O Tempo é Senhor dos Macacos
Antes de qualquer civilização, três macacos permaneciam sentados enquanto tantos outros do outro lado do morro, avistavam. Sabia-se que um era surdo, outro cego e o último mudo... Eram três irmãos que nunca se davam as mãos, e deste lado do morro, todos achavam que o problema era a falta de comunicação. Até o dia em que um macaco, deixou de achar e começou a pensar...
Percebeu que o tempo era consumidor de todas as vidas, e que aqueles três macacos sentados representavam cada um, uma fase de sua vida – Passado, Presente e Futuro. E ao contrário de ver perfeição nessa afirmação, entendeu que o silêncio entre eles continuava a ser o pior dos defeitos.
De repente, pôs-se a pensar... Sempre achara que o tempo era o perfeito ancião da sabedoria, cujo seus defeitos, ele encarregaria de mudar. Mas o tempo é deficiente...
O passado é cego
O presente é surdo
E o futuro, mudo...
A cegueira do passado não permite ao presente ser sábio pela experiência. O futuro é mudo porque não permitiria ao presente, o poder da razão. E o presente é surdo porque não admite que o passado e futuro use de suas palavras para intervir no seu poder de escolha.
Ao se lembrar do Passado, ver tudo o que fez, percebeu que nunca foi suficiente para assimilar a verdadeira sabedoria dos atos. Escutar o que devia ter feito, seria o caminho mais curto, talvez o mais correto, era o que lhe pouparia de privar o presente do medo, da discórdia dos erros... de viver sem a sombra do arrependimento.
O passado um dia já esteve no lugar do presente, e se enxergasse, faria de toda experiência um manual sábio, para que o presente fosse menos farto, dos fardos...
Ao imaginar o Futuro, vislumbrando tudo o que podia ter, entendeu que nunca saberia ao certo o que esperar. Nada seria tão vago quanto uma verdade não concebida, apenas retida, em pensamentos. As conseqüências fazem parte de uma atitude e não do futuro, por isso a razão não fala sem antes ver o presente conceder ao tempo, um fato...
Agora, de posse da fase mais curta de sua vida – o Presente – sentiu a presença prematura do futuro e a presença quase velha do passado. Compreendeu que a melhor forma de conviver com um e outro era ser surdo. Sentiu o poder da escolha em suas mãos e mesmo assim, o máximo a fazer seria agir...
O presente um dia já esteve no lugar do futuro, e se escutasse, faria de toda ação uma atitude certeira e não uma conseqüência, para que o futuro fosse mais justo, de fortuitos...
Que imperfeição do tempo são as estações da vida... Pensava o macaco visionário. Do outro lado, ainda inanimados, os três macacos em silêncio, eram avistados por todos como seres com defeitos, rejeitados pela vida a mercê do tempo. Mas o macaco que pensava atravessou a vale, de morros e preconceitos, junto dos três agora, via-se um bando de macacos inquietos e fatigados do outro lado.
Percebeu então porque o futuro nunca estaria no lugar do presente ou do passado... Porque além do futuro guardar a morte, ocultava a eternidade – entre diferenças e igualdades.