De Mundo Deliriorum - Liber Magiarum Sanscritarum Latinarumque
"Não era dia, não era noute, mas estava um tanto escuro, como que em dia nublado. Lá estava eu, a tentar recobrar a minha consciência, a minha lucidez. D'alguma cousa, pelo menos, eu tinha certeza: eu era um mago e estava melhorando minhas habilidades. Ao caminhar pelos corredores de uma grandiosa biblioteca, pego um tomo antigo, com sua capa dura de coloração amarronzada e suas folhas de coloração amarelada, como que desgastadas pela corrosão implacável de mil eras. Abro o tomo e me deparo com uma língua desconhecida, mas conhecida ao mesmo tempo. Parecia uma língua impura desenvolvida a partir de bases no latim e no sânscrito. Como que num instinto transcendental, comecei a pronunciar as fórmulas mágicas que lá haviam, mesmo sem entender o que nelas haviam... Reconheci uma ou duas palavras, como uma tal "lox" para luz e "maghneis" para grande, ou grandiosa. Imediatamente, após a pronúncia das fórmulas mágicas, o livro começou a flutuar da minha mão e pôs-se a 10 palmos de altura do chão, brilhando e emanando uma luz de coloração doirada que impregnou em minhas vestes e em meu corpo,
e imediatamente desceu de volta às minhas mãos. Pelos momentos seguintes, eu fui capaz de controlar uma luz de coloração doirada pela força da minha vontade, e ela tanto queimava quanto curava, assim como destruía e reconstruía, e iluminava por onde passasse.
Então eu, pasmo com aquele livro, decidi folheá-lo e ver se algo semelhante acontecia... Eis que para meu espanto, algo semelhante acontecera. Desta vez, eu não reconheci palavra, mas isso nada influiu nos efeitos que se sucederam. Lá estava eu, o livro começara, mais uma vez, a volitar, e uma luz de coloração azulada com pequeninos pontos brancos saiu das páginas do livro e veio até a minha direção, envolvendo todo o meu corpo e minhas vestes me tornando, para minha surpresa, invisível aos olhos dos que estivessem a passar a vista. Como eu descobri isso? Respondo. Não sei se fora providência divina ou ação do universo mas, logo em seguida ao fato de eu ter me tornado invisível, espíritos zombeteiros de gentes antigas que ali habitavam desde eras tribais chegaram até a biblioteca, torturando, gritando, amargurando e corrompendo outros infelizes espíritos. Conclui-se, então, que eu estava invisível não só aos olhos dos encarnados, mas também aos olhos dos desencarnados. Fato interessante é que, além da minha invisibilidade, eu conseguia ver, através da força da volição, por entre as paredes e objetos. Em seguida, fui levado à um lugar, como que em teletransporte, e pude ver que o nome do livro era "Liber Magiarum Spirituum", que é Livro das Magias dos Espíritos, e uma voz na minha cabeça me dizia que o livro fora confeccionado, amontoado e escrito por espíritos de diversas partes da orbe terrestre, e que cada feitiço era, na verdade, um espírito aprisionado eternamente dentro das páginas. Em seguida, fui levado à uma cidade desconhecida, no meio da madrugada, e a voz disse-me que a partir dali, tudo seria mistério, com exceção de que iria me revelar, naquele instante, um único fato interessante, antes de que eu fosse consumido pela loucura e por forças obscuras. O fato foi:
- O livro que carregas... Será conhecido como Necronomicon.
(...)"