IMAGEM PESQUISADA NO GOOGLE

CAPITULO 29

"SEGUE A VIDA"

 
   Dirigiram-se para o oeste, tanto Ana quanto Mirote se encantavam com as paisagens vistas, dignas de “Roberto Burle Marx” quando avistaram a gleba de Jeane enfeitada de todas as flores, Mirote disse a Ana, esta garota que mora nesta gleba que mais parece o Jardim do Éden já se chamou Ana como você, só que de repente todos resolveram se assumir e ela preferiu usar seu verdadeiro nome, a exemplo de quase todos ali. Na próxima gleba ela pediu ao Mirote parar a nave e fez questão de chupar uma mexerica candongueira como ela gostava de chamar “a tangerina carioca” Mirote também experimentou, era uma das frutas que mais ele gostava e estas estavam doces e convidativas, mas sabendo que a melhor comida era a fornecida pelo sistema, comentou o fato com Ana e ela concordou, pois, estudara isto nos cursos de adaptação a Marte. Mirote fez questão de dizer que aquela Gleba era dos seus amigos Otavio e Clarice odontólogos da RM 01 de quem tinham muito orgulho, pois, além de renomados na profissão não esqueceram este amor pelas coisas simples da vida e viviam ali com o primeiro filho e com Clarice que ele chamava de neto e carregando um barrigão esperando uma menina.

     O velho comandante lembrou-se que estava devendo uma visita aos dois e também a sua amiga Jeane a linda loura que balançara seu coração, mas ele demorou muito para se decidir por alguém e como a fila anda acabou tendo de realizar o casamento dela com o amigo Milton que chamado para uma missão em outro planeta acabou se divorciando dela preferindo ficar em Marte. Eram bons amigos e agora até que ele pensava que poderia tentar conquistá-la, mas o medo da idade o detinha. Melhor continuar conhecido apenas como o velho Mirote sem pensar em casamento, tinha grandes amigos e amigas com quem contava sempre para um tete a tete e às vezes até para um rala e rola normal. Ali em Marte como em todos os lugares habitados, sexo era uma questão de química e lugar, se estivessem a sós e pintasse um clima não havia porque não se entregarem aos prazeres da carne. Tinha outras boas amigas e amigos que estavam como ele na velha ordem criada para designar os que não tinham compromisso sério, a ordem do: “titico no fubá”. assim por mais que o coração balançasse por uma mulher o sentimento não mudaria por ter feito sexo com a amiga dela, não nesta mesma ordem. Pois, valia para “A” e para “O”.

     Estava devendo muitas visitas, não que tenha passado muito tempo sem ver os bons amigos, e sim por haverem muitos amigos espalhados pelo planeta. Teria de ir a noite no casamento do seu amigo Saigon recém divorciado e resolveu se casar de novo desta vez com uma das gêmeas que tinham o mesmo nome, a que ia se casar com ele era Yasmim a primeira a vir para Marte que tivera um casamento não muito feliz e divorciou-se logo, alegando incompatibilidade de gênios, ela queria filhos ele queria cachaça, ela queria ir ao Recanto das Artes ele queria ir jogar truco no clube dos cafonetes, ela queria ir para o rala e rola ele dizia que estava com sono... Com certeza ela teve razão de pedir o divórcio, sua irmã gêmea que ficara na terra, estava vivendo dias difíceis e decidiram que seria melhor ela tentar vir morar em Marte, O fato da irmã ser uma pioneira e estar morando no planeta facilitaram as coisas e ela num belo domingo desembarcou na grande gleba.

     A chegada foi com muitas festas de amigos de Yasmim Rosa que portavam cartazes com os dizeres bem-vinda Yasmim Dália, sua irmã que tinha passado relacionamentos sem compromisso sério na terra, se encantou com o Jacó, garoto garboso e poeta cantante de fala macia e olhar honesto e que transmitiam confiança ao primeiro olhar, foi amor à primeira olhada e logo ela estava se mudando para a casinha florida na beira do rio, o casamento se deu dois meses depois de sua chegada e pelo que estava parecendo era para toda a vida, tudo deles era bem planejado, filhos eles queriam, e estavam programando o primeiro para o próximo ano ou dentro de seis meses. Yasmin Rosa ficou um ano solteira e tico, tico no fubá assim como Saigon, até se encontrarem, quando no baile de inauguração do Recanto das Artes que se daria depois da apresentação da peça “Vai quem quer” escrita e dirigida por Walquiria “Regina Estrela” das poucas, ela era uma das que manteve o pseudônimo escolhido, pois, fora adotado ainda na terra e era famoso pelas grifes conhecida no mundo todo. Quando o baile começou Saigon encantado com o desprendimento de Yasmim Rosa e o sorriso de menina travessa a convidou para dançar e “sê fini, ficou na boca do Brasi.”

     Não se largaram mais e aos poucos o folguedo e a convivência juntos, foi dando lugar às responsabilidades e agora ela estava grávida de dois meses, resolveram se casar com toda a pompa que tinham direito, o casamento seria realizado na igreja construída pelo teólogo Fábio Brandão, que não se deixava chamar de pastor, padre, rabino ou qualquer outro titulo religioso, era simplesmente Fábio, “o amigo e confidente Fábio” comedor incorrigível de periquitas que estivessem dando sopa, tinha tido um caso sério com uma menina de olhos amendoados que amava ficar na prainha que ela apelidara de Guriri 2, na terra ela morava em Cachoeiro de Itapemirim, mas quando ia para a praia era em Guriri onde passava seus dias de folga, conhecera Yasmim Rosa e as duas ficaram grandes amigas, e resolveram fazer a prainha Guriri 2 no grande rio, onde se queimavam sempre nuas junto aos amigos que frequentavam o local. Fábio se encantara com ela e a chamava de minha pequena Rebeca, ainda tinham encontros casuais, mas nada muito sério, ela queria um caboclo para ter filhos e Fábio não fazia este tipo, era destes que seria chamado solteirão convicto. Rebeca era a madrinha de casamento de Saigon e da amiga Yasmim e já tinha recorrido à amiga Walquiria para saber como se vestir para a ocasião, claro que Walquiria atendeu, assim como todos os vestidos incluindo o de noiva foram escolhidos por ela que sabia o que era melhor e agradaria a todas.

     O comandante aproveitou para perguntar a Ana se já tinha com quem ir ao casamento e ela disse que não recebera convite, pois, não conhecia os noivos. O comandante disse que se quisesse ela poderia ir com ele, isto se não ficasse constrangida de ser acompanhada por um homem velho, ela riu e disse que aceitava sim, afinal ele estava sendo tão gentil com ela... Avistaram a casa de meditação e a moça se sentiu confortada só com a visão da moderna construção, foi apresentada a Fábio que ainda bem estava acompanhado de Victória, outra que estava tico, tico no fubá e gostava de estar junto com o come quieto... “Que mentira deslavada” nisto Fábio não imitava os mineiros do planeta terra, comia e fazia questão de fazer propaganda dos seus dotes masculinos deixando a mulherada tico-tico assanhada e com vontade de conhecer o garanhão, o comandante apostava que se ele não estivesse com Victória em vez de conselhos espirituais ele ia era partir pra cima da mocinha Ana. Gostava de todos os seus amigos e Fábio era um dos homens que ele confiava, assim como Saigon “o eterno moleque travesso”, Arauto, Jacó e tantos outros que o fizeram sempre se sentir um homem capaz e de bem com a vida. 

     Fábio abriu as portas da casa de oração e convidou os três amigos para se acomodarem separadamente, subiu ao púlpito, não disse nada, curvou sua cabeça e fez uma oração silenciosa, era uma sábia atitude do mestre, os que assistiam de maneira automática imitaram o gesto, e fizeram uma oração ou apenas meditaram sobre coisas boas. Depois de dois minutos, ele abriu sua bíblia e olhando com firmeza para os amigos repetiu sem olhar para a bíblia o que estava escrito ali e que ele sabia de cor e salteado. A Bíblia diz em Coríntios 2/ 4:8-9 “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados”; Amigo hoje à bíblia é considerada por muitos como apenas mais um livro criado pelos expertos do passado para enganar os incautos que temiam o que não podiam explicar, mas como profundo estudioso deste livro eu posso afirmar que ele é ainda o livro que mais pode fazer bem ao ser humano que está atribulado, aquele que se encontra num beco sem saída, desesperado e achando que a vida não tem mais perspectiva e acabar com ela é uma solução. Fez uma pausa e deixou que os presentes pensassem nas suas palavras.
Recomeçou a falar sem tocar mais na palavra morte e sim ressaltando a vida. A bíblia nos ensina muitas formas boas para vivermos, hoje não é mais possível admitirmos a vida após a morte como um prêmio para os bonzinhos e a punição para os maus, precisamos ter fé na vida que temos e vivê-la de forma plena, pois, só temos poucas opções referentes à religião, acreditar que existe vida depois da morte, acreditar que retornamos e nos reencarnamos, ou acreditar que um dia Deus virá novamente a terra e despertará os mortos para um julgamento, este é um preceito cristão que vem desde quando o homem passou a usar sua inteligência para tentar desvendar os mistérios ou acreditar que após a vida, se dorme um sono e não existe mais nada. Eu não sou o dono da verdade, mas tento repassar aos amigos o que acredito que seja saudável para um bom viver. Tenho em Cristo só bons ensinamentos, se alguém me disser que ele não era filho de Deus, eu não vou brigar por isto, pois, sei que ele era sim e como todos nós que também o somos. Mas entre acreditar que um homem bom, que viveu sua vida fazendo o bem e por isto se sagrou santo após sua partida, eu prefiro acreditar em Jesus que deixou infinitos conselhos sobre o amor que enleva o espírito e traz paz para um viver com dignidade e a realização do que é bom e construtivo para o desenvolvimento da humanidade “Ele” é o santo dos santos. Acredito que o ser humano ainda vai demorar em saber quem é Deus, a força fantástica que criou o universos e tudo o que podemos saber ou imaginar que existe. Talvez nunca venhamos, a saber, como realmente ele é, mas para aquele que como eu acredita que ele está aqui e agora, certamente vai passar bem pela vida e dormirá o sono tranquilo sabendo que “Ele” estará segurando sua mão e o guiando sempre. E como eu não posso obrigar ninguém a pensar como eu, posso pelo menos dizer ao mundo que nossa inteligência é um grande presente e nos foi dado por alguma razão, para que alguém pudesse ver, sentir, imaginar, pesquisar e, sobretudo amar a quem deu inicio a tudo o que existe. Esta nossa inteligência tem de prevalecer sobre nossos desejos mesquinhos de pensarmos que vivemos em função dos nossos prazeres unicamente, e sim que temos a missão de participar dos destinos da humanidade vencendo nossos desafios e conservando o presente que é a vida. Que o meu Deus vos abençoe. E que o amor esteja sempre com todos, amém.

     Ana agradeceu as palavras do mestre e ainda meditativa deixou a casa de oração, Mirote se despediu do amigo e Victória e entrando na nave junto com Ana voltaram a base chegando com o final do por do sol e avistando a lua Fobos que já era visível no lusco fusco do anoitecer. Despediram com algumas lágrimas de Ana agradecendo ao velho senhor pela preocupação e tempo gastos por causa da sua insensatez, o comandante simplesmente se despediu lembrando a ela que na manhã seguinte teriam de esperar a chegada de sua mãe no espaço-porto. 

     Dia seguinte eles levantaram-se cedo e foram para o local de desembarque, no minuto marcado a nave se materializou e eles viram descer os passageiros vindos da terra, Esperança Vaz desceu olhando para ver se descobria a filha entre o aglomerado de pessoas que foram ali esperar por parentes ou amigos, viu a pequena figura da filha correr e abriu os braços para receber aquela que era a razão da sua vida e que a fizera desistir da viagem retornando a Terra quando a RM 01 ainda estava na Lua, pois ficara sabendo que sua filha por causa do primo estava em apuros, não teve coragem de retornar e até receber o contato do seu amigo e comandante, não sabia do seu paradeiro. Depois do acontecido, Mirote tinha estado várias vezes falando com ela e colocando-a a par dos acontecimentos tranquilizando-a quanto à Ana, por isto mesmo, o encontro foi festivo e sem cobrança, agora estava confiante de que realizaria o sonho de conhecer Marte e viver uma vida sossegada perto da sua filha. Seu ex-marido fora se despedir dela, mas não quis vir a Marte, tinha outra vida na terra e tinha medo de viagens de avião, e nem sonhava viajar numa coisa que desmanchava o passageiro e o refazia em seguida como se fossem apenas bonecos. Sua filha viria vê-lo se sentisse saudades, davam-se bem apesar de tudo.

Capitulo trinta? Talvez amanhã, afinal temos de casar Saigon com Yasmim Rosa não é?

 


 
Soneto para Interação,
da poetisa Melris Caldeira a quem agradeço de coração.

 
 (MELSILÁBICO)
“SONETO FANTASIA”

Melris Caldeira

 
Entristecida olhava para o céu
Admirava a lua que fascina,
Contei as estrelas solitárias no céu
Tomei chá de esperança de ânimo.
 
Totalmente Zen dormi contente
Sorri de contentamento a me ver no espelho,
Visivelmente jovem eu, MEL estava,
Pele aveludada e bem macia.
 
Uma melodia fez-me viajar
Acreditei estar num paraíso!
Realmente tudo me fazia crer.
 
Fiquei encantada em dormir bem
Sorri dormindo sem acordar
Sim! Simplesmente estava em Marte.
 
29/04/13/ 15h41min




 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 23/04/2013
Reeditado em 30/04/2013
Código do texto: T4255298
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.