O Vento Prateado - Parte III - A Última Flor

Floresta Profunda, Data desconhecida

Tudo estava escuro, nem mesmo as estrelas brilhavam no céu e o barulho do vento passando pelas árvores era ensurdecedor. À noite a floresta não parecia tão densa, mas era infinitamente mais difícil de se caminhar através dela, mas o viajante parecia não se importar. Ele não lembrava em que parte da floresta estava, ou muito menos se em algum momento o soube mas, ele tinha em mãos aquilo que foi buscar.

Era uma espécie de flor vermelha extremamente bonita que apareceu em sua mão após acordar de um sonho. No inicio ele não compreendeu o que havia acontecido mas, quando olhou a flor de perto não teve dúvida, aquela era a resposta , aquela era ultima esperança daquele mundo despedaçado. A última flor.

Ao perceber aquilo o homem lembrou de seu nome, de sua missão “Obrigado” disse em pensamento lembrando da mulher que lhe deu uma nova chance. Ele mal se lembrava dela, ele mal se lembrava de qualquer coisa antes de sua morte na verdade. Tudo que ele lembra de antes disso era o vazio, um vazio que consumia a alma e o fazia vagar como um fantasma pelo mundo. E então veio a lâmina daquela mulher, a lâmina que o matou. Ela não era fria, ao contrario era quente, quente como o sol e parecia cortar mais profundo do que simplesmente a carne, a única coisa que ele lembra de ter pensado foi “Essa é minha dor?” e então ele caiu sobre a mulher mas antes que pudesse desmaiar ou morrer ela sussurrou em seu ouvido “Busque a árvore... A verdade esta na árvore...A verdade é a árvore... não se esqueça disso...não torne nosso sacrifício em vão” ele não viu seu rosto mas ele sabia quem ela era, em algum lugar de seu coração ele sabia.

Quando acordou a mulher não estava mais lá. Em sua presença estavam apenas um esqueleto preso a uma arvore e a espada que o prendia. A espada era relativamente grande e seu cabo era muito bem trabalhado. Provavelmente a obra prima de um ferreiro que a muito já devia estar morto, em sua lâmina que tinha uma forma um pouco curva porem triangular estava à inscrição “Vermelho é o sangue e o calor do verão”.

Ao tentar tocar na espada ele reparou que uma parte da lamina estava quebrada próximo à parte que estava cravada na árvore. Ele lembra de ter procurado o fragmento que faltava da lâmina, ele estava na mão do esqueleto e estava embebido em sangue, sangue fresco, seu sangue. Quando ele percebeu isso saiu correndo pela floresta em choque. Ele não sabia o que naquele momento o fez entrar em choque, mas foi um sentimento muito forte. “A dor de matar é muito maior que a dor de morrer” foi o pensamento que veio a sua mente. Ele não lembrava de onde aquela frase vinha mas soava como vinda de uma outra vida.

“Obrigado” ele repetia em sua mente “Obrigado por me dar uma chance de redenção” .Então ele abraçou a flor com força e continuou a andar em meio à escuridão da noite. “Eu queria sentir o vento nas colinas verdes com você novamente” logo após pensar nisso ele esquecera o porque de ter pensado,era como a outra frase, ela vinha de outra vida, a qual ele não pertence mais.

P H R Garrit
Enviado por P H R Garrit em 22/08/2013
Reeditado em 09/09/2013
Código do texto: T4446844
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