Tio Patinhas e o ataque das formigas mecânicas

Nota do autor: esta história é uma fanfic e, como tal, não pode ser publicada profissionalmente. Os direitos autorais sobre os personagens pertencem à Disney.

TIO PATINHAS E O ATAQUE DAS FORMIGAS MECÂNICAS


Miguel Carqueija



Dedicado a Walt Disney e Carl Barks




Naquela manhã, ao sair do seu banho de moedas na caixa forte, o Tio Patinhas sentia-se estranhamente preocupado. É verdade que a sua fortuna pessoal, segundo o último balancete, aumentara apenas uns poucos quaquilhões de dólares, mas não era isso na verdade o que o preocupava. Era antes uma sensação indefinível de algum perigo que se aproximava; um tipo de sensação que, ao longo dos anos, ele se acostumara a ter: um sexto sentido que sempre o avisava quando alguma coisa não corria bem.
Tio Patinhas enxugou-se (?) com uma toalha e, retornando ao gabinete, observou para o mordomo:
– Eu tenho quase certeza, Jarbas... que alguma coisa vai acontecer. Sinto isso nas minhas penas.
- Ouviu-se uma campainha estridente e Jarbas observou:
– Tinha razão como de hábito, patrão. O telefone tocou.
Tio Patinhas olhou-o com estranheza, pois Jarbas não costumava ser zombeteiro, e atendeu o telefone.
– Alô!
– Alô, Tio Patinhas! Como está o senhor?
A voz inconfundível de seu sobrinho Donald grasnava do outro lado da linha e Patinhas fez uma careta de desagrado. Mas, afinal, da família a gente não se livra facilmente.
– Quer mesmo saber como eu estou? Então venha até aqui e eu lhe direi pessoalmente.
- Puxa, Tio Patinhas! Como adivinhou que eu queria falar com o senhor pessoalmente? Posso seguir para aí agora?
–Pode que eu espero. Veja se não demora.
– Está bem, tio. Até já!
– O que será que esse tonto está planejando? –monologou o Tio Patinhas.
O telefone tocou de novo e dessa vez era o Peninha.
– Tio, será que o senhor me pode fazer um favorzinho? Eu precisava que o senhor ficasse um pouco tomando conta do Biquinho.
– O que??? Você está louco, Peninha. Se eu fizer isso vou acabar tendo que contratar os Irmãos Metralha para me proteger!
– Muito obrigado, Tio Patinhas! O senhor é um anjo! Sabia que iria concordar!
– O que? Ouça aqui, seu...
– Daqui a alguns minutos eu chego com o Biquinho. Tchau!
Patinhas ficou olhando o aparelho, sem acreditar.
Então o interfone tocou: era a Dona Cotinha, da ante-sala.
– Seu Patinhas, o seu sobrinho está aí fora e quer falar com o senhor.
– Já? Mas qual deles?
– O senhor Gastão.
– Ué! Esse eu não esperava! Está bem, mande-o entrar. Jarbas, pode ir.
– Está bem, senhor. Boa sorte.
Jarbas saiu e Patinhas falou sozinho: –O que será que ele quis dizer com isso?
Então Gastão entrou, sacudindo a sua bengala de cabo folheado a ouro.
– Olá, Tio Patinhas! Como está o senhor?
– Mal, muito mal como sempre, sobrinho. A preocupação com todo esse dinheiro...
– Ora! É justamente isso que nunca me preocupa! Eu não tenho dinheiro nenhum, e ao mesmo tempo sempre tenho!
– Você está se referindo à sua sorte! Ora, eu jamais confiaria em algo tão vago e subjetivo! Mas o que você quer afinal?
Tio Patinhas considerava o Gastão como um inútil, daí a sua rispidez. O Gastão porém não se deu por achado:
– É que eu passei agora mesmo por aquele meu primo azarado, o Donald, e achei que não custava nada dar um pulo aqui para avisar ao senhor que ele vai se atrasar um pouco.
– Ele vai se atrasar? Mas ele estava com tanta pressa! O que foi que houve afinal?
– É que o carro dele enguiçou, só isso. E não é de admirar, é uma lata velha.
– Está bem. Ele acabará chegando aqui. Mas foi bom você vir; vou já lhe contar qual é o meu problema.
– Ora, Tio Patinhas! O senhor não precisa me contar o seu problema, porque eu já sei!
– Como sabe, se eu não lhe contei?
– É claro que eu sei, Tio Patinhas! O seu problema é dinheiro! Aliás, sempre foi! Que mais pode preocupar o senhor além do dinheiro?
– O pior é que você tem razão. Mas é que nos últimos tempos...
CHOMP! CHOMP!
– O que foi isso, Gastão?
– Sei lá, Tio Patinhas. Eu também ouvi!
O interfone tocou.
– Seu Patinhas, o seu sobrinho Peninha e o seu sobrinho-neto Biquinho estão aqui.
– Mande eles esperarem um pouco, Dona Cotinha!
– Está bem, senhor.
– Bem, Gastão, como eu estava dizendo...
CHOMP! CHOMP!
CRUNCH! CRUNCH! CRUNCH!
– Que raio de barulho é esse, afinal?
– Não sei, Tio Patinhas. Parece que estão mastigando alguma coisa dura!
CHOMP! CHOMP! CHOMP!
ROC! ROC! ROC!
CRUNCH! CRUNCH! CRUNCH!
Tio Patinhas pulou da cadeira:
– Agora chega! Já sei o que está havendo! Eu devia já saber que aquele monstrinho, o Biquinho, sempre arma alguma coisa quando aparece...
Tio Patinhas correu para a sala de espera - só para encontrar o Peninha lendo tranquilamente uma revista de 1920, e o Biquinho com os pés numa mesinha, chupando tranquilamente um pirulito.
– Biquinho, pare imediatamente!–berrou o Tio Patinhas, agitando os braços.
– Parar o que, Tio Patinhas? Parar de chupar o pirulito?
– Que foi que houve, Tio Patinhas? – o Peninha estava perplexo.
– Esse pestinha deve ter relação com esse barulho, deve ter...
– Tio Patinhas! Venha ver depressa! É no depósito de dinheiro!
Tio Patinhas voltou-se para o Gastão. Depósito de dinheiro, escutara bem? Depósito de dinheiro?
O pato quaquibilionário voou para o depósito. Gastão, Peninha, Biquinho e a Dona Cotinha só viram o rastro dele no ar, mas correram todos atrás.
O velho pato chegara à beira do trampolim e pulava, gritava e gesticulava no auge da aflição:
– Vejam! Vejam essas criaturas, que furaram a parede! Algum cérebro diabólico está por trás disso!
Uns monstrinhos mecânicos, semelhantes a formigas amazônicas (que são enormes) haviam penetrado no depósito por vários buracos e agora atacavam as moedas e cédulas, que já iam levando em suas mandíbulas.
– O pior –disse a Dona Cotinha– é que eles devem estar atacando por baixo também. Me parece que o nível das moedas já baixou...
Escutando uma barbaridade dessas, o Tio Patinhas perdeu o controle e se atirou de cabeça nas moedas, mas o Peninha e o Gastão pegaram-no pelas canelas, evitando uma queda desastrosa. As formigas mecânicas já batiam em retirada, mas o Biquinho pegou o seu estilingue e acertou uma delas com uma pedra, derrubando-a no meio das moedas.
– Bom trabalho, Biquinho!–assim dizendo o Peninha desceu pela escada de parede até as moedas e foi buscar o monstrinho.
– Vejam –disse ele– É metálico mesmo, é um robozinho. A pedrada o inutilizou.
– O que é que eu vou fazer? Não posso deixar o Biquinho permanentemente aqui com sua atiradeira...
– Ora, Tio Patinhas! Francamente! Isso deve ter uma solução muito fácil!
– É claro!–Tio Patinhas foi sarcástico–Posso quase acreditar que é só abrir a janela que a solução entrará voando!
Assim dizendo, e para sublinhar melhor as suas palavras, Patinhas foi até a janela e abriu -a .
PLAFT!
Um corpo pesado colidiu com ele e ambos rolaram no chão. Quando se recuperou, o Tio Patinhas olhou incrédulo para a cena:
– Donald! Pardal! O que está acontecendo?
Quem caíra em cima do Tio Patinhas fora o seu estouvado sobrinho, o Pato Donald. O Professor Pardal, pilotando uma motocicleta voadora, conseguira pousar com segurança na pérgula do depósito – piscina. O Lampadinha vinha em seu bolso.
–Que sorte! - exclamou o Professor Pardal, limpando o suor da testa. – Se o senhor não tivesse aberto a janela ia ser um desastre! A minha motocicleta perdeu o controle momentaneamente.
Tio Patinhas se ergueu, de cara enfezada, e sacudiu o pó do paletó.
– As suas invenções estão sempre se descontrolando. Mas você, Donald, o que foi que houve?
– Ora, Tio Patinhas, o meu carro enguiçou e eu peguei uma carona com o Pardal...
– Como pode ver, tio–observou o Gastão – só o fato de eu estar aqui já lhe trouxe sorte.
– Que você quer dizer com sorte? Pois se estão roubando o precioso dinheiro na minha cara, e ainda recebo um pato desse tamanho por cima de mim...
– Tio Patinhas, o senhor não está raciocinando bem. Seja qual for a origem dessas coisas, elas já estavam perfurando a sua caixa-forte há várias horas ou até dias, portanto muito antes que eu aparecesse. Eu lhe trouxe sorte, pois num abrir e fechar de olhos o senhor identificou a ameaça, capturou um dos atacantes e recebeu a visita do Pardal, que é a pessoa mais indicada para resolver problemas mecânicos.
– Alto aí, Gastão!–pulou o Biquinho. – Quem capturou essa formiga fui eu!
– Bem, mas... ora, vocês entenderam.
– Que você acha, Pardal?
– Bem, senhor Patinhas... eu já acho que isso pode ter relação com os Irmãos Metralhas...
O Peninha fez um gesto de desdém:
– Qual é, Pardal. Qualquer coisa de anormal e vocês já acham que foram os Metralhas...
– Acontece, Peninha, que sobrevoando a cidade eu vi passar um caminhão basculante cheio de Metralhas. Eles estão em atividade!
– Ah, esses livramentos condicionais!–desabafou o quaquilionário.
Voltou-se para o Pardal:
– Será que você pode localizar todas as infiltrações, bem como a fonte de onde provém esses monstros?
– É claro, seu Patinhas. Por sorte eu trouxe o meu mapeador sintético-portátil de ressonância magnética e configuração tridimensional com imagem em tecnicolor, um desses aparelhozinhos simples e despretensiosos que invento nas horas vagas...
– Pois então, configure logo o que quer que seja esse troço! O meu rico dinheirinho está em perigo!
– Dá um tempo, seu Patinhas. Primeiro eu tenho que ligar isso na tomada, depois acionar o laptop, digitar o código de abertura...
– Ande logo! E você, Donald, para que mesmo queria me ver...
– Bem... na verdade, tio... é que... bem, é uma coisinha simples... ahn... quer dizer... para falar a verdade... pensando bem... eu precisava falar uma coisa... é que... bem, como eu dizia...
– Fale logo!
– Eu estava precisando de um dinheirinho emprestado até o ano que vem, por isso...
O velho pato deu um pulo até quase o teto.
– O QUEEE? Já não bastam as formigas?
– Mas Tio Patinhas, seriam só mil dólares...
Não sabemos o que poderia ter acontecido com o Donald naquela hora, se o telefone não tocasse.
Prevendo alguma coisa importante, o milionário disparou para o aparelho e atendeu, quase derrubando a coluna:
– Alô! Alô!
– Alô! É o velho Patinhas quem fala?
– Hein? Que liberdades são essas? Quem está falando?
– Ora, quem! Seu velho amigo, o Intelectual!
– O que? Ora, seu... já sei quem são vocês! Vou mandar prendê-los!
– Que é isso, Patinhas? Você não tem provas e, se nos acusar, podemos processá-lo.
– Eu tenho provas sim, patife! Eu estou gravando a nossa conversa!
– Valeu a tentativa, Patinhas! Mas nós sabemos que é blefe! Do jeito que você é pão -duro, não iria gastar dinheiro com um aparelho de gravação!
O pior é que ele está certo, pensou o Tio Patinhas, mas não quis dar o braço a torcer e rebateu:
– É o que veremos! De qualquer forma eu vou pegá-los. Vocês não perdem por esperar!
– Patinhas, podemos tornar tudo mais simples e menos mortificante. Sabemos que você tem seus aliados, mas nós estamos senhores da situação. Nós podemos arruinar a sua caixa-forte com as nossas térmitas informatizadas. Mas nos contentaremos com uma fração bem menor. Pense bem: se você nos enviar um barril cheio de dinheiro, nós interromperemos o nosso ataque e você poderá respirar um pouco. Caso contrário, nós esburacaremos tanto a sua fortaleza que ela se
desmontará e derramará a sua dinheirama por Patópolis afora. Procure visualizar essa cena!
– Glup!
– O que houve, Tio Patinhas? – perguntou o Peninha, preocupado com a expressão do Tio Patinhas que, de olhos vidrados, parecia ter entrado em transe.
– Um barril cheio de dinheiro... um barril cheio de dinheiro... e depois, quantos mais? –recitava o velho pato.
O Gastão tentou tomar o aparelho mas, recuperando-se, Tio Patinhas respondeu:
– Está bem! Vou mandar entregar! Qual o local?
– Entregue essa noite, pela meia-noite, na esquina do Beco das Almas Penadas com a Travessa das Assombrações. Vá sozinho, pois estaremos vigiando de vários locais! Se houver sombra de polícia por perto, você morre!
– Espere aí, idiota. Como é que eu sozinho vou carregar um barril cheio de moedas?
Nada podia desagradar mais ao Intelectual do que ser chamado de idiota. Quando ele respondeu, sua voz denotava irritação:
– Você dará um jeito, velho unha-de-fome. O seu amigo inventor maluco está com você, nós o vimos entrar pela janela. Portanto está combinado. Tchau!
Tio Patinhas bateu com o fone no descanso.
– Que é isso, tio? -perguntou o Gastão. - Não me diga que vai entregar o ouro aos bandidos!
– É claro que não! Temos mais de doze horas para armar o golpe! Pardal, preciso da sua ajuda! Você pode inventar alguma coisa que pareça com dinheiro?
– Claro que posso, seu Patinhas. Quanto é que o senhor vai me pagar?
– O QUEEE? Até você quer me explorar?
– Quem quer explorar a quem , seu Patinhas? Eu vou usar matéria-prima e energia elétrica do meu laboratório: o senhor acha que a Patoluz não vai me cobrar? Ah, e outra coisa: quero uma segurança. Sei lá se os Metralhas não vão desconfiar de alguma coisa e assaltar o meu laboratório...
– Então está decidido. - Tio Patinhas apontou para Donald.- Sobrinho, vá fazer a segurança na casa do Pardal!
– Eu? Logo eu?
– Você não veio pedir dinheiro? Eu lhe dou um pagamento e pronto! Vá com o Pardal e o Lampadinha agora, que não podemos perder tempo! Pardal, eu lhe pago quando tiver os resultados!
– Está bem, seu Patinhas. Venha, Donald.
– Aproveite e leve o Biquinho! Afinal, alguém precisa ficar com ele!
O Pardal deu um pulo de horror.
– O QUEE? Seu Patinhas, eu ainda não coloquei o meu laboratório no seguro!
– O que está querendo insinuar? - perguntou o Peninha, algo zangado.- O que há de errado com o meu sobrinho?
– Deixa, Pardal! - e o Donald foi puxando o inventor para fora.- Se ele estiver lá, vai ser pior para os Metralhas!
O telefone tocou mais uma vez. O Tio Patinhas atendeu e escutou uma voz conhecida e infantil.
– Tio Patinhas? É o Huguinho! Nosso Tio Donald está aí?
– Ele foi para a casa do Pardal. Ele e mais o Biquinho.
– Hein? O senhor está brincando comigo, Tio Patinhas?
– É claro que não! Escute... se você e os seus irmãos não têm o que fazer agora, não querem passar aqui? Eu estou numa tremenda emergência!
Ele explicou rapidamente o que se passava e o Huguinho concordou após conferenciar rapidamente com Zezinho e Luisinho.
– Está bem, Tio Patinhas. Nós vamos para aí, e levaremos o Manual do Escoteiro-Mirim.
Mal o Tio Patinhas recolocou o fone no gancho, soou novo grambel.
– Já estou ficando nervoso! Quem será agora?
GASTÃO - Deixa, Tio Patinhas! Eu atendo! Alô!!
– Gastão? Você aí?
– Margarida? Que surpresa agradável!
– Escute, o Donald não está aí? Eu liguei para os garotos e eles me disseram...
– É , ele passou aqui rapidamente, mas já se foi. Por que não vem aqui? O Tio Patinhas está com um problema extremamente sério e precisa da nossa ajuda.
– Fala sério? E mesmo assim o Donald foi embora?
– Não o leve a mal. Tudo se explicará depois que você estiver aqui. Os sobrinhos do Donald também estão vindo, e o Peninha já está aqui. É uma emergência mesmo.
– Bem, se é assim... eu já estou indo. Puxa! Até já!
– Até já, querida.
Quando o Gastão desligou, Patinhas observou incrédulo:
– Ou muito me engano, ou você está usando esse assunto para encontrar com a Margarida e passar à frente do Donald.
– Ora ora, tio. No amor e na guerra tudo vale...



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– O que acha, Intelectual? Podemos confiar em que o velho pão-duro vai entregar o dinheiro?
– Eu duvido, Soco-Inglês. Primeiro ele vai tentar alguma jogada com o Pardal. Afinal, o inventor maluco saiu voando de lá... e com dois passageiros.
Estavam no caminhão cheio de truques do Intelectual Metralha, de uma colina próxima à gigantesca caixa-forte do Tio Patinhas. De lá eles vigiavam os movimentos. O Intelectual virou-se para Chico Metralha:
– É melhor que alguns de nós dêem um pulo no laboratório do Pardal. Nunca se sabe...
– Isso não é tão simples assim. O Pardal vai tomar as suas precauções para que o seu laboratório não seja invadido. Nós não podemos seqüestrar todo mundo que o Patinhas chame para ajudá-lo. Só que é um bando de trapalhões, principalmente o Donald. Para que nos preocuparmos?
– Não subestime o Pardal! Podíamos ao menos vigiá-lo!
– Está bem, está bem... 1313, vai você.
– Eu? Sempre eu?—queixou-se o “azarento”.
O Intelectual sentia-se inquieto. Estava com vontade de ir pessoalmente dar uma espiada no Pardal, mas precisava permanecer no controle das formigas. Bem, na era do celular não havia tanto problema no distanciamento.


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– Professor Pardal, para que é este botão aqui?
– Não mexa nisso, Biquinho! Senão a gente pode...
CABUM!!!
– Sair voando pela janela! — completou o Pardal, atravessando a vidraça, acompanhado pelo Donald e pelo Biquinho. E assim os três foram cair em cima do 1313, esgueirado atrás de uma moita.
– Ele apagou — disse Donald, dando uns tapinhas na cara do metralha. – O que a gente faz com esse gajo?
– É simples, Donald — respondeu o Pardal, todo chamuscado. –Vamos colocá-lo numa cápsula de estase para que ele não atrapalhe enquanto trabalhamos.
– Cápsula de estase? O que é isso?
– É uma espécie de bolsa de paralisação do continuum temporal, de modo que lá o 1313 vai ficar flutuando num estado de apatia completa em relação ao universo... ora deixa pra lá. Você não entenderia mesmo!
– Isso quer dizer que ele vai permanecer inconsciente – simplificou o Biquinho, o menos machucado dos três.

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DONALD: Onde está o Lampadinha?
– Eu o mandei no disco portátil vigiar os Metralhas em seu veículo. Veja aqui nessa tela!
De fato, logo estavam em contato com o Lampadinha cujos zitzits e bip-bips eram traduzidos em legendas.
– Eles estão todos lá: o Intelectual, o Dum-Dum, o Soco-Inglês, o Canivete e o Dinamite, e o Chico Metralha, vigiando a casa forte do senhor Patinhas.
– Enquanto eles vigiam nós trabalhamos – concluiu o Pardal. –Por enquanto estamos em segurança!
Donald, cujo bom senso era maior do que muita gente pensa, ponderou:
– Você tem tanta certeza disso, Pardal? Nós nunca conseguimos descobrir quantos são os Metralhas ao todo e sempre existem alguns que não estão na hora.
– Não seja pessimista, Donald! Deixa eu calibrar bem essa máquina aqui.
– Que legal!—entusiasmou-se o Biquinho. –Estamos falsificando dinheiro!
– Não é essa a intenção, lembre-se disso!
– Mas estamos, não estamos?
– É só para enganar os Metralhas!
– Mas estamos, não estamos?
– Biquinho—Donald começou a se irritar—quer fazer o favor de calar esse bico?
– Ninguém tem paciência comigo.



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Dez minutos para a meia-noite. O Patinhas estacionou o seu carro a pouca distância da esquina do Beco das Almas Penadas com a Travessa das Assombrações. Era lua nova e a noite de Patópolis estava escuríssima. Por alguns instantes o milionário arrependeu-se por
não haver confiado o caso ao Mickey e ao Coronel Cintra. Mas afinal, já existia gente demais envolvida na história e Patinhas confiava bastante em sua própria inteligência e iniciativa.
Descarregou o barril motorizado e o foi conduzindo até ao beco.
O Intelectual apareceu.
– Vocês devolveram o 1313 intacto, mas ele não sabe o que se passou, afora a explosão, é claro. Por isso redobramos de cuidado. Estamos em peso espalhados por aqui e nenhum dos seus amigos poderá intervir. O dinheiro está aqui?
– Todo ele, pilantra. Pegue-o!
– Abra o barril!
Tio Patinhas abriu-o, mostrando o dinheiro.
O Intelectual pegou uma varinha que estava portando e remexeu um pouco, depois disse:
– Não vou poder verificar aqui e agora, se o dinheiro vai até lá embaixo. Mas se você trapaceou, as formigas vão agir. A propósito, tem certeza que o seu inventor não arranjou nenhum truque?
– Infelizmente ele explodiu o laboratório.
– É verdade! Isso nunca aconteceu comigo, sabe? Esse seu Pardal é um falso gênio! Quá! Quá! Quá!
– Fora daqui, pilantra! Leve o seu barril e não me amole mais... ou meto-lhe a bengala!
– Ei! Calma, velho neurastênico! Não seja mau perdedor!
O metralha se afastou com o barril. Logo os seus cúmplices apareceram com um mini-guindaste (outra invenção do Intelectual) e arrecadaram a presa.
Patinhas retornou ao carro e mais adiante pegou o Peninha e o Donald.
– Correu tudo bem, tio?
_ Maravilhosamente bem, Donald. Devo dar os parabéns aos meninos. Esse manual deles é ótimo! Que bela idéia procurar os predadores naturais das formigas e achar o tamanduá. Agora, é só dar tempo ao Pardal de fabricar os tamanduás mecânicos para o ataque que virá...
PENINHA – Uma coisa está me preocupando, Tio Patinhas. Se aquele barril tem dinheiro falso... que o Pardal fabricou... isso não é crime?
– Não sou tão idiota, sobrinho. A aparência de dinheiro verdadeiro durará alguma horas... e aí o verniz especial evaporará. Ou seja, não é uma falsificação duradoura. Não vou para a cadeia por causa disso. Eles é que vão para o hospital com a micose que vão pegar mexendo nas moedas... ou você pensou que o prejuízo que me deram ia ficar sem troco?
– Tio Patinhas...
– Sim, Donald?
– Onde é que está o Gastão? Ele não estava nisso com a gente?
– O Gastão? Depois que o Pardal disse que podia fabricar os tamanduás, ele achou que já havia nos dado boa sorte suficiente e saiu com a Margarida...
– ELE FEZ O QUE??? – berrou o Donald.
– Senão me engano eles foram ao cinema.
– Pernóstico invejoso! Ele não perde uma chance para me roubar a namorada! Tio Patinhas, me deixe na casa do Pardal!
– Ué, para que?
– Eu também vou encomendar uma invenção! Um chutador automático de conquistadores, equipado com bota número 45!


 
Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 31/08/2013
Reeditado em 07/04/2015
Código do texto: T4460377
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