A Guilda dos Caçadores - Capítulo 2

Powling deu mais uma olhada no velho saco de couro afim de recolher algum item útil que tinha deixado para trás. Não era sensato desperdiçar algo no meio da grande floresta bravia do sul, tudo era de ajuda naquele ambiente hostil. Usou a mesma corda com que prendeu Bopo e fez uma alça para melhor carregar a metade do mapa. Tinha de viajar rapidamente para norte, em direção a Vertsa, onde em dois dias estaria Kalidú. Teria de rapta-lo antes da reunião ocorrer pois vários membros não compareceriam, e tal fato iria alarmar os capangas restantes e dificultaria sua ação. Só agora que esse fato vinha a sua mente que percebera não ter perguntado o horário exato da reunião. O mais provável era não existir nenhum, Powling já havia espiado uma reunião de outro bando de salteadores antes, eles chegavam em duplas ou trios no decorrer de um dia inteiro, ao passo que só quando já era tarde da noite a reunião teve início.

Após abandonar os pensamentos sobre reuniões partiu em boa velocidade guiando-se pelas estrelas, esgueirando habilmente pela densa vegetação.

Quando a aurora se aproximava já havia percorrido uma boa distância e encontrava-se na beira dum nem muito largo, nem muito profundo rio. Percorreu sua margem até encontrar um bom local de travessia, onde a água subia pouco acima de seu tornozelo. Do outro lado deparou-se com pegadas humanas. Por sua observação tratava-se de um grupo de três pessoas, as cinzas de uma fogueira ainda estavam quentes, portanto o grupo não estava muito longe

Aquela floresta estava infestada de grupos de salteadores,os já existentes tornaram-se mais numerosos pela adesão de principalmente camponeses, estes pobres e extremamente explorados por seus lordes. Preferiam tentar a sorte no crime do que continuar em sua existência miserável onde o trabalho árduo e contínuo era o único companheiro. Quando eram escassas as vitimas a floresta os supria com caça e água em abundância. No entanto, ali também era lar de muitos animais selvagens e perigosos, não sendo raro ouvir nas tavernas dos vilarejos das margens da floresta histórias assustadoras de mortes por ataques de tigres gigantes .

Analisou o terreno do perímetro em volta da extinta fogueira e descobriu para onde o grupo se dirigia. Ponderou se deveria segui-los, se fossem mais saltadores faria um bem em puni-los. Contudo, tinha um cronograma apertado, então desviou-se da trilha e adentrou na vegetação.

Mantinha-se mais ou menos em linha reta, enquanto andava marcava um ponto distante e chamativo no centro de sua visão, geralmente uma árvore alta ou uma pedra destacada da fina grama que cobria a região. Escolhido o marco, dirigia-se a ele com passos e silenciosos. Andava tão furtivamente que aproximou-se a poucos metros de uma codorna selvagem, a qual abateu com uma pedrada bem dada na cabeça. Necessitava de alimento pois suas provisões estavam escassas, não imaginava ter de ir a Vertsa e já estava a uma semana vasculhando a floresta bravia.

Andava ao pé de um alto monte de pedra quando deparou-se com uma reentrância em sua parede, algo alusivo a uma caverna. Era a coisa mais parecida com um abrigo que havia encontrado e tinha tempo para um descanso. Com mais seis horas de caminhada chegaria a estranha cidade que era Vertsa. Não atreveu-se a acender uma fogueira, naquela situação seria um sinalizador de sua posição para qualquer pessoa que se encontrava nas redondezas. Comeu pão duro e ressequido e um pouco de carne seca. Aproveitou o tempo parado para tratar da limpeza da codorna. Certificou-se de estar bem camuflado quando foi se deitar e foi levado por um sono turbulento, cheio de pesadelos com fogo e sangue por toda a parte.

Acordou poucas horas depois pois seu sono não estava servindo de muito descanso quando vinha acompanhado de fortes pesadelos. O sol erguia-se sobre o teto verde de folhas das altas árvores, organizou seus pertence e novamente colocou-se em movimento. Após três horas e meia de caminhada subiu em uma árvore para situar-se, ao longe no horizonte já era discernível pequenas casas reunidas com fumaça deixando suas chaminés. "Bom, muito bom. Chegarei lá cedo. Terei tempo para pensar em algo para pegar aquele farsante nojento."

Gabriel Freitas
Enviado por Gabriel Freitas em 20/04/2013
Reeditado em 30/04/2013
Código do texto: T4251135
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