O Vento Prateado – Parte final- A Forma da mascara 3/3

O ancião andava calmamente em direção ao grupo. Ele era exatamente como o andarilho de cabelos brancos lembrava, e exatamente como ele o havia mostrado para o homem que jazia ao lado da mulher de cabelos castanhos. O tempo parecia não passar enquanto o ancião se dirigia a eles e o vento passava uivando pelas arvores semimortas. Ninguém pronunciava uma única palavra.Tanto o homem quanto o andarilho estavam confusos. Primeiramente com o reaparecimento de Lyzza e o aparecimento da mulher de cabelos castanhos, e agora com essa estranha visita. Uma visita em um mundo onde deveriam estar basicamente sozinhos.

O vento era a única coisa que quebrava o silêncio daquela cena. Quando o ancião chegou à cerca de dois ou três metros ele parou, Olhou para todos e por fim sorriu. Ele usava algo parecido com uma bengala. Uma espécie de galho. E na ponta dele estava uma folha branca. O homem ao lado da mulher de olhos castanhos reconheceu aquela folha. A folha da arvore branca que ele visitou uma vez, em outro mundo ou realidade talvez. O ancião bateu a bengala no chão, e o chão começou a sumir, começou a se tornar água e antes que qualquer um pudesse dizer, ou pensar qualquer coisa o mundo já havia se transformado completamente. Era estranho. Todos flutuavam sobre a água sem sentir a menor propensão de afundar.

“Bem vindos” Disse o ancião fazendo uma onda no lago com a bengala “Vocês ainda devem se lembrar de mim” disse olhando para os dois homens “Eu estou aqui para explicar para vocês a natureza desse mundo” continuou enquanto todos ainda estavam atônitos com a cena em si “Não se preocupem, esse mundo já acabou. E vocês estão aqui para que possamos recria-lo” e essa foi à última frase da seqüência sem interrupções “Como assim esse mundo acabou? Nós estamos aqui! Enquanto estivermos aqui esse mundo não pode acabar!” exclamou o homem que segurava uma flor vermelha. “Explicarei exatamente o que está acontecendo, acalme-se. Começaremos do princípio” retrucou o ancião “Esse lago funcionara como a minha metáfora para dizer como esse mundo funciona” o homem de cabelos brancos agora esboçava a intenção de falar mas foi bruscamente interrompido “Desculpe mas não tolerarei ser interrompido neste momento.” E depois de disser isso nenhum dos presentes foi capaz de falar. A voz simplesmente não saia, todos ficaram perplexos.

“Bem vou começar. Primeiramente esta não é a primeira vez que nos reunimos aqui pelo menos não para todos. Este não é o primeiro ‘Mundo’ por assim se disser. A primeira vez existia apenas um ser vivo e por vivo quero dizer consciente. A primeira coisa que ele foi capaz de sentir foi à solidão, ele estava completamente só neste mundo. Não havia nada para se fazer, nada para se conhecer. Então ele resolveu criar seres iguais a ele. E isso não foi difícil pela própria natureza deste mundo, esse mundo que vem da mente deste ser, que é todo este mundo e ao mesmo tempo apenas uma ínfima parte dele. E esse foi o primeiro mundo. Um mundo onde todos eram iguais. Mas o ser ainda estava só. Não havia nada de novo, ou diferente era agora uma solidão diferente.” O ancião fez uma breve pausa e apontou para Lyzza a mulher de cabelos ruivos que ainda não havia acordado “Então ele decidiu criar algo completamente oposto a ele. Se ele era o todo ele criaria o nada, o vazio. E então ele o fez. Povoou o mundo dos os seres iguais a ele com opostos, mas os opostos eram, também, todos iguais. Todos iguais a ela. Pode se disser que ela foi a primeira ‘Mulher’, a filha do vazio. E a solidão não aplacou seu coração por algum tempo. O tempo de vida do primeiro mundo. Agora não foi seu coração que se sentiu só, mas sim o de seu oposto. No inicio ele não compreendeu. Porque? Porque ela se sente só? Ela tem a mim e eu a ela do que mais precisaria? Mas ele nada fez. Nada fez até começar a sentir o mesmo. A solidão da mulher se tornou a dele e ele entendeu. Era algo estranho. Algo complexo. Algo que ele não compreendia completamente. A primeira coisa que ele não compreendera. E ele precisava fazer algo. Ele precisava compreender o que era aquele sentimento. Ele precisava entender a si mesmo para criar um mundo onde pudesse viver.”.

Então o ancião parou novamente e bateu a bengala na superfície do lago “Aquele mundo era como esse lago” e então o lago tomou tudo, não havia mais superfície, eles não flutuavam mais. Estavam todos dentro do lago. Não importa para onde olhassem o lago continuava e não parecia existir um modo de sair dele. “Aquela mulher foi a primeira pedra a cair nesse lago” e então uma pedra veio de fora do lago, criando a superfície onde eles se apoiavam novamente “Ela criou um limite, a superfície do lago. Mas o mesmo ainda não tinha fim ou forma definida.” O ancião respirou e bateu a bengala mais uma vez “Então ele criou este mundo, o segundo mundo. Um mundo no qual as pessoas não eram mais iguais por assim dizer. Elas eram as diferentes combinações dele com seu oposto. E então ele nos criou. Somos suas ‘faces’, suas características eu represento sua forma inicial o todo, meu nome é Uno e aquele que vocês conheceram antes, o dito vazio é como eu seu nome é Balllor” Então o ancião apontou para o homem de cabelos brancos “Você é a representação da minha face neste mundo Antherion e a mulher Lyzza que tem em seus braços a dele” Todos pareciam atônitos mas ainda não poderiam falar.

O ancião abaixou o braço e soltou a bengala no lago que afundou lentamente. “Vocês dois, são a segunda pedra que cai neste lago, vocês criaram o fundo” e então uma segunda pedra caiu no lago enquanto a primeira atingia o fundo do lago “Vocês são a razão da existência do segundo mundo, vocês precisam de nomes de forma. Diga que nome gostaria de ter? Creio que você achou um desde que me viu a última vez dentro da arvore branca” disse olhando para o segundo “casal” caído na superfície do lago “Vocês já podem falar seus nomes, apenas seus nomes afinal ainda tenho muito a falar e a fazer” quando a bengala terminou de afundar o homem se pois de pé com a mulher de cabelos e disse seu nome “Meu nome é Kiarmm” o ancião riu “Como pensei, seu nome significa ordem na língua do primeiro mundo. Creio que não preciso perguntar o nome da mulher. Almhiria certo?” ela sorriu e acenou a cabeça positivamente. Almhiria o nome daquela flor vermelha, e significava caos na língua antiga.

“Bem agora nascerão suas faces deste lago. Kaliin e Surll serão seus nomes tentem entender seus reais significados, no futuro” o ancião se dirigiu a Antherion o homem de cabelos brancos. “E quanto a você, preciso que me mostre de onde recomeçar o mundo. Você a representação do todo, e sua vontade se assemelha a do ser que criou este mundo.” Antherion se levantou com Lyzza em seus braços, os dias da infância que passaram juntos a vida que compartilharam tudo passou em sua mente. Subitamente ele lembrou da história daquele que seria o segundo mundo e fez uma pergunta ao ancião enquanto imaginava se sairia som de sua voz ou não. Saiu. “Este mundo, quando foi criado? Digo aconteceram coisas antes de eu nascer. Eu as estudei. Mas pelo você disse é como se sempre tivéssemos existido neste mundo.” O ancião sorriu, ele sabia que essa seria a primeira pergunta que ele faria “Nós as faces não podemos interferir neste mundo. É para isso que vocês existem. Nós apenas somos capazes de influenciar os fatos. Sussurros, apenas sussurros nos ouvidos das pessoas ” disse o ancião antes de ser interrompido por Antherion “Não foi essa minha pergunta” o ancião ficou um pouco irritado não gostava de ser interrompido “Acalme-se eu ainda não terminei” e continuou “Nós apenas encaminhamos este mundo para que vocês possam existir nele. Vocês sempre existiram isso é verdade. Mas tudo sempre existiu. Ao criar o presente automaticamente se cria passado e futuro. E foi isso que ocorreu. A existência de vocês e a desse mundo estão interligadas. A existência desse mundo se dá por sua causa, mas como conseqüência disso o mundo tem de existir também antes de vocês afinal até o nada precisa ser criado.”

Antherion ficou pensativo por um tempo. Ele lera a historia daquele mundo, e todos os males que o assolaram. Ele queria um mundo mais gentil. Um mundo onde pudesse viver com lyzza tranqüilamente. Então lê se lembrou do primeiro grande conflito da humanidade. Quando os humanos vieram para o continente de Ocolon. Uma disputa pelas terras férteis que aquele continente tinha. E então ele disse ao ancião que tornasse o continente estéril e morto, mas que trouxesse a fertilidade as ilhas que a humanidade cultivara antes.o ancião concordou e antes de faze-lo disse as ultimas palavras que ecoariam naquele mundo “Agora darei a vocês o meu presente. Um recomeço real, quando renascerem neste novo mundo não se lembrarão do mal que causaram terão suas memórias dispersas ao vento.” E então o vento soprou forte sobre o lago. Antherion foi tentar objetar mas tudo que sentiu foi o vento passando por seus cabelos prateados e então tudo já tinha acabado.

P H R Garrit
Enviado por P H R Garrit em 16/09/2013
Reeditado em 16/09/2013
Código do texto: T4484209
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