A pescaria do médico
Era médico. Sessentão, corpulento, um rosto grave, estatura mediana, talvez, 1,65.
Casado, sem filhos. Levava uma vida monótona, do trabalho para a casa, da casa para o trabalho. Era sempre sério. A mulher, muito matrona, precocemente envelhecida, embora ainda não tivesse chegado aos sessenta anos.
Mas o médico tinha um hobby, o único, aliás. Saía todo dia as quatro da manhã no seu carro Volvo, azul. Dizia para a mulher que ia pescar nas pedras da Avenida Niemayer, logo no fim do Leblon, na primeira subida de quem vai para São Conrado, no Rio de Janeiro, naturalmente.
Retornava por volta das nove horas, sempre trazendo dois peixes.
Homem sério, não querendo que sua senhora sofresse e até por respeito à "velha", mentia descaradamente sobre a pescaria.
Façamos nós, eu e os leitores, o trajeto do médico. O homem acorda às quatro, desce até a garagem subterrânea do prédio e sai com seu carro Volvo.
Se dirige, realmente, lá para os lados do Leblon. Ele morava em Botafogo. Mas não sobe a Niemayer, ao invés disso, se dirige à direita, para a Gávea Pequena, numa rua próxima ao campo do Flamengo. Estaciona o carro em frente a um pequeno edifício de quatro andares, em uma pequena rua sem saída.
Sobe as escadas, e no terceiro andar sua amiga o recebe com o sorriso de sempre no rosto. A cama já preparada, para que o médico se enfiasse debaixo dos lençóis.
Tirando rapidamente a roupa, se aconchega com sua amada nas sobras do restinho da manhã.
O café matinal é bem farto: chocolate quente, café, leite, maçã, pera, banana, queijo ricota e mamão. Pouca conversa, o melhor diálogo já houvera na cama quente.
O nosso homem se despede da amada, que lhe diz: - “amor, esse nosso encontro pela manhã é mais saboroso do que se fosse à noite. Tem gosto de cuscuz !
- Por que cuscuz? - Não sei, mas sinto esse gosto na boca.
- Deixa eu ir meu doce de coco, meu cuscuz, porque ainda tenho que comprar os peixes na peixaria da esquina de casa.
Viver é uma arte. E o nosso médico, diagnosticando o seu mal, encontrou a solução para o seu viver insípido com a esposa.
Inesperadamente, sua vida passou a ter o sabor de um gostoso cuscuz...
Era médico. Sessentão, corpulento, um rosto grave, estatura mediana, talvez, 1,65.
Casado, sem filhos. Levava uma vida monótona, do trabalho para a casa, da casa para o trabalho. Era sempre sério. A mulher, muito matrona, precocemente envelhecida, embora ainda não tivesse chegado aos sessenta anos.
Mas o médico tinha um hobby, o único, aliás. Saía todo dia as quatro da manhã no seu carro Volvo, azul. Dizia para a mulher que ia pescar nas pedras da Avenida Niemayer, logo no fim do Leblon, na primeira subida de quem vai para São Conrado, no Rio de Janeiro, naturalmente.
Retornava por volta das nove horas, sempre trazendo dois peixes.
Homem sério, não querendo que sua senhora sofresse e até por respeito à "velha", mentia descaradamente sobre a pescaria.
Façamos nós, eu e os leitores, o trajeto do médico. O homem acorda às quatro, desce até a garagem subterrânea do prédio e sai com seu carro Volvo.
Se dirige, realmente, lá para os lados do Leblon. Ele morava em Botafogo. Mas não sobe a Niemayer, ao invés disso, se dirige à direita, para a Gávea Pequena, numa rua próxima ao campo do Flamengo. Estaciona o carro em frente a um pequeno edifício de quatro andares, em uma pequena rua sem saída.
Sobe as escadas, e no terceiro andar sua amiga o recebe com o sorriso de sempre no rosto. A cama já preparada, para que o médico se enfiasse debaixo dos lençóis.
Tirando rapidamente a roupa, se aconchega com sua amada nas sobras do restinho da manhã.
O café matinal é bem farto: chocolate quente, café, leite, maçã, pera, banana, queijo ricota e mamão. Pouca conversa, o melhor diálogo já houvera na cama quente.
O nosso homem se despede da amada, que lhe diz: - “amor, esse nosso encontro pela manhã é mais saboroso do que se fosse à noite. Tem gosto de cuscuz !
- Por que cuscuz? - Não sei, mas sinto esse gosto na boca.
- Deixa eu ir meu doce de coco, meu cuscuz, porque ainda tenho que comprar os peixes na peixaria da esquina de casa.
Viver é uma arte. E o nosso médico, diagnosticando o seu mal, encontrou a solução para o seu viver insípido com a esposa.
Inesperadamente, sua vida passou a ter o sabor de um gostoso cuscuz...