O Menininho

(Tradução de "The Little Boy", texto de Kevin Matysin)

Obs.: O texto abaixo é uma tradução feita por mim de um trecho do livro "The Prohibition of Stealth: Silhouetting the Icons", de Kevin Matysin. Kevin é vocalista da banda Parabelle, uma banda que simplesmente amo. Comprei o livro este ano e não achei justo impedir que outras pessoas tenham acesso a tais escritos. Talvez eu venha a traduzir alguns outros. A propósito, no meu canal do Youtube estão algumas músicas da atual banda dele (e da antiga também) traduzidas para quem tiver interesse: http://www.youtube.com/user/eDioCeaN

Não deixem de conferir, as músicas dele são realmente excelentes. Obrigado pela visita!

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Havia um menininho que vivia num mundo de cartolina. As árvores eram feitas de cartolina. As nuvens eram feitas de cartolina. A lua, o sol, as estrelas e o céu eram todos feitos de cartolina. O menininho construiu pra si mesmo uma pequena casa de cartolina. Ela era feita de cartolina preta. Não havia janelas, logo, era sempre escuro lá dentro.

De vez em quando o menininho saía de sua casa e se aventurava pelo mundo de cartolina. Ele tinha alguns amigos que o faziam feliz hora ou outra. Quando ele estava lá fora, na luz, ele se sentia bem, mas ele raramente se aventurava naquele mundo. Ele quase não sabia que havia luz lá fora. Ele estava sempre na escuridão.

O menininho cresceu acostumado com a escuridão. Parecia natural e seguro. Mas não era um tipo agradável de segurança. Era apenas seguro. O tempo passou e ele passava cada vez menos tempo lá fora, na luz. Ele estava sempre dentro de sua casa de cartolina, esperando que o mundo passasse à sua frente.

As paredes eram feitas de papel fino. As paredes mais finas que você pode imaginar. Era um milésimo de polegada, mas nem sempre importa o quão grossa seja a parede, desde que ela exista. Um dia, um graveto de papel atravessou a parede de papel. Abriu-se, então, caminho para um pequeno raio de luz, que entrou na casa do menino. Foi o primeiro raio de luz a entrar na escuridão por um bom tempo.

O menininho congelou quase que imediatamente. Fazia semanas que ele não pensava na luz - e muito menos a via. Ele caminhou até o buraco e olhou para a luz por um momento. Ele movia sua mão para frente e para trás, e a luz dançava em sua pele. Ele sorriu, mas foi algo passageiro. O menininho suspirou, sentindo-se triste, e foi trabalhar.

O menininho apalpou o chão ao seu redor por um momento, até suas mãos encontrarem o que ele procurava. Ele pegou. E usou suas mãos para rasgar um novo pedaço de papel, da forma como ele precisava. Ele encontrou um pequeno frasco de cola e ele a usou para colar esse papel sobre o buraco. A luz se foi. Ela era um incômodo. Ele estava sempre na escuridão.

Edimar Silva
Enviado por Edimar Silva em 05/07/2013
Código do texto: T4373601
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