso, Maria !
Ieu tô vivo ! Vem cá, e me dá um abraço .
Me faiz um carinho.
Ieu tô cum tanta sardade docê ! "
Dispois do susto passado, ieu acordei pra vida!
Vi qui ô corrpo dele tava quentim, e que ele tava vivo mermo!
Cumecemo a cunversá, e ele mê falô qui tava ali, só pra tomá conta da história dos poeta , dos cantore, dos serestero qui passaro por ali.
Fiquei incantada cás história qui ele me contô !
Ieu já sabia cadiquim da vida do Vicente Celestino, e do Sirvo Caldas .
Falei prele !
Me leva pra modi ieu vê o Vicente Celestino !
Ele nasceu nô mermo dia quê ieu !
Mai ele mê falô qui premero ieu tinha qui vê a locomotiva !
Num intindi nada ...
Fiquei boiano ...
Ele me ispricô qui locomotiva era trem !
Nessa hora ieu intindi.
Falei prele qui se ele tivesse falado trem, desde o cumeço, ieu ia intendê mió !
Pro modi qui minero fala trem ô dia intêro .
Priguntei prele, sobre o Silvio Caldas
E ele cumeçô a cantá "chão dê estrela."
A musga qui Silvio cantava.
Saimo andano naquelas Rua de Conservatória !
Quondo derepente ieu oiei e dei inté um grito dê aligria !
No meio da Rua, tava o Vicente Celestino !
Im pé, e cum violão na mão !
Saí coreno na dereção dele, qui fui inté trupicano nas pedra.
A rua tava cheia dê gente da cidade grande !
Quondo oiei pra frente, ieu vi um casale dê amigo meu !
Fiquei cuma vergonha danada.
Cumprimentei meus amigo, e abracei cum Vicente !
Vicente tava frio... Num falava nada !
Pidi prele tocá uma musga preu.
Mai nessa hora o meu amigo Wolney, me falô qui ele num tocava mais aqui não ! Quele tinha virado uma êstrela!
Nessa hora ieu cumecei a chorá !
Wolney, tentô mê acarmá .
Nessa hora, ieu pidi pra modi ele mê levá na Igreja dê Santantoin !
Pro modi qui ieu quiria rezá!
Pidi pra Santantoin ranjá um casamento preu !
Ele me falô !
- " Casa queu " !
Falei qui num ia dá, pro modi qui ele era um amigo, e inguale um irmão preu !
Passei na igreja e rezei !
Dispois ele falô preu, qui ia me levá pra modi cunhecê a história do Quilombo São José !
Priguntei prele, se ele ia me levá pra modi vê mai gente qui já moreu?
Nessa hora ele rui, e falô qui não !
Qui no Quilombo, tinha munta gente viva !
Tudo parente dos escravo do passado.
Mai qui lá era munto bão dê ir.
Falô qui tinha dança, canturia, e qui era tudo inguale no passado !
Só num tinha mai barão !
Fiquei cadiquim triste, pro modi mê lembrei de todo sofrimento do passado.
Falei pro Wolney, qui ieu quiria vortá !
Mai iele mê falõ qui nóis inda ia passá na sera da Beleza !
Nessa hora ieu fiquei filiz !
Falei !
Ôpa ! Sera da Beleza !
Deve sê munto linda !
Ô que qui tem lá ?
Dei uma dê Jão sem braço ...
Pensei qui lá , é qui ieu ia incontrá um namorado, pra modi eu mê
casá !
Nessa hora ele mê falô qui tinha uma porção dê disco voadore, que posava lá !
Falei quele !
Ô Quê ? Ocê acha qui ieu vô lá, pra modi sê abduzida por um ET!
Mai nem pensá!
Ele falô qui intão nóis ia vortá, e quei ieu ia drumi dento do Museu quele .
Falei prele :
- Gradicida ! Ieu tenho um parente lá.
Na vorta pra conservatória, ieu fui percurá a casa do parente .
Mai quondo ieu cheguei, ieu levei um baita susto !
A casa dele, tava lotada dê gente !
E o meu parente me falô que ali num era mai uma casa.
Que era uma pousada !
Falei prele ! Dá tudo na merma ! Mai intão ocê mê dá uma posada aqui, pro modi ieu tô cansada.
Graças a Deus, ele ranjô um canti preu!
Quondo ieu acorrdei de manhã, ieu fiquei munto animada .
Tinha uma baita mesa dê café da manhã, e uma canturia danada de boa!
Nessa hora ieu vi qui ô meu primo ficô chique demais .
Ieu fiquei cuma vregonha danada.
Ele virô cantore ! Odilon Parente !
Inda bem qui ele cuntinuô seno meu parente, ê me tratô cum maió do carinho.
Pidiu pra modi ieu falá poesia, pro povo da cidade.
Fiquei tão filiz, qui inté iscrivinhei uma poesia cum nome da Pousada dele! Intreguei na mão dele ! "Sol Maior ".
Me dipidi dele. Gradici , e fui percurá o meu amigo Wolney, pra modi me dispidi.
Falei prele !
Tô vortano agora mermo pra Minas Gerais!
Inté meu amigo !
Ôtro dia ieu vorto !
Dê modo qui essa foi mais uma ventura, dô meu isprito dê Venturera , qui cabei de contá proceis !
Maria Lamanna
Rio Preto - MG