O espectro

Era uma noite sombria e fria a floresta estava silenciosa, sem vento a balançar os galhos das arvores, sem o costumeiro som dos animais, o céu limpo sem nuvens, repleto de estrelas cintilantes e a lua com um brilho magnifico a banhar a floresta, era lindo e malévolo ao mesmo tempo, o silencio que pairava no ar deixava tudo assustador, isso não era normal, como se a floresta e tudo que nela havia estivesse prendendo a respiração como se soubesse que alguma coisa fosse acontecer e pressentisse que não poderia ser bom.

Ilayla estava a caminho do castelo Risthefih para sua audiência com o conselho dos chefes dos clãs dos feiticeiros, ela havia pedido essa audiência pra comprovar o que tinha descoberto, queria certeza antes de tentar algo tão complicado. Ao adentrar no salão de reunião ela se viu diante de feiticeiros muitos superiores a ela, mais isso não a fez vacilar ou recuar, muito pelo contrario ela se encheu de coragem e determinação para prosseguir e assim o fez. Enquanto escutava o que eles diziam sua mente corria em disparada, não demorou pra entender que sua descoberta estava correta e que o concelho não aprovaria o que ela pretendia fazer.

–Não Ilayla, não, o que você deseja fazer é errado e não deve ser feito. Não contra criaturas inocentes. Desculpe mais esse conselho não concorda com seus argumentos.

–E quem lhe disse que espero a aprovação do conselho mestre Cairos? O que desejava era saber se minhas descobertas estavam corretas, só o que faltava era a certeza para continuar com minhas experiências. Vocês já me deram isso. Obrigada a todos agora se...

Ela foi interrompida por Cairos – o que está dizendo Ilayla? Não quer a aprovação do conselho? E vai continuar com suas experiências mesmo que o conselho desaprove?

–Não fui clara? Vocês nunca fizeram nada por mim nem pelo meu filho. Não pensem que não sei o que todos dizem ao meu respeito. O conselho e suas regras não são nada pra mim.

Um ancião enfurecido disse - como ousa nos ofender dessa forma?

Todos começaram a falar ao mesmo tempo. - SILENCIO. Trovejou Cairos.

–Senhor Cairos agradeço por fazer todos se calarem. Ilayla usou todo seu desprezo em sua voz. – agora se me dão licença, tenho coisas importantes para resolver. E com isso ela se retirou do salão antes que todos voltassem a falar.

Ilayla seguiu direto pra floresta proibida. Não muito distante do castelo tinha uma clareira onde ela tinha um acampamento. Mesmo não sendo longe do castelo, a clareira ficava bem escondida. Não tinha trilha pra ser seguida. Ilayla não demorou, logo que chegou foi já se preparando para fazer seu feitiço.

Luke estava preocupado com sua mãe, já algum tempo ela vinha agindo diferente, negligenciava suas aulas, estava sempre fora e em certas ocasiões murmurava coisas sem sentido.

Ele se perguntava se tinha feito algo errado ou o que teria acontecido pra sua mãe ficar assim. Mesmo que ela passasse mais tempo fora de casa, esse não era o eixo do problema, o fato desencadeador eram suas aulas totalmente esquecidas isso nunca tinha acontecido. Em toda sua vida sua mãe sempre o fez estudar avidamente todos os pilares da magia e agora mal falava com ele.

Sua mente lhe dizia que algo estava errado muito errado, as pessoas sempre diziam que sua mãe não era lá muito boa quando se tratava de magia e mesmo que não dissessem isso na frente dela ele sabia que ela odiava ser tratada como inferior pelos outros. Ela dizia sempre que um dia mostraria quem era inferior, claro que ele não dava muita importância para seus argumentos, pois presumia que era só o orgulho dela ferido, por que por mais que um feiticeiro tentasse nada podia ser feito enquanto seu controle não fosse absoluto sobre o Poder e enquanto isso não acontecia sua mãe nada poderia fazer.

Sem o controle absoluto um feiticeiro é incompleto, pois não pode fazer nada que exija energia demais. Não pode controlar os elementos, aumentar as habilidades físicas e entre outros. Um feiticeiro incompleto só consegue se comunicar com a mente e mover objetos de lugar dependendo da distancia, quilômetros, por exemplo, nem pensar.

Ilayla não tinha o controle absoluto então o que quer que tenha descoberto não deve ser permitido pelo conselho dos clãs e não é muito inteligente ir contra o conselho. Luke queria evitar que sua mãe fizesse algo que pudesse se arrepender mais tarde. Por mais que se esforçasse não conseguia entender ou compreender o que sua mãe havia descoberto, até que chegara a conclusão que pra descobrir esse enigma teria que segui-la mais estava relutante em seguir esse caminho, afinal é sua mãe, o que ele poderia fazer se o que descobrisse não fosse lá muito bom, ele temia que esse fosse o caso, por que se fosse, as coisas poderiam ficar difíceis.

Ilayla fez todos os preparos possíveis, agora era a hora de começar ela se encaminhou para o centro da clareira onde tinha um livro o qual começou a lê-lo e decorar a palavras para o feitiço, quando sentiu que estava pronta abriu o braço como se fosse abraçar alguém e tombou a cabeça pra trás durante uns instantes nada aconteceu até que o ar começou a rodopiar em volta dela com velocidade crescente a cada volta.

Luke via tudo pasmado e alarmado, pois não compreendia nada da quilo que seu mãe estava fazendo até que uma sombra sem forma surgiu em frente a sua mãe e percebeu o que ela estava fazendo, como ele não sabia mais sua mãe havia descoberto uma maneira de invocar um espectro algo que nunca nenhum feiticeiro havia descoberto antes. O medo foi demais e Luke começou a tremer, sua visão vacilou por um instante e temeu que fosse desmaiar. –Controle-se Luke, respire, se acalme. Disse pra si mesmo. Tendo se acalmado parcialmente, pensou como poderia impedir que sua mãe invocasse o espectro e o transferisse pra si mesma. Tudo ficou claro, era assim que ela pretendia aumentar seu poder. Lagrimas transbordaram pela sua face assim que compreendeu isso, sua mãe estava bem ali na sua frente a poucos metros de distância dizendo adeus a vida e nem ao menos tinha se designando a lhe dizer algo, estava o abandonado. Luke obrigou a si mesmo a afastar todos os pensamentos e se concentrar em fazer algo, se preparou para lançar um feitiço e imobilizar sua mãe, lançou o feitiço, mais deu errado - Ilayla sentiu ser atingida por algum feitiço mas seja lá qual era- abriu os olhos e olhou a procura de quem poderia ter lhe atacado, avistou um rapaz a poucos metros de distancia.

Luke vê assombrado que a sombra negra esta ganhando forma e que ao redor de sua mãe tem uma barreira protetora. Quando ela lhe olha ele percebe que seus olhos estão totalmente negros, todo o globo ocular, ele se deu conta que o espectro já estava tomando conta dela, foi aí que lançou mão de toda a segurança própria e lança um feitiço qualquer só querendo acabar com aquilo.

O feitiço jogou Ilayla alguns metros de distancia a fazendo bater em uma arvorem, ela contra atacou o rapaz jogando um feitiço de imobilização nele, assim que o atingiu atravessou a clareira e foi até onde ele se encontrava.

Com muita raiva disse:

– quem é você e por que me atacou rapaz?

Luke com muito esforço, pois o feitiço o estava sufocando, disse:

– Mãe sou eu, o Luke – Ilayla nada disse, a sombra pairava sobre ela como uma segunda pele e sua voz sai mais grave, Luke viu que mais alguns segundos e sua mãe viraria um espectro e nada poderia fazer. Ela ficou parada sem responder, olhando-o como se não o visse, ele já não respirava, sabia que iria morre mais antes queria salvar sua mãe e lançou um ultimo feitiço contra ela, novamente ela foi atirada contra a arvore, dessa fez sua visão escureceu, depois disso, aconteceu tão rápido que Ilayla não saberia explicar como aconteceu.

Luke lançou o feitiço e assistiu sua mãe ser jogada contra uma arvore e de repente sem nenhum motivo aparente ele abriu os braços tombou a cabeça pra trás e gritou de dor para os céus. A sombra negra que pairava em sua mãe veio até ele e entrou pela sua boca como gás frio, tudo escureceu e Luke nada via nada ouvia só a dor era presente para ele, se perdeu em seu consciente, tudo foi apagado de seu ser.

Ilayla ainda meio tonta tentou ficar de pé, tudo a sua volta rodopiou mesmo assim conseguiu ficar de pé se apoiando na arvore que tinha batido, escutou um grito terrível de dor, olhou em direção ao som e viu um homem musculoso, alto, cabelos compridos esvoaçantes que parecia brilhar e o mas estranho era que se parecia com seu filho, só que não podia ser seu filho ele só tinha 15 anos o homem em sua frente deveria ter entre 25 a 30 anos, o homem olhou diretamente pra ela seus olhos se encontraram, Ilayla viu que estava olhando para seu filho só que mais velho, gritou de frustração quando compreendeu o que tinha acontecido.

Uma mulher que estava na sua frente gritou, a mulher veio lentamente em sua direção como se estivesse doente mas ela tinha um brilho feroz no olhar, sabia que era improvável que ela lhe ferisse mesmo assim se enfureceu pela ousadia dela e lançou um feitiço que fez com que ela fosse trazida imobilizada até ele.

–Quem é você? Perguntou ele em tom de desdém.

–Eu sou Ilayla Luke, sua mãe.

–Meu nome não é Luke, meu nome é Therior o grande. Agora morra em sacrifício a mim. E com isso Therior sugou toda energia de Ilayla para si, matando-a na hora, seu corpo caiu no chão já sem vida.

E assim nasceu o primeiro espectro da historia com ajuda de uma feiticeira incompleta e seu filho desesperado para salvá-la da morte. Juntos indiretamente criaram um ser poderoso com um único proposito levar dor e sofrimento por está aprisionado em um plano diferente do seu.

Fim

ice luna
Enviado por ice luna em 18/04/2013
Reeditado em 19/04/2013
Código do texto: T4247350
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