Dança da Alvorada
Era uma vez um guerreiro e sua espada,
Bloqueando e cortando por toda a madrugada,
Sem dó e sem cessar,
Corte após corte, com as almas a ceifar.
Argos era seu nome, O Forte seu apelido,
Lutando com muita bravura, pois é um guerreiro destemido,
E na dança da alvorada ele seguia bailando,
Girando e girando, e por fim golpeando.
O mundo ao seu redor não passava de um borrão,
Devido a rapidez de seus braços em ação.
Oponente após oponente,
O guerreiro lutava com os braços e com a mente.
Os inimigos iam caindo um após o outro,
E quando foi desarmado, desferiu socos e mais socos.
A Guerra não é fácil e ela não espera,
Não ajuda ninguém, apenas enterra.
Mas ainda assim o guerreiro com sua espada erguida,
Está lá a espera.
Ele recuperou sua amada,
Sua tão querida espada,
Aquela que ceifou milhares de almas sem dó,
Com um golpe só.
O tempo se esvaía,
E a dança acabava,
E para a glória seguiria,
O guerreiro e sua amada.
O Forte com sua inseparável espada,
Pela floresta caminhava,
A procura de sua presa,
Caçando com grande destreza.
Após a batalha da alvorada,
Os inimigos bateram em retirada,
E agora só restava,
Duas presas desesperadas.
Ao seu lado um pássaro cantou,
E ao guerreiro entretido assustou,
Num pulo, O Forte se virou,
E sem dó com sua amada golpeou.
O passarinho assustado, voou
E duas penas deixou.
As penas gêmeas caíram
E após um vento forte fugiram.
O guerreiro com o olhar, as penas acompanhou,
Para longe, o vento gelado as levou.
Em seguida, o par de penas se agitou,
Devido a uma rajada de vento que passou.
"Minha presa", o guerreiro percebeu,
E após despir sua amada,
A ergueu e a desceu,
Acertando em cheio a rajada.
A presa foi beijada,
Pela lâmina prateada.
Um beijo da morte,
Desferido pelo Forte.
A vítima se tratava,
De um soldado inimigo,
Que na floresta procurava
O seu melhor amigo.
O resto da tropa,
Eles haviam perdido,
E o que restava agora
Era se manter longe de perigo.
Infelizmente para os soldados,
Na floresta o Forte os seguia
E quando ficassem cansados,
Argos atacaria.
O outro soldado gritou
Quando o cadáver do amigo avistou,
E isso o condenou,
Pois a sua vida, O Forte ceifou.
A vitória estava cravada,
Assim como no coração do inimigo,
Estava sua amada,
Para os derrotados, esse era o castigo.
A montanha à frente,
Surgiu de repente.
O Forte a escalou,
E no topo, ao longe, avistou.
O grande castelo inimigo,
Na qual reside sua amada.
Esse era seu castigo,
Por ter ficado com a espada.
Entre dois amores,
Um teria de escolher.
Um lhe causaria dores
E outro, uma vida feliz a viver.
Qual caminho devia seguir?
O da morte ou da vida?
Por qual caminho deveria ir?
Abusando da sorte ou sossegado com sua querida?
Uma decisão tomou
E a montanha ele desceu.
Para o norte rumou,
Atrás do grande amor seu.
Argos caminhou por um mês sem parar,
Chegou exausto, mas se forçou a lutar,
Bailava e girava para no final golpear,
Usando sua amante para os inimigos cortar.
Em um dos inimigos, sua amante cravou,
E no coração do mesmo a deixou.
Correu pelo grande pátio,
Agora é fácil.
Chegou à escada e começou a subir,
Para no ultimo quarto emergir.
Para a cama olhou,
E em seguida chorou.
Momentos antes, com milhares de barbantes,
Pela janela do quarto, subiu o comandante.
Ergueu a espada, roubada de um coração,
E na doce mulher, cravou sem perdão.
O comandante assassino, pela janela pulou,
Pois com os olhos, o guerreiro o fulminou,
E ao comandante amedrontou,
Pois a alma do guerreiro, o ódio tomou.
Deitada na cama, suas amadas dormiam.
"Juntas, como deviam."
Por fim pensou O Forte,
Que a muito abusava da sorte.
Da janela, o guerreiro se jogou
E ali para sempre ficou.
Enterrado juntos às duas amadas,
Por uma eternidade de Alvoradas.