A Guilda dos Caçadores - Capítulo 1

Powling observava dois salteadores conversando escondidos entre as árvores de uma densa floresta. Os bandidos estavam comemorando a boa coleção de itens que haviam roubado de um velho que morava numa velha casa naquela mesma floresta. Apesar de se tratar de um idoso e residir numa casa simples, possuía quantidades consideráveis de ouro e prata, provavelmente herança de sua família. Powling logo viu marcas de sangue nas mãos de ambos, evidenciando que após rouba-la mataram sua vítima. Estavam em volta de uma fogueira com uma caça ao fogo, fogueira a qual facilitou sua localização. O que se encontrava mais próximo a Powling era alto e robusto, barba grisalha e longos cabelos pretos, o outro era baixo e magro com nariz pontudo e escorrido. Vestiam-se de trapos e peles de animais e suas armas eram velhas adagas enferrujadas e machados simples. Powling aguardava de uma distância segura por uma brecha para sua aproximação.

Já era tarde da noite e ambos os salteadores dormiam quando decidiu agir. Furtivamente aproximou-se da dupla tomando cuidado para não fazer o menor ruído, habilidade adquirida depois de anos de uma vida em meio a natureza. Quando estava a cerca de cinco metros do salteador mais próximo sacou duas facas curtas e curvas, chamadas "Karambit", partindo em velocidade contra o salteador alto que num piscar de olhos estava morto com uma fenda no pescoço. Antes de o segundo despertar totalmente já se encontrava imobilizado sem chances de reação.

- Me solta maldito, seu...- antes de terminar de falar Powling passou um braço em volta do fino pescoço do salteador bloqueando ambas carótidas, de modo que após alguns segundos a pequena criatura estava inconsciente.

Amarrou-o em um velho carvalho firmemente, de modo que qualquer movimento do pequeno traria apunhaladas de dor nas juntas. Quando acordou tinha os membros dormentes e sua cabeça doía.

- Ora ora, se não é o senhor Bopo, o gatuno. Agora rouba de velhinhos também, não é? Vejo que vem decaindo muito - Powling achara a cabana após a ação da dupla, evento o qual sucedeu na caçada dos atores do severo crime.

- Maldito! Como sabe meu nome ou o que eu tenho feito? Me solte logo ou meus outros comparsas irão atrás de você e vão arrancar sua miserável cabeça! - Mesmo estando em tamanha desvantagem o pequeno mantinha a voz num tom ameaçador.

- Outros? - Tirou três cotos de dedos com anéis de seu bolso, todos idênticos ao que Bopo e seu comparsa usavam.

- Não pode ser! Maldição, você matou meus irmãos do crime?

- Mas é claro, apenas um dedo arrancado não pagaria pelas atrocidades cometidas por aqueles porcos - Não achava agradável o que tinha feito, mas julgara o justo a se fazer - Matarei você também, a não ser que me diga onde está seu chefe - Não fora feliz com os outros três em conseguir tal informação,além de que não gostava de torturar ninguém, por pior pessoas que fossem.

- Ainda por cima quer que eu responda suas perguntas? - Deu uma risada alta e sonora, após o que cometeu um erro grave: cuspiu na cara de Powling.

Ele instantaneamente sacou novamente suas karambits e numa sucessão de golpes certeiros rompeu os ligamentos do braço direito de Bopo causando uma dor terrível. Bopo berrava e o sangue escorria farto pelos seus velhos trapos. Mesmo diante dessa cena Powling mantinha inflexível.

- E agora? Vai me responder ou morrer lentamente? E amarrado desse jeito a dor tende a piorar - Bopo tinha ambos os braços esticados para cima e fortemente amarrados.

- Tá bom, tá bom. Eu respondo a porcaria da pergunta, mas vai ter que manter sua palavra e me deixar ir embora - Sua voz agora saía falha e baixa devido a forte dor que trespassava seu braço.

- Bem, você não merece mas sim, manterei minha palavra. Agora vamos, me diga, onde está kalidú? - Assim chamava-se o chefe dos salteadores do sul.

- Ele nos ordenou para encontrar com ele em Vertsa, no Clube Vermelho daqui a dois dias. Lá iriamos repartir os itens entre todos os outros membros do bando.

- Hum, acho que fala a verdade. De qualquer jeito, se estiver mentindo vou te caçar e te matar - Deu um longo olhar a Bopo para certificar ser verdade o que ele tinha falado.

Usou de uma de suas facas e cortou as cordas que prendiam-no a árvore, ao corta-las seu braço direito pendeu morto e ele caiu de joelhos apoiando debilmente no dormente braço esquerdo.

- Agora suma da minha vista, e que eu não volte a ouvir que anda roubando ou fazendo algo do tipo! - Deu um pontapé em Bopo que saiu correndo desesperado em meio as árvores, logo ficando fora de vista.

Teve o cuidado de enterrar o salteador grande, não parecia certo deixa-lo apodrecendo ao relento. Depois de concluída a tarefa, focou sua atenção no saco de itens roubados. Tratava-sede um saco simples feito de couro velho e cheio de remendos. No entanto, ao revirar as quinquilharias Powling surpreendeu-se com um objeto em especial, um tubo de metal escuro do tamanho de seu antebraço, com detalhes em prata e com muita pátina por estar guardado por um longo período de tempo. Em sua superfície encontravam-se muitas gravuras de alguma língua antiga que Powling não conseguia entender, isso pois conhecia muito pouco dos antigos dialetos do sul. Porém, ele sabia muito bem que objeto era aquele, objeto pelo qual passou longos meses a procura, e agora, por um simples acaso do destino, veio parar em suas mãos.

Rodou o cilindro que era áspero ao toque devido as gravuras, até que se deparou com uma protuberância. Em um dos extremos havia um mecanismo de sete rodas consecutivas, cada uma com todas as letras do alfabeto comum. Em uma das bases encontrava-se escrito "blizzar". Logo que viu a inscrição tentou usa-la como combinação, o que se mostrou inútil.

Lembrou-se então o que seu mestre havia falado:"As duas partes do mapa só funcionam juntas, cada parte possui a senha da outra metade e juntas revelarão a localização da fortuna de Nudge I".

Felizmente Powling sabia que uma das partes do mapa estava nas mãos do chefe dos salteadores do sul, kalidú, o Bárbaro. Era esse o motivo de estar caçando por salteadores de seu bando naquela grandiosa floresta. Agora sabia que ele estaria em Vertsa em dois dias, estava ávido por esquematizar um plano para conseguir a segunda metade do mapa.

Gabriel Freitas
Enviado por Gabriel Freitas em 19/04/2013
Reeditado em 30/04/2013
Código do texto: T4249195
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