AS TRÊS FLECHAS DE EGILL

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Versão de Uma Lenda Germânica

Egill, famoso herói escandinavo, era prodigioso no manejo do arco. Sua pontaria era extraordinária. Onde seus olhos pousavam, pousava sua flecha.

    Sabendo de sua fama, um poderoso rei, desejou comprovar sua veracidade. Mandou chamar o arqueiro e disse-lhe que tinha organizado pra ele uma prova tão ousada, que ninguém, até então, jamais, tinha tentado realizá-la. Em seguida, desafia Egill a aceitá-la.

O arqueiro seguro da destreza de seu braço responde ao soberano, que tudo quanto se pudesse fazer com um arco e fechas ele também poderia.

O soberano insistiu:

— Pense bem; a prova é dificílima.

Mas Egill afirma:

— Se é coisa que um homem pode fazer, hei de fazê-lo.

— Bem – disse o rei – foi você quem assim quis. Terá de partir com uma de suas flexas a maçã que será colocada sobre a cabeça de teu próprio filho.

Egill sentiu um forte abalo emocional, mas não deixou transparecer. A distância que lhe davam para realização da prova era bastante grande e ele não ignorava quanta perícia seria necessária para atingir um alvo como aquele. E para piorar, bastava saber que seu filho seria o pedestal do alvo escolhido para que começasse a duvidar daquilo que nunca antes colocara em dúvida: sua capacidade no uso do arco e da flecha.

Temores jamais imaginados assolavam, agora, sua alma. Receava que o temor lhe entorpecesse o braço, que a criança se movesse, involuntariamente, que uma ave, um inseto, um grito perturbassem sua pontaria. Enfim, se o arco ou a própria flecha, tivessem algum defeito, tudo era possível...

Chegou o dia da prova, em sua tenda o rei reuniu o melhor de sua corte. Havia no ar uma forte tensão dominando o ânimo de todos. A própria atmosfera daquele dia ensolarado e sereno parecia haver parado, na expectativa. Só o pai parecia estar tranqüilo, numa aparente indiferença, todavia a gravidade do seu rosto, dava claramente uma mostra de que, mais do que qualquer outro, sentia-se profundamente intranqüilo.

Amarraram o menino em uma árvore e colocaram-lhe a maçã sobre a cabeça.

Egill colocou-se no lugar indicado. Distendeu o arco. Colocou a flecha. No seu estojo de flechas, passado por sobre o ombro, ficaram mais duas.

Levantou o arco, apontou para seu filho, que lhe olhava, sério.

Instantes de silêncio se faz seguir de um grito unânime: a flecha tinha ido cravar-se exatamente no centro da maçã. Nos lábios de seu filho floresce um amplo sorriso.

Egill é levado à presença do rei, em meio ao entusiasmo de todos.

O soberano cumprimenta-o e expõem-lhe sua admiração e, depois lhe indaga:

Só não compreendo Egill porque tinha três flechas, se só uma seria disparada?

— É muito simples, Majestade – respondeu o arqueiro.

— Se matasse meu filho, as outras seriam para vós. Com uma delas lhe atravessaria o coração, com a outra a cabeça.

Tais palavras não ofenderam o soberano, e sim, aumentaram sua estima, por aquele homem valente e sereno, que acabava de lhe dar uma lição. ®Sérgio.

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Lenda Germânica, parte da Saga Thidreks. Fonte: Maravilhas do Conto Popular. Seleção e Tradução: Nair Lacerda. Editora Cultrix, São Paulo, 1960.

Nota Sobre o Texto: Neste conto escandinavo, temos a história de Egill, irmão de Veland, o Vulcano da mitologia Nórdica é uma réplica exata da aventura acontecida com o lendário Guilerme Teel. A figura de Gilherme Teel inspirou não só contos, como músicos, pintores e escritores.

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Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 17/05/2013
Reeditado em 04/08/2013
Código do texto: T4295632
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