A MENINA

A MENINA

Era tarde, quase noite, tudo parecia comprido devido as suas sombras alongadas, cujo sol se punha ainda quente, pré anunciando uma noite linda com os primeiros raios de luz da lua se fundindo com os do sol ainda resistindo a noite.

Uma correria, um vai e vem de gente à caminho de suas casas, buscando o aconchego do lar , depois de um dia quente, movimentado, que mais parecia um manicômio todo agitado em polvorosa inquietação.

Uma menina, talvez em seus dez a doze anos, vestidinho de chita, de pés no chão caminhava tranqüila enquanto todos a sua volta corriam, se acotovelavam, ela permanecia numa paz admirável, que me chamou a atenção.

Passei a observá-la, chegando mais perto que pude, sem, contudo distraí-la com minha presença, fui seguindo seus passos.

Ela caminhava lentamente, como se todo tempo do mundo lhe pertencesse, nada pudesse atrapalhar o seu caminhar. Continuava lentamente, até que ela saiu do meio do povo e se enveredou por uma rua estreita e já escura, sem iluminação. Continuei segundo seus passos, meio de longe, não queria que ela percebesse a minha presença.

A noite já se fazia escura, me aproximei um pouco mais para não perde-la de vista, logo a frente ela deixa a rua e entra em um beco, sem calçada, sem luz e a vi entrando em um casebre construído um pouco de alvenaria, outro de madeira, telhado de lata e pedaços de telha de amianto.

Fiquei ali parado e me perguntando, por que vim até aqui? Por que segui esta menina? A inquietação batia na minha cabeça e reverberava no meu coração. Por quê?

Parecia que algo me atraia para junto do casebre, até que ouvi voz vinda de dentro.

--- Maizinha, hoje trouxe quase nada, parece que algo está para acontecer, as pessoas não paravam, não ouviam o meu pedido, estavam correndo para cima e para baixo, mas, eu volto amanha bem cedo quem sabe vou conseguir o remédio que a senhora tanto precisa.

Não agüentando mais, meus olhos se encheram de lagrimas, meu coração parecia que ia explodir.

Bati na porta, aquela menina, ainda com o vestidinho de chita e pés no chão veio atender a porta e disse:

---- O senhor quer alguma coisa? A mãe com vós fraca, pergunta quem esta ai?

Pedi licença para entrar, o piso era de chão batido, um fogão que parecia que não foi usado já fazia tempo, a cama, toda em desalinho, cumprimentei a ambas e contei a história e no desejo de conhecer aquela mulher e a menina que mais me parecia um anjo, que me conduziu até aquele lugar, para que eu fosse útil naquele momento..

Conversamos, e ao me despedir, pedi que a menina passasse em minha casa na manhã seguinte, pois queria ajudá-la.

Despedi-me, com o coração rejubilando por acompanhar aquela menina, conhece-la e também sua mãe e das suas vidas agora participar.

Jarbas-15—04-06

MARQS
Enviado por MARQS em 24/03/2007
Código do texto: T424714